
Qual o futuro do P� Rachado? Desde 1977 espalhando a "alegria de dan�ar quadrilha" e plantando "sementes de tradi��o" por todo o Brasil, agora sem o presidente e l�der Douglas Tuca, de 50 anos, que morreu v�tima de mais um acidente terr�vel no Anel Rodovi�rio de Belo Horizonte, precisa definir qual ser� seu caminho.
"Tuca � a nossa pe�a principal. Todas as decis�es, tudo que a gente fazia, passava pelo aval dele. Ele era nossa cabe�a. Era ele quem fechava toda nossa agenda. Ainda n�o tivemos uma reuni�o sobre isso. O que conversamos por alto � que vamos dar um tempo para as pernas voltarem a ter for�a e, assim que sentirmos essa fibra de novo, vamos voltar e fazer por ele. Queremos subir no tablado do Arraial de Belo Horizonte. Inclusive, pretendemos fazer uma homenagem para ele", a declara��o � de Denilson Lopes Castilho, de 22 anos, que � sobrinho de Tuca e o "noivo" da quadrilha.
O grupo certamente vai carregar o sonho de Tuca e de seus pais, os fundadores Luiz e Flora. A decis�o n�o � f�cil. Mas f�s, admiradores, amigos v�o querer dan�ar junto � quadrilha que tanto amam e, de alguma forma, se conectarem em uma homenagem ao ex- presidente. O P� Rachado, que tinha tr�s apresenta��es para fazer neste s�bado (11/06), duas no domingo (12/06), est� com a agenda fechada at� agosto.
Tuca foi uma das v�timas do acidente ocorrido na sexta-feira (10/6) no Anel Rodovi�rio de Belo Horizonte. A trag�dia envolveu cinco carros, um caminh�o de cerveja, uma carreta e um reboque que vitimaram outra pessoa.
Denilson conta que na quinta-feira (09/06), antes do acidente, o grupo teve uma reuni�o geral, em que Tuca parecia estar se despedindo. "Parece que ele estava sentindo que isso ia acontecer. Ele estava muito satisfeito com a quadrilha, o que � um milagre, porque ele quase nunca elogiava. Ele sempre puxava a orelha para que a gente conseguisse dar o melhor. E quinta-feira ele estava muito satisfeito, pedindo que a gente seguisse unidos. Foi uma das reuni�es mais produtivas que tivemos. Foi uma despedida dele. Eu at� arrepio s� de falar, mas isso foi muito incr�vel".
Quadrilha no sangue da fam�lia
A quadrilha est� no sangue da fam�lia. Tuca seguiu os passos dos pais, Luiz e Flora. Ela se encantou pelo forr� de tanto ver o pai tocar sanfona em festas do munic�pio de Jequitinhonha, nas quadrilhas juninas e nos arraiais. Luiz, soteropolitano, n�o era t�o f� assim, mas a mulher o fez se apaixonar. Assim, o carnaval foi trocado pela quadrilha.
O sobrinho de Tuca revela que estavam ensaiando quando receberam a not�cia: "Foi desesperador para todo mundo. Ele sempre acompanhou de perto o resultado de tudo que a gente ensaiava. Tuca era como um pai para todos n�s. Ele chegava e falava: 'voc� precisa melhorar nisso', 'vamos mudar essa m�sica', ele sempre foi assim. Eu at� brincava com os meninos que quando ele chegava no ensaio, todo mundo dan�ava mais animado, mostrava efici�ncia. Quando ele n�o estava, ficava todo mundo de corpo mole. Ele era nossa motiva��o. Quando ele estava no ensaio, n�s d�vamos o sangue para ele elogiar a gente."
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O P� Rachado � uma tradi��o do Bairro Santa M�nica. H� d�cadas, formou jovens e adolescentes, ali�s, fam�lias inteiras, m�es dan�arinas que deram lugares para as filhas.
Sem falar que as atividades do P� Rachado tamb�m tem importante papel social para a comunidade. Um espa�o de forma��o, lazer e entretenimento para os moradores da regi�o.
Denilson Lopes Castilho destaca que toda a fam�lia vive em prol da quadrilha. "Fa�o parte da quadrilha desde que nasci, todo mundo l� em casa cresceu vendo a saia das meninas rodar. Vendo minha av� fazendo roupa de quadrilha. Nossa fam�lia vive a cultura junina mesmo. O que me tocou muito foi que, como ele trabalha com eventos, durante a pandemia ele ficou praticamente desempregado. Mesmo assim, conseguiu terminar de pagar a faculdade da minha prima. Ontem, ela conseguiu assinar um contrato para ter a pr�pria cl�nica, mas n�o pode comemorar com ele. Isso nos tocou bastante".
Tuca, que tamb�m era t�cnico de som, estava indo montar a estrutura para um evento, servi�o que restava para diversas prefeituras de Minas Gerais, quando perdeu a vida. Dois ajudantes o acompanhavam e est�o bem. O vel�rio do presidente do P� Rachado ocorreu neste s�bado (11/06), no Cemit�rio Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra.