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Estado de Minas REABERTURA

Ap�s 14 anos fechado, Museu Mariano Proc�pio, em Juiz de Fora, � reaberto

Espa�o cultural re�ne 53 mil itens dos per�odos colonial, imperial e republicano do Brasil


07/09/2022 04:00 - atualizado 07/09/2022 15:14

O Museu Mariano Procópio reúne acervo dos períodos colonial, imperial e republicano
Museu Mariano Proc�pio re�ne acervo dos per�odos colonial, imperial e republicano (foto: Carlos Mendon�a/PJF)

 

Ap�s 14 anos fechado e com um acervo de aproximadamente 53 mil itens, o Museu Mariano Proc�pio, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, reabre de forma definitiva � visita��o neste feriado de 7 de setembro – data na qual � celebrado o bicenten�rio da Independ�ncia do Brasil. O local � reinaugurado com a exposi��o “Rememorar o Brasil: A Independ�ncia e a constru��o do Estado-Na��o”.

 

S�mbolo da mem�ria nacional, o Museu Mariano Proc�pio � considerado o primeiro museu de Minas Gerais – completou seu centen�rio em 2021. O local foi aberto em 1915 como museu particular do colecionador Alfredo Ferreira Lage (1865-1944), mas s� foi oficialmente inaugurado, com visita��o p�blica, em 23 de junho de 1921. Est� ali o segundo maior acervo do Brasil do per�odo imperial.

 

Capacete imperial da guarda de honra de Dom Pedro I
Capacete imperial da guarda de honra de Dom Pedro I (foto: Arquivo/PJF)

 

Em suas instala��es constam um dos acervos mais importantes do Brasil dos s�culos 18, 19 e 20, conforme explica a diretora-geral, Maria L�cia Horta Ludolf de Mello. “As obras compreendem os per�odos colonial, imperial e republicano, que nos remetem ao passado hist�rico, sendo tamb�m um meio de express�o e transmiss�o do conhecimento cient�fico e cultural”, revela.

 

S�o diversas pinturas, esculturas, gravuras e desenhos. In�meros livros raros, documentos, fotografias, mobili�rio, prataria, armaria e numism�tica tamb�m recheiam o acervo, complementado ainda por itens de cartofilia, indument�ria, porcelanas, cristais e pe�as de hist�ria natural.

 

A diretora menciona ainda a import�ncia das edifica��es: o pr�dio Mariano Proc�pio com a galeria de arte Maria Am�lia, a vila renascentista datada de 1861, o solar de veraneio da fam�lia Ferreira Lage, al�m de um amplo parque com lago, patrim�nio tombado com 78 mil metros quadrados de �rea verde e uma cole��o de esp�cies da flora e da fauna.

 

Fardões usados nas cerimônias da maioridade e do casamento de Dom Pedro II
Fard�es usados nas cerim�nias da maioridade e do casamento de Dom Pedro II (foto: Arquivo/PJF)

 

DANOS. O museu havia fechado as portas em 2008 para obras emergenciais em decorr�ncia da degrada��o das instala��es e do acervo. Somente a galeria Maria Am�lia e duas salas ficaram abertas entre 2016 e 2020. As interven��es para reabertura do museu custaram cerca de R$ 300 mil aos cofres municipais. “Estamos abrindo o primeiro andar e a galeria Maria Am�lia. Para isso, tivemos que fazer um reparo no lanternim (equipamento que melhora a ventila��o natural em ambientes fechados)”, diz a prefeita Margarida Salom�o (PT). Havia at� mesmo o risco de exposi��o excessiva da luz do sol sobre as obras, o que danifica o acervo.

 

O per�odo de 14 anos de portas fechadas � lamentado por Maraliz de Castro Vieira Christo, professora titular de hist�ria da arte na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “V�rias gera��es foram privadas do contato com o museu e seu rico acervo, assim como muitos projetos foram abortados”, diz. No entanto, a pesquisadora destaca a import�ncia da retomada. “� necess�rio valorizar os esfor�os empenhados para manter o museu vivo na mem�ria das pessoas. V�rias a��es foram desenvolvidas nesse sentido, embora enfrentando muitas dificuldades, principalmente impostas pela burocracia e pela falta de recursos. Na pandemia, por exemplo, os funcion�rios se recriaram para abrir o museu virtualmente, nas redes sociais, o que foi fundamental”, defende.

 

MOSTRA DE ABERTURA A exposi��o inaugural, intitulada "Rememorar o Brasil: A Independ�ncia e a constru��o do Estado-Na��o", tem como um dos curadores S�rgio Augusto Vicente. Ele � tamb�m historiador da Funda��o Museu Mariano Proc�pio. A mostra apresenta um recorte do per�odo que vai do fim do s�culo 18, com a Conjura��o Mineira, passando pelo in�cio do s�culo 19, com a chegada da corte e da fam�lia real portuguesa ao Brasil. Nesse momento, a Am�rica portuguesa passa a sediar a estrutura burocr�tica e administrativa do imp�rio portugu�s.

 

A tela 'Tiradentes esquartejado' foi pintada em 1893 por Pedro Américo de Figueiredo e Melo
A tela 'Tiradentes esquartejado' foi pintada em 1893 por Pedro Am�rico de Figueiredo e Melo (foto: Arquivo/PJF)

 

“Posteriormente, a exposi��o analisa o momento da Independ�ncia do Brasil, o Primeiro Reinado, o per�odo regencial, o Segundo Reinado e os fatores que levaram � sua crise e � Proclama��o da Rep�blica”, detalha o curador. A mostra segue contando a rela��o entre monarquistas e republicanos no contexto da Primeira Rep�blica no Brasil, com abordagens sobre conflitos e concilia��es entre esses dois grupos em rela��o �s representa��es do passado mon�rquico brasileiro. “Por fim, tamb�m � abordado o per�odo final dos anos 1910 e 1920, quando o Brasil se preparava para comemorar o primeiro centen�rio da Independ�ncia”, finaliza o historiador.

