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Estado de Minas PETISCOS CANINOS CONTAMINADOS

Vigil�ncia rastreia uso de produto que matou c�es na ind�stria aliment�cia

Tutores dizem ter mais de cem casos de mortes e interna��es de c�es pelo uso da subst�ncia comprovados


14/09/2022 19:32 - atualizado 14/09/2022 20:56

Entrada de complexo de industrias onde está instalada a fábrica da empresa TecnoClean Industrial
Lotes de propilenoglicol que estariam contaminados com monoetilenoglicol foram vendidos pela empresa TecnoClean Industrial (foto: Gladyston/EM/D.A Press)
A Ag�ncia de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) informou nesta quarta-feira (14/9) que as a��es de vigil�ncia sanit�ria est�o focadas nas empresas com poss�vel atividade na �rea de alimentos para consumo humano. O objetivo � verificar se os lotes foram utilizados na fabrica��o de alimentos para humanos.

 

 

 

Nessa ter�a-feira (13/9), a entidade informou que notificou ind�strias que podem fabricar produtos destinados ao consumo para seres humanos. Segundo o �rg�o, essas empresas teriam recebido lotes de propilenoglicol que estaria contaminado com monoetilenoglicol, subst�ncia t�xica para pessoas e animais. 


“As a��es contam com atua��o in loco dos �rg�os envolvidos para apura��o do caso, como as vigil�ncias sanit�rias locais dos estados e munic�pios onde as empresas est�o situadas', disse na nota divulgada hoje. 

O �rg�o ressaltou tamb�m que notificou a Tecno Clean Industrial Ltda. e a A&D Qu�mica Com�rcio Eireli a prestarem esclarecimentos sobre a origem e distribui��o do produto.

A Anvisa destacou ainda que n�o existem evid�ncias de alimentos para consumo humano fabricados com lotes de propilenoglicol contaminados por etilenoglicol. 

“At� o momento, n�o h� suspeita de consumo humano do ingrediente suspeito de intoxicar animais. A Anvisa enviou notifica��es �s empresas, solicitando informa��es e documentos que comprovem a destina��o dada ao propilenoglicol dos lotes contaminados. A resolu��o RE 3.008/2022 veda a utiliza��o destes lotes como medida preventiva em todo o territ�rio nacional.  

O recolhimento de alimentos � feito com base na RDC 655/2022, que estabelece o procedimento que deve ser seguido por parte das empresas e os documentos que devem ser apresentados � Anvisa”, conclui a nota. 

Casos de intoxica��o em c�es 


O n�mero de mortes e interna��es de c�es intoxicados ap�s a ingest�o de petiscos com suspeita de contamina��o passa de 100. Segundo os tutores dos animais, at� esta quarta-feira (14/9), eles haviam registrado 104 casos em todo o pa�s. Os donos dos animais v�timas dos petiscos criaram um grupo de WhatsApp para trocar informa��es sobre as ocorr�ncias. 

A analista financeira Amanda Carmo, tutora da shih-tzu Mallu, faz parte do grupo no aplicativo e confirmou ao Estado de Minas que todos os 104 casos foram comprovados por meio de boletim de ocorr�ncia, n�mero do lote do petisco, estabelecimento onde o produto foi comprado e nota fiscal.   

Ela diz que pretende ajuizar uma a��o contra a Bassar: “Estou s� aguardando os laudos dos hospitais veterin�rios, a necropsia da Mallu e a an�lise do petisco”. A tutora afirmou ainda que a Petz, empresa onde o petisco foi comprado, entrou em contato com ela, mas n�o ofereceu uma ajuda satisfat�ria. 

“N�o existe nada decidido se ela vai ajudar ou n�o. Entrou em contato s� pra dar uma satisfa��o porque fomos na loja e eu reclamei no LinkedIn, pela repercuss�o. Mas n�o acho que v�o ajudar (na intermedia��o com a Bassar, fabricante do produto)”. 

A cadela de 6 anos estava internada desde 22 de agosto em uma cl�nica no Bairro Prado, na Regi�o Oeste da capital, e morreu na madrugada de 6 de setembro. De acordo com Amanda, Mallu comeu o petisco Everyday em 21 de agosto, e que desde ent�o come�ou a passar mal. 
 
Apesar dos mais de 100 casos registrados pelos tutores, a Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirma que 54 c�es morreram em 11 estados brasileiros ap�s a ingest�o de petiscos supostamente contaminados. Em nota, a corpora��o afirmou que 15 cachorros morreram em Minas Gerais. Doze casos ocorreram em Belo Horizonte, um em Piumhi e os outros dois em Uberl�ndia. 

Alerta ligado


O professor de qu�mica da UNA, Carlos Alexandre Vieira, explica a diferen�a entre as subst�ncias envolvidas em casos recentes de intoxica��o tanto humana como de animais. 

“O monoetilenoglicol, o dietilenoglicol e o propilenoglicol s�o subst�ncias de uma mesma classe. Por�m, o mono e o dietilenoglicol n�o podem ser adicionados diretamente na formula��o de alimentos, tanto para humanos quanto para animais”, relata. 

O monoetilenoglicol, subst�ncia possivelmente motivadora das mortes e interna��es dos c�es, possui um �ndice t�xico muito acentuado, de acordo com Vieira. Ele pode promover uma intoxica��o em tr�s est�gios: neurol�gico, cardiopulmonar e pode avan�ar para o renal. O professor afirma que os n�veis de intoxica��o dependem da quantidade de subst�ncia ingerida. 

“A subst�ncia � usada na ind�stria de alimentos como anticongelante e n�o pode estar diretamente em contato com o alimento. A ind�stria pode usar em processos de congelamento, mas nunca na formula��o dos alimentos”, explica Vieira que tamb�m presta consultoria em ind�strias aliment�cias

O dietilenoglicol, subst�ncia encontrada na cerveja Belohorizontina, da Backer, em 2020, tamb�m � usado na ind�stria como anticongelante. J� o propilenoglicol pode ser usado pelas ind�strias aliment�cia e farmac�utica. “Em petiscos e ra��es, ele deixa o alimento mais �mido”. Em produtos destinados para humanos, a fun��o � a mesma. “Para o alimento n�o ficar t�o seco ou quebradi�o. Ele fica com um aspecto mais fofinho, macio”. 

Na ind�stria farmac�utica, segundo o professor, ele � usado como um tipo de solvente que pode ser adicionado para auxiliar no processo de dissolu��o de rem�dios. “Um antibi�tico em p� � misturado com o propilenoglicol e vai facilitar a dissolu��o desse medicamento para a prepara��o l�quida, como xaropes, por exemplo".

Vieira alerta que, em caso de contamina��o por monoetilenoglicol, como o investigado pela Anvisa, a ingest�o de alimentos contaminados pode gerar rea��es semelhantes �s ocorridas com os c�es. 

“A pessoa pode ter convuls�es, paralisias, problema cardiopulmonar, com altera��o da press�o arterial, dificuldades de respirar. Pode avan�ar inclusive para problemas renais, com a forma��o de cristais que ficam alojados nos rins. A pessoa pode at� morrer, dependendo da quantidade de subst�ncia ingerida”.

Ele diz que � importante que as ind�strias tenham respons�veis t�cnicos para fazer o diagn�stico de casos de contamina��o. “Tem que consultar o boletim t�cnico, observar se o produto � indicado para uso em alimentos ou n�o. As empresas deveriam realizar ensaios e testes para verificar se o produto � mesmo o propilenoglicol".

“Precisamos estar em sinal de alerta porque as rotas de produ��o e os processos de transporte podem proporcionar a contamina��o.” Como a Anvisa n�o divulgou que tipo de ind�stria pode ter recebido os lotes com poss�vel contamina��o, a dica do professor � verificar o r�tulo dos produtos. “Um item de observa��o seria verificar nos r�tulos, o que leva o propilenoglicol e ficar atento. N�o estou falando para n�o consumir, mas ficar atento".

Investiga��es 

  
Na nota divulgada na ter�a-feira, a Anvisa disse que “enviou notifica��es �s empresas, solicitando informa��es e documentos que comprovem a destina��o dada ao propilenoglicol dos lotes contaminados”. Al�m disso, solicitou tamb�m �s vigil�ncias sanit�rias locais o apoio para este levantamento. 

A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com as vigil�ncias sanit�rias de Belo Horizonte, Contagem e de Minas Gerais para saber se estavam participando desse levantamento.  

A Secretaria Municipal de Sa�de de Contagem informou, em nota, “que foi realizada vistoria da Vigil�ncia Sanit�ria no dia 8 de setembro a pedido da Secretaria Estadual de Sa�de. Foi constatado que a filial da Tecno Clean, instalada em Contagem, n�o fabrica o produto propilenoglicol, alvo da investiga��o, n�o sendo identificadas irregularidades no local".

A Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte disse que at� o presente momento n�o recebeu nenhuma notifica��o da Anvisa referente a esta investiga��o.

Os Minist�rios P�blicos Federal e de Minas Gerais tamb�m foram procurados para saber se far�o investiga��es sobre o caso. Ambos responderam que ainda n�o h� previs�o, al�m de definirem de quem � a compet�ncia para atuar no caso investigado pela Anvisa.

A Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou, em nota, que a investiga��o dos c�es est� em andamento e que “realiza os levantamentos de todas as quest�es pertinentes ao caso e as informa��es ser�o repassadas em momento oportuno com a conclus�o do Inqu�rito Policial".


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