
Na �ltima licita��o, a Tusmil se juntou com a Gil e formaram o Cons�rcio Manchester. Mas, desde que foram proclamadas vencedoras do preg�o, o cons�rcio passou a enfrentar problemas. Primeiro, a Gil entrou em grave crise financeira. Para evitar maiores transtornos, a Tusmil assumiu o compromisso com os funcion�rios, com as d�vidas e com as linhas que a empresa atendia.
S� que desde o in�cio da pandemia, quem est� “mal das pernas”, ou melhor, “mal das rodas”, � a Tusmil. Em 2022, a situa��o piorou. Quase que diariamente h� den�ncias, principalmente nas redes sociais, de �nibus da empresa quebrados e acidentes. Um deles, na garagem da empresa, vitimou Francisco Ven�ncio Pereira Filho, de 62 anos.
Na madrugada de 4 de junho, o motorista terminava o expediente quando foi atropelado por um �nibus que desceu um morro. Ele morreu na hora.
Na madrugada de 4 de junho, o motorista terminava o expediente quando foi atropelado por um �nibus que desceu um morro. Ele morreu na hora.
A morte de Francisco Ven�ncio est� sendo investigada pela Pol�cia Civil, que pediu o adiamento da conclus�o do inqu�rito em virtude da “complexidade” do caso. Em per�cia contratada pela Tusmil n�o foi apontada falha mec�nica do �nibus.
O falecimento do trabalhador levou a Prefeitura de Juiz de Fora a decretar a caducidade do contrato com o Cons�rcio Manchester. Ou seja, uma rescis�o do v�nculo. Na assinatura do decreto, a prefeita Margarida Salom�o (PT) disse que a Prefeitura recebia uma m�dia de sete notifica��es di�rias contra a Tusmil.
At� meados de setembro, o cons�rcio � obrigado a continuar operando o transporte p�blico. Enquanto isso, a prefeitura define o pr�ximo passo: se vai abrir uma nova licita��o, far� uma contrata��o emergencial, ir� assumir o controle das linhas geridas pela Tusmil, ou convocar a segunda colocada da licita��o de 2016.
Venda de cons�rcio j� tem comprador
A melhor sa�da, segundo o diretor da Tusmil, J�lio Noel, � vender o Cons�rcio. Ele garante que h� comprador. Em entrevista ao Estado de Minas n�o revelou o nome da empresa.
“H� uns tr�s meses n�s iniciamos uma negocia��o, e os representantes deste grupo vieram a Juiz de Fora especialmente para ter essa conversa com a Prefeita e ajustar tudo para assumir a empresa. Conseguimos agendar previamente um encontro com ela, mas em cima da hora foi desmarcado, deixando a cargo do secret�rio de Mobilidade Urbana atend�-los”, disse Noel.
O grande receio desses empres�rios � comprar uma empresa que est� rompida com a Prefeitura. Ou seja, se o decreto de caducidade continuar valendo, n�o haver� interesse por parte das empresas de adquirir a Tusmil.
“Neste caso, far�amos uma reorganiza��o societ�ria, incluindo um investidor na Tusmil, que assumiria os ativos e os passivos da empresa”, declarou Noel.
Com a tarifa congelada em R$ 3,75 desde 2019, a prefeitura tem repassado subs�dios para as empresas do transporte p�blico. Para 2022, a PJF reservou mais de R$ 22 milh�es do or�amento para este fim. No ano passado, no segundo semestre, foram quase R$ 12 milh�es. No entanto, para o diretor da Tusmil, o valor � insuficiente.
“Ao congelar a tarifa desde 2019, pagando por apenas seis meses em 2021 um subs�dio muito inferior ao necess�rio, a Prefeitura de Juiz de Fora cometeu sim diversas faltas contratuais e administrativas que colocam em risco a viabilidade do contrato de concess�o”, comentou Noel.
Em planilha enviada � reportagem, a Tusmil informa que nos cinco primeiros meses de 2022, os dois cons�rcios que operam o transporte p�blico em Juiz de Fora, receberam apenas R$ 2,7 milh�es de subs�dios da Prefeitura. E que, com isso, o sistema acumula um d�ficit de R$ 24.919.031,30. A Tusmil n�o informou o preju�zo espec�fico do Cons�rcio Manchester.

Noel tamb�m justifica os problemas da Tusmil com outro argumento: que a Prefeitura de Juiz de Fora n�o fez um equil�brio das linhas com o Cons�rcio Via JF, outra empresa que presta o servi�o de transporte p�blico na cidade. Ou seja, na fala do diretor, a Tusmil fica com as linhas mais deficit�rias, como as 11 que atendem a zona rural. S� que, em contrapartida, o Cons�rcio Manchester opera todas as linhas que v�o para a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
“O fato de a Prefeitura se recusar a implementar a correta troca de linhas com o Cons�rcio Via JF para manter o equil�brio entre ambos os cons�rcios, conforme, inclusive, foi objeto de mais de uma decis�o judicial em favor da Tusmil”, reclamou J�lio.
'Tusmil n�o est� quebrada'
Mesmo diante destes n�meros, o diretor garante: a Tusmil n�o est� quebrada.
“N�o se pode falar isto. A empresa sempre foi saud�vel. Com a pandemia � que passou a acumular preju�zos, mas ainda assim manteve liquidez. O agravamento do problema se deu justamente em raz�o da precipitada abertura de processo de caducidade, que abalou o cr�dito da Tusmil, por motivos �bvios”, afirmou Noel.
A reportagem do Estado de Minas procurou a Prefeitura de Juiz de Fora e exp�s todos os coment�rios de J�lio Noel. No entanto, em nota, a PJF optou por n�o se manifestar.

Rescis�o aumenta notifica��es
O decreto de caducidade fez o n�mero de notifica��es di�rias de problemas nos ve�culos da Tusmil saltar de sete para mais de dez, segundo a Prefeitura. Na explica��o do diretor J�lio Noel, esse crescimento est� diretamente ligado � rescis�o decretada pela PJF.
“O decreto de caducidade do contrato com a Tusmil vem dificultando a negocia��o para obter, junto a fornecedores, insumos e materiais necess�rios para manter a opera��o das linhas”, destacou Noel.
Outro ponto levantado pela Prefeitura no decreto de rescis�o � que h� coletivos da Tusmil com mais de 10 anos de carroceria rodando pela cidade, o que � proibido pelo edital. Para J�lio Noel este � outro ponto que deveria ser modificado, para dar um respiro a mais no caixa da empresa, que emprega cerca de 1.000 funcion�rios.
“Uma dessas medidas seria a extens�o da vida �til m�xima dos ve�culos prevista em contrato, pelo menos de 10 para 12 anos, tal como ocorreu em diversos munic�pios brasileiros, sendo Belo Horizonte o maior exemplo. N�o faz o menor sentido as empresas serem obrigadas a renovarem suas frotas no meio de uma pandemia, com demanda baixa e diversos ve�culos fora de circula��o”, disse.
“Portanto, a retirada dos ve�culos ociosos e a extens�o da vida �til dos �nibus seriam medidas saneadoras que a Prefeitura de Juiz de Fora deveria ter tomado”, explica Noel.