 

TIRADENTES. Uma das pe�as mais emblem�ticas que integra a exposi��o � a obra “Tiradentes esquartejado”, produzida em 1893 – um ano ap�s o centen�rio da execu��o do alferes – de autoria do artista brasileiro Pedro Am�rico de Figueiredo e Melo (1843-1905).

 

Dedicada aos estudos do acervo do Museu Mariano Proc�pio h� mais de 20 anos, a historiadora Maraliz de Castro Vieira Christo conta que o pintor era conhecido por criar quadros ligados � mem�ria do Imp�rio, como “Independ�ncia ou morte” e “Batalha do Ava�”. Com a Rep�blica, ele perdeu o cargo de professor da Academia Imperial de Belas Artes e precisou reposicionar-se em rela��o ao novo regime.

 

Retrato de Dom Pedro II, de autoria de Joaquim da Rocha Fragoso
Retrato de Dom Pedro II, de autoria de Joaquim da Rocha Fragoso (foto: Arquivo/PJF)

 

Nas comemora��es do centen�rio da execu��o de Tiradentes, em 1892, Am�rico percebeu ser esse um assunto interessante para mostrar-se um pintor de temas tamb�m republicanos e voltar a receber encomendas. “Ele foi para Floren�a e concebeu cinco quadros sobre a Conjura��o Mineira, que terminaria com a imagem do Tiradentes esquartejado no cadafalso (estrutura de madeira onde condenados � morte eram executados). Ele fez v�rios estudos, mas finalizou apenas o �ltimo quadro. O artista o exp�s no Rio de Janeiro, em julho de 1893, mas a obra foi mal recebida pela cr�tica, por representar um her�i nacional aos peda�os, sendo considerada repugnante”, explica a pesquisadora.

 

A obra “Tiradentes esquartejado” s� se tornaria nacionalmente conhecida a partir de 1969, com a publica��o da enciclop�dia “Os grandes personagens da nossa hist�ria”, da Editora Abril, quando ilustrou o fasc�culo sobre Tiradentes. “Como est�vamos no per�odo da ditadura militar, v�rios artistas contempor�neos se apropriaram da imagem produzida por Pedro Am�rico para denunciar a viol�ncia pol�tica. Ainda hoje, o quadro fala mais da viol�ncia sofrida por Tiradentes e menos das virtudes do her�i republicano. Ele continua sendo apropriado como imagem forte da viol�ncia sobre o corpo”, avalia Maraliz.

 

Última foto da Família Imperial. Na imagem, estão a princesa Isabel, seu marido, o Conde D'Eu, e seus três filhos, D. Pedro, D. Antônio e D. Luís, além do filho da Princesa Leopoldina, Pedro Augusto. Também consta no documento o autógrafo de todos os fotografados
�ltima foto da Fam�lia Imperial. Na imagem, est�o a princesa Isabel, seu marido, o Conde D'Eu, e seus tr�s filhos, D. Pedro, D. Ant�nio e D. Lu�s, al�m do filho da princesa Leopoldina, Pedro Augusto. Tamb�m consta no documento o aut�grafo de todos os fotografados (foto: Arquivo/PJF)

 

As cartas que D. Pedro I enviou � amante

 

Entre outros destaques, o museu cont�m quadros de expoentes da pintura europeia, como os franceses Charles Fran�ois Daubigny (1817-1878) e Jean Honor� Fragonard (1732-1806), al�m do holand�s Willem Roelofs (1822-1897).

 

Integrando a exposi��o de abertura e o acervo do museu tamb�m est�o as cartas de Dom Pedro I (1798-1834) � amante Domitila de Castro Canto e Mello – a Marquesa de Santos (1797-1867) –, que marcam um dos casos extraconjugais mais longos do primeiro imperador do Brasil. Ele era casado com Maria Leopoldina da �ustria (1797-1826).

 

Nas correspond�ncias, ele assinava como O Demon�o, O Fogo Foguinho e O Imperador. Declarando seu amor e sua fidelidade � marquesa, o relacionamento, que come�ou em 1822, pouco antes da independ�ncia do Brasil, durou sete anos, sendo de conhecimento p�blico, incluindo de sua esposa.

 

Os visitantes tamb�m ter�o acesso � �ltima fotografia da fam�lia imperial, feita pelo fot�grafo Otto Hees, no Pal�cio Isabel, onde vivia a fam�lia da princesa Isabel, na cidade de Petr�polis, em 1889.

 

Os fard�es usados nas cerim�nias da maioridade e do casamento de Dom Pedro II tamb�m s�o um dos destaques do acervo. As pe�as – confeccionadas em l� e bordadas em fios de ouro – foram adquiridas por Alfredo Ferreira Lage para sua cole��o, em 1926.  

 

Um retrato de Dom Pedro II, feito por Joaquim da Rocha Fragoso, chama a aten��o por uma curiosidade. A obra levou um tiro em 15 de novembro de 1889 – nas depend�ncias da sede do governo do Par� –, quando o Brasil se tornava uma Rep�blica Federativa Presidencialista. O autor do ataque, um simpatizante da Rep�blica, nunca foi descoberto. 


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