Minas Gerais tem muitas falhas geol�gicas e atividades humanas que tornam o estado sujeito a abalos s�smicos, mas n�o sofre a a��o direta de placas tect�nicas, o que afasta o risco de terremotos e de grandes preju�zos humanos ou � infraestrutura. A afirma��o � do professor Humberto Reis, do Programa de P�s-gradua��o em Evolu��o Crustal e Recursos Naturais da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ao comentar fen�menos como os que v�m preocupando a popula��o de Sete Lagoas, na Regi�o Central de Minas. O especialista, que tamb�m � pesquisador s�nior em geologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), refor�a que os tremores registrados na cidade tem em sua origem os efeitos da interven��o urbana.
“Assim como outras partes do pa�s, a crosta terrestre no estado est� sujeita a press�es tect�nicas (geol�gicas) que, eventualmente, podem causar a acomoda��o de falhas geol�gicas e desencadear tremores como os que foram registrados em diversas regi�es no estado. Como estamos distantes dos limites de placas tect�nicas, estes eventos tendem a ser de baixa magnitude. Sabe-se, entretanto, que determinados tipos de interven��o humana como a constru��o de grandes barragens podem causar os chamados tremores induzidos, uma vez que alteram as condi��es de equil�brio da crosta na localidade em que s�o feitas. Para que causem sismos induzidos, entretanto, tais interven��es tem que ser de grande porte”, diz.
Segundo ele, o fen�meno em Sete Lagoas n�o est� relacionado � extra��o excessiva de �gua do subsolo. “A regi�o tem o que � chamado de 'aqu�fero c�rstico', ou seja, a �gua ocupa pequenas cavidades no terreno. Com a retirada dessa �gua para abastecer a cidade, o terreno sofre acomoda��es na aus�ncia do l�quido, que est� diminuindo. N�o � poss�vel afirmar que os fen�menos recentes est�o relacionados � extra��o excessiva de �gua, pois n�o foram feitos estudos espec�ficos dessa natureza pra chegar a tal conclus�o. Entretanto, h� uma discuss�o aberta se a extra��o excessiva de �gua na regi�o pode ter alguma rela��o com os eventos”, afirma.
O professor afirma que seria necess�rio haver um estudo espec�fico sobre a sustentabilidade e a necessidade de reequil�brio para o uso dessa �gua, “o que n�o foi feito”.
Quanto �s falhas geol�gicas de Minas Gerais, tamb�m associadas a abalos, o especialista explica que s�o antigas, de mais de 500 milh�es de anos, e que a maioria delas n�o est� ativa. “Mas � bom lembrar que falhas antigas podem ser reativadas, e n�o se pode precisar isso, pois a natureza age por conta pr�pria. � imposs�vel de se prever”, pondera. Ainda assim, os eventos do tipo em Minas Gerais s�o considerados de baixo risco.
N�o se pode afirmar que os tremores registrados em Sete Lagoa tem sua origem nos efeitos da interven��o humana, segundo ele. “Pelo contr�rio, tremores naturais de baixa magnitude em Minas Gerais s�o comuns e concluir que um evento como o de Sete Lagoas foi causado pela interven��o humana exigiria estudos espec�ficos, o que n�o temos at� o momento”.
O Brasil, explica, n�o est� em �rea considerada suscet�vel a terremotos. “N�o estamos no limite das placas tect�nicas, que existem na regi�o do Oceano Pac�fico, da Cadeia Andina, Himalaia, Jap�o. O Brasil � considerado um para�so, nesse sentido, por n�o ter experimentado grandes sismos e tamb�m n�o existe essa perspectiva. Mas isso n�o quer dizer que isso n�o possa acontecer.”
Mas h� outras atividades humanas, como a extra��o mineral que ocorre no Quadril�tero Ferr�fero, na por��o centro-sul de Minas Gerais, abrangendo a Grande BH, e a constru��o de grandes barragens, al�m da explora��o de �gua, que tamb�m podem estar associadas a ocorr�ncias desse tipo. “Com certeza, quando se mexe na terra, esta reage.
Nos casos dos abalos registrados em Sete Lagoas, segundo ele, o primeiro, em 20 de maio, registrou 2,6 graus na escala Richter. O segundo, no dia 30 do mesmo m�s, marcou 2,5. S�o limites considerados baixos, longe de ser considerado uma possibilidade de terremoto, que envolveria tremor acima de 6 graus.