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Estado de Minas PARQUES DE BH

Parque do Confisco retrata conquista social de uma comunidade

Na Regi�o da Pampulha, parque tem sua hist�ria ligada � forma��o da comunidade e at� hoje � abra�ado e ocupado pela popula��o


31/07/2022 04:00 - atualizado 01/08/2022 09:59

Pessoas no Parque do Confisco; foto mostra pintura e jardins bem cuidados
Localizado em uma �rea de vulnerabilidade social, o Parque do Confisco tem o cuidado permanente dos moradores do bairro, que se orgulham da rede criada em torno da �rea de lazer (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
A hist�ria de um parque que se confunde com a forma��o da pr�pria comunidade, o Confisco, na regi�o da Pampulha, est� em �rea de vulnerabilidade social e � um dos mais protegidos pela pr�pria comunidade. O espa�o de lazer faz parte de uma rede p�blica de atendimento conquistada pelos moradores que partiu de uma luta por moradia e englobou escola, posto de sa�de e Centro de Refer�ncia da Assist�ncia Social (Cras).

O Parque do Confisco est� em bom estado de conserva��o e cuidados. Mesmo de segunda a sexta-feira, quando muitos est�o trabalhando ou estudando, a vida pulsa no espa�o, com a frequ�ncia em grande parte de fam�lias, crian�as e idosos. Jardins aparados, grama cortada, equipamentos de gin�stica ao ar livre, brinquedos, quadras de peteca, multiesportivas e campo de futebol em excelentes condi��es. Corrim�os, escadas e pistas de acesso, al�m de uma arquibancada, todos pintados e bem cuidados. Nos fins de semana, o espa�o fica lotado com feiras que oferecem os mais variados produtos, brincadeiras e torneios esportivos.

Quem n�o deixa de passear por l� � o professor de educa��o f�sica Avner Raynner Gomes de Paula, 30 anos. Diariamente, ele leva seu c�o yorkshire Tunico e o sobrinho Davi Lucas Rodrigues de Paula, de 8 anos, para brincar no parque. Ele conta que quando nasceu havia apenas um buraco e lembra quando come�aram as obras do espa�o. "Tinha uns 10 anos. Hoje adoro fazer caminhada por aqui", diz.

"O parque � nossa joia, todos se divertem sem atrapalhar ningu�m. Muitos que est�o sem trabalho v�m vender as coisas aqui no final de semana. Acho que pode melhorar, poderia ter uma piscina, eu gosto muito de nadar. O Cras ali em frente nos ajuda muito, promove muitas atividades", reconhece Denise de Oliveira Barros, 76 anos, uma das primeiras moradoras a chegar na antiga ocupa��o.

Hist�ria de conquista 

� com orgulho que as pessoas contam a hist�ria sobre a constitui��o do bairro em mutir�o e dos equipamentos p�blicos, resultado da amizade entre os moradores e sistema de coopera��o. A �rea foi doada pelo governo do estado para moradia de desabrigados de vilas e favelas de Contagem e Belo Horizonte, e fica no limite entre os dois munic�pios. Houve muitos conflitos tanto entre os ocupantes quanto entre poder p�blico das duas cidades. Alguns receberam materiais de constru��o, mas a maioria n�o, obrigando muitos a morar em barracas de lona, at� a regulamenta��o, ou ter condi��es de pagar pelos insumos. �gua, luz, rede de esgoto, transportes e pavimenta��o eram sonhos distantes.

No meio do terreno existia um enorme buraco, onde havia nascentes e todos depositavam lixo, j� que n�o havia coleta. Foi nessa �rea de 28 mil metros quadrados que foi criado o Parque do Confisco, implantado em 1999 com recursos do Or�amento Participativo (OP).

