
Desde que foi anunciado o corte de verbas do Minist�rio da Educa��o (MEC), no fim de maio, a rotina do reitor � viajar para a capital federal na inten��o de articular junto ao Congresso Nacional e o Governo uma altera��o desse quadro.
“O cen�rio pol�tico nacional � muito complexo. Fizemos um ato nessa quarta-feira (22/6) pelo desbloqueio. �ramos quase 40 reitores presentes. Muitos parlamentares participaram e mostraram sensibilidade para reverter este cen�rio. Mas temos que considerar que n�o � uma luta f�cil”, explicou Marcus David, reitor da UFJF desde 2016.
No dia 30 de maio, o governo federal anunciou o corte de R$ 3,2 bilh�es no or�amento do MEC. Diante da repercuss�o negativa, o bloqueio foi reduzido pela metade: passou para R$ 1,6 bi. Significou um impacto de R$ 14 milh�es aos cofres da UFJF.
“Gera impacto em todas as �reas. O corte foi feito em todas as a��es or�ament�rias, como manuten��o, projetos acad�micos e assist�ncia estudantil. Nossa preocupa��o � efetivamente o funcionamento no segundo semestre”, afirmou o reitor, destacando que a UFJF paga bolsas e aux�lios para mais de 7 mil estudantes.
A conta n�o fecha
Segundo ele, o or�amento da UFJF s� vai at� outubro. “Nosso d�ficit � na ordem de R$ 22 milh�es. Isso representa dois meses e meio de funcionamento. Ent�o, a UFJF funcionaria at� outubro. Para levar esse funcionamento at� o fim do ano, precisar�amos de uma suplementa��o para n�o ter preju�zo”, revelou.
De acordo com a UFJF, o or�amento da institui��o teve queda de 44% nos �ltimos seis anos. Em 2016, a universidade operou com R$ 190 milh�es em caixa. Para 2022, a previs�o inicial era de R$ 107 mi. Com os cortes, caiu para cerca de R$ 92 mi.
“Estamos fazendo uma luta para n�o parar, mas teremos a consequ�ncia de termos grandes preju�zos e amea�a de n�o cumprir os contratos”, disse o reitor.
Uma consequ�ncia direta do corte � a demiss�o de trabalhadores. Segundo Marcus David, do fim de 2021 para c�, cerca de 200 funcion�rios da UFJF foram demitidos: “estamos lutando muito para tentar reverter isso e chegar a um cen�rio menos grave”.
A reportagem tentou contato com o Minist�rio da Educa��o para saber se h� possibilidade de reverter o corte de gastos, por�m, at� agora, n�o obteve resposta.
Situa��o em GV � mais grave
A UFJF tem dois "campus": o de Juiz de Fora e o de Governador Valadares. Em GV, a situa��o � mais complicada, segundo Marcus David, devido � falta de uma estrutura f�sica da pr�pria Universidade. A opera��o do campus UFJF-GV � feita por meio de alugu�is de im�veis espalhados pela cidade.
“Em Governador Valadares, al�m de cobrir todas as despesas operacionais, precisamos cobrir a despesa de aluguel. Todos os setores funcionam em im�veis alugados. O d�ficit � muito grave”, desabafou o reitor.

Uma fatia do or�amento da UFJF vai para o campus de Governador Valadares. No entanto, com os sucessivos cortes, a administra��o precisa destinar recursos do campus de Juiz de Fora para evitar ainda mais preju�zo.
“O d�ficit acaba sendo coberto com o or�amento de Juiz de Fora. Isso agrava a situa��o. Fazemos isso para ter condi��o de manter os alugu�is, sem contar a despesa com restaurante universit�rio e terceirizados, por exemplo”, explicou David.
O reitor disse que tem uma reuni�o com o Conselho Superior (Consu) na pr�xima semana para definir quais atitudes a UFJF vai tomar para lidar com o corte de gastos, caso n�o haja sinal de que a situa��o se altere. “Ser� uma reuni�o muito dura”, prev� David.
Universidades com problemas em todo do pa�s
A UFJF n�o � a �nica que sofre com a falta de recursos. Todas as universidades p�blicas do Brasil tiveram corte no or�amento.
Como presidente da Andifes, Marcus David ressaltou que a grande maioria das institui��es n�o tem como funcionar at� o fim deste ano.
“Tenho relatos de funcionamento at� agosto, setembro, outubro e novembro”, finalizou Marcus David.