Os motoristas das empresas de transporte por aplicativo denunciam falta de apoio e pedem mais infraestrutura no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Diferentemente do que ocorre com os taxistas, a espera pelas corridas de aplicativo � precariamente organizada em um espa�o sem cobertura ou banheiro. Na falta de uma defini��o mais confort�vel, os motoristas seguem reclamando e aguardando melhorias.

No estacionamento do aeroporto, os motoristas aguardam por at� cinco horas debaixo de sol e chuva, enquanto esperam a fila virtual do aplicativo para conseguir passageiros. O espa�o foi apelidado pelos profissionais de ‘chiqueirinho’. “Se existe uma palavra para definir, � abandono. Tem que ter muita ra�a para aguentar isso aqui. S�o coisas que n�s temos que engolir”, declara o motorista Evandro Ara�jo, de 61 anos. Com o carro no sol, eles ainda acabam ouvindo reclama��es dos clientes devido a ‘sauna’ dentro do ve�culo. “Quando fica pr�ximo da nossa hora na fila, a gente tem que ligar o ar-condicionado para ir preparando o carro. A� j� � mais gasto”, comenta Abra�o Santos, de 27, que trabalha h� mais de tr�s anos como motorista de aplicativo. A categoria tamb�m reclama da falta de suporte da empresa de aplicativo.
Motoristas se sentem esquecidos
Para utilizar o banheiro, os motoristas precisam andar mais de 300 metros e utilizar a estrutura oferecida aos taxistas. O ponto de t�xi tem cobertura para os carros, lanchonete, lava jato, banheiros e at� sinuca para as horas vagas.
A BH Airport, concession�ria que administra o aeroporto de Confins, afirma que o uso da estrutura � aberto tamb�m aos motoristas de aplicativo. Muitos, por�m, se sentem desconfort�veis em usar o espa�o. “A gente pode usar, s� n�o pode ir de carro at� l�. S� que tem que ouvir indireta dos taxistas, da� a gente entra calado e sai calado”, conta Evandro. Segundo a concession�ria, recentemente tamb�m foram instaladas longarinas no estacionamento para que os motoristas possam esperar pelas corridas em um ambiente coberto, livre do calor e da chuva. Tamb�m foram implantadas torres para recarga dos celulares. A BH Airpot afirma, ainda, que tem projetos para amplia��o na infraestrutura dispon�vel, como expans�o da lanchonete e a instala��o de bebedouros no local.
Estacionamento que pesa no bolso
A tarifa para usar o estacionamento no local � de R$5 a cada tr�s horas de perman�ncia. “Parece um valor pequeno, mas, como demora muito para conseguir corrida, a gente tem que pagar dois estacionamentos, �s vezes at� tr�s”, relata Abra�o. Ele conta que ganha, em m�dia, R$50 em uma corrida de Confins at� o Centro de BH. “Tirando o valor do estacionamento, n�o sobra quase nada. N�o tem lucro nisso”, reclama. Por esse motivo, muitos motoristas preferem se arriscar a tomar uma multa parando nos arredores do aeroporto. “A pol�cia vem e taca uma multa de R$290. N�o tem nem conversa. Eu prefiro pagar aqui”, diz o motorista Evandro.

Reclama��es de moradores
A categoria deseja manter um ponto em um posto de combust�veis na entrada de Confins, a menos de 3 km do aeroporto. Para isso, o aplicativo precisa liberar novamente as chamadas vindas do terminal. Rodeado por �rvores, o local tem restaurante, lava jato e at� um estacionamento coberto, que pertence ao posto. O sinal foi retirado dali devido a reclama��es de moradores da cidade, que levaram a reivindica��o � Prefeitura de Confins.

Motoristas deslocados para lote vago
Com o sinal interrompido, os motoristas foram enviados para uma �rea de lotes vagos, na Rua Lindonor Ribeiro, a pouco mais de 600 metros do posto de combust�veis. “Se precisar de alguma coisa, sair pra comer, tem que deixar o celular com algu�m para n�o correr o risco de sair da fila. �s vezes tem que deixar at� com quem a gente n�o conhece, confiar num cara. � dez minutos que n�s temos para ir l� e voltar”, conta o motorista Wellington Roberto Diniz.
De shorts e chinelos, muitos motoristas deixam para vestir a roupa social somente quando acionados para uma corrida. “� uma realidade bem deprimente. � humilhante voc� ficar no sol o dia inteiro, passar por necessidades fisiol�gicas. Tem que voltar o sinal pra l� o mais r�pido poss�vel. Ali tem um banheiro, um espa�o onde podemos conversar com os amigos, para essas horas de espera n�o ficarem t�o cansativas”, cobra o condutor.
Para Graziele, o sinal para as chamadas deveria ser liberado em toda a cidade. “Da mesma forma que � em Belo Horizonte, Vespasiano e outras cidades do estado. Eles n�o liberam e fica esse problema. Todo mundo aglomerado, aquele tanto de carro em um s� lugar”, avalia.
Resposta da prefeitura
O munic�pio pro�be que ‘pontos’ de perman�ncia sejam criados na cidade. A alega��o � de que a cidade � de pequeno porte, com pouco mais de 6 mil habitantes, e n�o tem estrutura para abrigar uma frota t�o grande de ve�culos. A Prefeitura de Confins tenta, inclusive, restringir a atua��o de motoristas de aplicativos no munic�pio. A partir da lei 874/18, os profissionais passam a necessitar de um credenciamento para operar na cidade, que abriga o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. Em caso de descumprimento, est� prevista uma multa que pode chegar a R$ 3 mil.
O sindicato v� com preocupa��o essas medidas adotadas pela prefeitura do munic�pio. “Isso � totalmente inconstitucional, tira o nosso direito de ir e vir. Se fossem placas s� do munic�pio de Confins, mas existem placas de todo estado”, aponta Simone Almeida, presidente do Sindicato dos Condutores de Ve�culos que Utilizam Aplicativos do Estado de Minas Gerais (Sicovapp).
A categoria busca a implanta��o de uma lei federal para regulamentar a atividade e evitar esses problemas com os munic�pios. “Essas leis municipais caem por terra com uma lei federal. Essa � a nossa luta. N�o tem condi��es de sairmos de Belo Horizonte e cair em outra lei em Confins, outra em Contagem, e por a� vai. � uma coisa totalmente louca. N�s temos tentado di�logo com a prefeitura do munic�pio, mas sem sucesso”, argumenta Simone.