Mallu estava internada desde 22 de agosto e morreu ontem
(foto: Arquivo pessoal/divulga��o)
Mais um cachorro morreu ap�s consumir petiscos da marca Bassar Pet Food, em Belo Horizonte. Mallu, uma shih-tzu de 6 anos, estava internada desde 22 de agosto em uma cl�nica no Bairro Prado, na Regi�o Oeste da capital. Ela morreu na madrugada de ontem. Ao Estado de Minas, a analista financeira Amanda Carmo, tutora de Mallu, contou que a cadela comeu o petisco Everyday em 21 de agosto, e que desde ent�o come�ou a passar mal. At� o momento, cerca de 40 cachorros morreram supostamente ap�s ingerir snacks da marca. Com o �bito de Mallu, o n�mero chega a nove na capital mineira.
“Come�amos a dar o petisco em 5 de agosto, mas sempre em pequenas quantidades. No dia 21, demos uma por��o maior e logo em seguida ela j� come�ou a apresentar sintomas. Ela chegou a beber duas vasilhas de �gua, e fazia muito xixi. Por fim, os rins, f�gado e p�ncreas dela ficaram totalmente comprometidos”, relata a tutora.
Assim como os demais c�es supostamente intoxicados, Mallu teve v�mitos, diarreia e convuls�es. Segundo o veterin�rio Eut�lio Luiz Mariani Pimenta, coordenador do Servi�o de Urg�ncia e Terapia Intensiva do Hospital Veterin�rio da Universidade Federal de Minas Gerais, a evolu��o dos sintomas pela intoxica��o por monoetilenoglicol � r�pida e em at� 36 horas pode haver complica��es severas que levem � morte do animal.
Conforme a tutora Amanda, o quadro cl�nico da cadela era severo. Ela teve que passar por duas transfus�es de sangue e hemodi�lise, mas acabou n�o resistindo. “Agora, vamos levar o corpo dela para passar pela necropsia, na UFMG, para confirmar a causa da morte. Al�m disso, os petiscos j� foram entregues � Pol�cia Civil, tamb�m para serem periciados”, informa.
Procurada, a Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que n�o havia atualiza��o do caso e que mais informa��es “ser�o fornecidas com o avan�o dos trabalhos investigativos”.
Contamina��o
Na sexta-feira, a PCMG informou que um laudo pericial constatou a exist�ncia de monoetilenoglicol em um dos tr�s petiscos da Bassar Pet Food que foram apreendidos para ser analisados. Segundo a delegada de Defesa do Consumidor, Dan�bia Quadros, respons�vel pelo caso, at� o momento, os testes periciais constataram a presen�a do componente em apenas um dos tr�s petiscos da mesma fabricante, que est�o sendo periciados.
No mesmo dia, o Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) determinou o recolhimento nacional de todos os lotes de produtos da empresa Bassar Pet Food. No entanto, para o veterin�rio da UFMG, apenas a suspens�o da venda n�o basta e � importante descobrir como o produto qu�mico contaminou os alimentos.
Ele afirma que, apesar de o monoetilenoglicol n�o fazer parte da fabrica��o dos petiscos, ele pode ser usado na �rea externa de tanques, como aconteceu no caso Backer, quando houve uma contamina��o cruzada da cerveja Belorizontina com o componente.
Por meio de nota, a empresa afirmou que funcion�rios do �rg�o federal estiveram na sede da fabricante para inspe��o e confirmaram o cumprimento das normas de seguran�a alimentar. A Bassar informou tamb�m que os produtos foram enviados para an�lise em laborat�rio externo e divulgar� o resultado nos pr�ximos dias.
“Os laudos do Mapa comprovam, ainda, que n�o h� contamina��o na linha de produ��o. � fundamental esclarecermos que n�o h� nenhum laudo conclusivo sobre a causa das mortes de nenhum dos c�es”, completou.
Apoio
Assim que as den�ncias das poss�veis intoxica��es come�aram a ser divulgadas, a administradora Bruna Mendon�a Garcia, que mora em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, desconfiou que a sua cachorrinha, Antonella, poderia ter sido mais uma v�tima. Em 4 de agosto, a spitz alem�o de 3 anos consumiu o petisco Dental Care, da Bassar Pet Food.
A partir disso, Antonella come�ou a vomitar, ter tonturas e a ficar fraca. Ainda sem saber que poderia ser uma intoxica��o, a tutora saiu � procura de respostas e levou a cadela em tr�s cl�nicas veterin�rias. “Passamos por tr�s veterin�rios. No segundo, fizemos um exame de sangue e foi constatado que a ureia e a creatinina estavam extremamente altas. O valor m�ximo de refer�ncia da ureia era 60, e o dela deu 400; j� com a creatinina, a refer�ncia era 1,6, e a dela estava 12”, relembra Bruna.
Spitz alem�o Antonella, de 3 anos, consumiu o petisco Dental Care no dia 4 de agosto (foto: Arquivo pessoal)
A administradora conta que assim que viu reportagens relatando as poss�veis intoxica��es, ela entrou em um grupo que, hoje, deve ter cerca de 50 a 60 tutores. Al�m disso, os tutores que tiveram pets que podem ter sido contaminados criaram um perfil no Instagram – @petiscos_intoxicados – para compartilhar atualiza��es sobre o caso.
“Desde que ela morreu e desde que surgiu a possibilidade de ela ter sido intoxicada, n�o consigo focar na minha vida. A falta dela � enorme, ela dormia com a gente, e tem sido muito dif�cil. E saber que foi uma intoxica��o piorou muito. A �nica coisa que eu quero � que outros tutores n�o passem pelo que passei, e que mais cachorros n�o sejam contaminados”, desabafa.
Respostas
Ainda no Sul do pa�s, Dayany Ghiggi, tutora da shih-tzu Lunna, que tamb�m morreu ap�s consumir o petisco Everyday, espera por respostas. Ao Estado de Minas, a mulher relatou que entrou em contato com a fabricante do alimento e com a empresa Petz, onde o snack foi comprado, em busca de algum posicionamento, mas at� o momento n�o teve nenhum retorno. “Tudo o que tivemos at� agora foram as notas que eles publicaram em suas contas nas redes sociais. Mas ningu�m procurou nenhum tutor”, afirma.
Shih-tzu Lunna morreu ap�s consumir o petisco Every Day (foto: Arquivo pessoal)
Lunna tinha apenas 1 ano e 3 meses quando morreu. A filhote teve uma parada card�aca e fal�ncia total dos rins e chegou a ficar oito dias internada em uma cl�nica veterin�ria em Itapema, Santa Catarina.
“� revoltante voc� comprar um petisco para agradar ao seu cachorrinho e acabar perdendo o seu bem mais precioso. E agora, com a informa��o de que ela pode ter sido intoxicada, estamos tendo que reviver tudo. Mas n�o vamos deixar barato isso, � muito revoltante”, desabafa Dayany.
Em sua conta nas redes sociais, a empresa Petz afirmou que retirou os produtos que est�o sendo investigados dos pontos das lojas de todo o pa�s. A empresa ainda informou que criou um canal de teleorienta��o com uma equipe especializada do Centro Veterin�rio Seres, “para orientar os tutores que adquiriram os produtos e identificaram algum tipo de altera��o na sa�de do pet”.
J� a Bassar Pet Food disse, tamb�m pelas redes sociais, que desde a semana passada a produ��o est� interrompida. A empresa afirmou que ainda n�o teve acesso ao laudo produzido pela Pol�cia Civil de Minas Gerais, mas est� colaborando com as autoridades desde o in�cio dos relatos sobre os casos.