De acordo com dados da prefeitura, a �rea de lazer apresenta como caracter�stica marcante tr�s nascentes que abastecem a Lagoa da Pampulha. A cobertura vegetal arb�rea � esparsa e composta por mangueiras antigas, eucaliptos, jaqueiras e ing�s.
A �rea n�o vegetada � coberta por grama. Tamb�m foram plantadas �rvores nativas, como ip�, aroeira, capororoca, quaresmeira e sapucaia, com o objetivo de recuperar a �rea pr�xima � nascente. Sua fauna � composta por aves e insetos, ocorrendo raramente presen�a de alguns mam�feros de pequeno porte.

"Ocupamos um terreno em uma barraca de pl�stico. Foi uma luta da comunidade, 'uma briga' mas acabamos ganhando, queriam tirar nossas barracas. Viv�amos de aluguel, trabalhava como gari e o dinheiro n�o dava", conta Denise, que tem cinco filhos, quatro netos e cinco bisnetos que frequentam o local quando a visitam.

L�der comunit�ria do grupo "Acorda Confisco Criativo", Maria das Gra�as Silva Ferreira, 58 anos,  conta que no in�cio vieram fam�lias de v�rias comunidades. "Conseguimos os terrenos, todos construindo junto, uma �poca muito boa na nossa vida, tem uns 30 anos. Vi a constru��o da escola, do centro de sa�de, do Cras, o parque, tudo em sistema de mutir�o e ajuda da comunidade. Eram pessoas que moravam em �reas de risco, n�o tinham como pagar aluguel, gente de BH e Contagem. O parque � maravilhoso, foi uma conquista no Or�amento Participativo, era um buraco com lixo, onde tinha nascente. A comunidade usufrui muito do espa�o � o �nico, com essa caracter�stica, no bairro. Tem usado bastante, estamos tamb�m trazendo feiras nos fim de semana. Digo que hoje moro em �rea nobre da Pampulha."

A hist�ria da cria��o dessa rede intersetorial � contada no cap�tulo “Rede Confisco pela Paz: tecendo uma experi�ncia criativa no territ�rio”, que faz parte do livro digital “Criatividade – mudar a educa��o, transformar o mundo “, organizado pelo programa Escolas Transformadoras, correalizado no Brasil pela Ashoka e pelo Instituto Alana. "Aqui era um buraco, tinha uma bica onde eu lavava roupa. O terreno eu ganhei do governo do estado. O parque e o bairro foram constru�dos pela comunidade. A prefeitura dava material e a gente fazia mutir�o", conta Maria Efig�nia Rodrigues, 77 anos, dom�stica.

o professor de educação física Avner Raynner Gomes de Paula passeia no parque com seu cão Tunico e o sobrinho Davi Lucas Rodrigues
Diariamente, o professor de educa��o f�sica Avner Raynner Gomes de Paula passeia no parque com seu c�o Tunico e o sobrinho Davi Lucas Rodrigues (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )

Atividades constru�das em conjunto

O Parque do Confisco faz parte de uma rede territorial com a��es conjuntas, explica a assistente social do Cras do bairro, Fl�via Santos de Oliveira, 39 anos. Ela explica tratar-se de equipamento p�blico que integra o Sistema �nico de Assist�ncia Social (Suas BH ). “Atendemos o p�blico de assist�ncia social, aberto a todos, mas a maioria s�o fam�lias em situa��o de vulnerabilidade social. Hoje no territ�rio temos a Rede Confisco pela Paz, englobando, o Cras, o posto de sa�de, a Escola Municipal Anne Frank, o parque e centros culturais, todas as atividades territoriais s�o constru�das em conjunto", diz.

Vestida com a roupa t�pica, a pod�loga Maria do Socorro Rodrigues, 57 anos, atravessa o parque para chegar ao Cras, onde apresentaria a dan�a cigana com seu grupo "Flor de Liz". "O parque � muito importante, mas precisa de mais carinho. Sou prova viva da luta desse bairro. Fui uma das que corri atr�s para conseguir pavimenta��o. O parque era reivindica��o da comunidade. Apresentamos aqui (no parque) de vez em quando, mas em outros equipamentos p�blicos tamb�m, como o Cras", conta.



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