
Como se n�o bastasse a enorme dificuldade de n�o ter um lar, um emprego fixo ou mesmo comida na mesa todos os dias, as noites de inverno se tornam um sofrimento a mais para Fred de Souza, de 42 anos. Esse simp�tico morador em situa��o de rua, que sobrevive, em Belo Horizonte, gra�as � venda de objetos reciclados, � mais um dos milhares no Brasil a n�o ter um agasalho para se proteger do frio.
Quem passa pelo Complexo da Lagoinha, na sa�da para o t�nel da Cristiano Machado, se depara com mais um cen�rio triste. Um peda�o de madeira escrito � m�o com a cor azul pede urgentemente amparo dos demais belo-horizontinos. “Precisamos de blusa de frio”, diz o letreiro, que fica logo abaixo de um escudo do Atl�tico. A ideia de Fred surgiu com a inten��o de chamar a aten��o e pedir compaix�o do restante da popula��o da capital.
Ele nasceu em Ipatinga, no Vale do A�o, mas chegou h� algum tempo para viver nas ruas de BH. “A gente est� na situa��o de rua e nesse per�odo de frio estamos precisando muito de cal�ados, meias, blusas e cal�as. Quem puder nos ajudar com alguma alimenta��o. A �nica coisa que eu comi at� agora foi um biscoito de sal e um peda�o de p�o”, conta.
Fred � uma das mais de 8 mil pessoas que vivem nas ruas de BH, segundo dados recentes divulgados pelo Minist�rio da Cidadania. Em Minas Gerais, quase 20 mil n�o t�m onde morar.
Al�m da falta de teto, ganhar uns trocados tornou-se tamb�m um mart�rio. “Hoje n�o temos como vender nada, porque os ferros velhos est�o fechados. Passamos muitas dificuldades no domingo”, pede Fred.
“Catamos papel�o, garrafa pet, pl�stico, latas, eletrodom�sticos velhos, livros, jornais, caderno. Quem quiser passar e deixar com a gente, pode deixar”.
Ra��o para cachorro
O seu companheiro di�rio � um cachorrinho vira-lata preto, com quem divide os tormentos nas noites frias. Tanto � que tamb�m suplica por ra��o para seu amiguinho de quatro patas. “Quem puder nos ajudar, a gente vai ficar muito agradecido.”
Apesar da car�ncia de blusas de frio, Fred n�o se mostra ego�sta e dividiu as roupas que ganhou com outras pessoas que est�o na mesma situa��o. “Alguns deixaram algumas blusas, mas distribu�mos para alguns amigos", diz.