
Dois meses depois de a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) aprovar o uso da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crian�as de 6 meses a 3 anos em todo o territ�rio nacional, Belo Horizonte recebeu ontem 5,6 mil doses do imunizante. Mesmo com a demora para o envio, as doses ser�o aplicadas em apenas 9% das crian�as que est�o na faixa et�ria, na capital – aproximadamente, 61,7 mil. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), ainda n�o h� uma data para o in�cio da campanha. A partir da pr�xima quarta-feira, as equipes da Secretaria Municipal de Sa�de ser�o treinadas para realizar a imuniza��o e os locais e datas ser�o definidos.
Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Estado de Sa�de informou ter recebido o “primeiro lote de vacinas” destinadas � imuniza��o de crian�as na faixa et�ria, com comorbidades. Segundo a SES, o Minist�rio da Sa�de disponibilizou, inicialmente, um lote com 95 mil doses do imunizante Pfizer-BioNTech, que ser� destinado � aplica��o das tr�s doses da vacina recomendadas para a faixa et�ria. O atendimento, segundo a nota da secretaria, ser� realizado conforme quantitativo solicitado pelas unidades regionais de Sa�de, a partir de quarta-feira.
O avan�o da Covid na capital mineira preocupa especialistas. Conforme o �ltimo boletim epidemiol�gico da cidade, divulgado na quarta-feira, em outubro deste ano, aproximadamente 25 crian�as menores de 1 ano foram internadas em hospitais p�blicos e privados da cidade com sintomas de s�ndrome respirat�ria aguda grave, como o novo coronav�rus.
Raquel Stucchi, m�dica infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que as crian�as est�o mais vulner�veis a todas as doen�as infecciosas, incluindo a COVID-19. Isso porque as “idades extremas”, como os idosos, t�m menos anticorpos. “O problema � que as pessoas mais velhas j� receberam doses da vacina contra a doen�a, ent�o j� t�m uma resposta imune. E isso n�o acontece com as crian�as de 6 meses a 3 anos”, afirma a especialista.
Mais casos
Na quinta-feira, a administra��o municipal afirmou que a propor��o de testes positivos para a COVID-19 passou de 3% para 6% em duas semanas, em Belo Horizonte. O aumento dos novos casos da doen�a, que j� matou 8.246 pessoas na capital mineira, este ano, ainda n�o afeta a demanda por interna��es hospitalares nem no coeficiente de �bitos.
De acordo com a Prefeitura de BH, a recomenda��o � que as faixas et�rias que j� podem se imunizar contra o v�rus procurem os postos de sa�de. At� o momento, apenas 37,2% da popula��o com mais de 40 anos tomou a quarta dose do imunizante. O cen�rio fica mais complicado quando analisada a aplica��o nas crian�as de 3 a 4 anos, em que apenas 23,4% receberam a primeira dose da vacina.
Nova variante
Outra preocupa��o dos m�dicos e pesquisadores � com a BQ.1, uma nova subvariante da �micron. Em 21 de outubro, o Centro Europeu de Preven��o e Controle de Doen�as (ECDC) chamou a aten��o para a possibilidade do surgimento de uma nova linhagem da COVID-19. A BQ.1, e sua subvariante BQ.1.1, poder�o dominar os casos de contamina��es no continente at� dezembro deste ano.
Segundo o �rg�o, al�m de ser uma muta��o de uma variante do Sars-CoV-2, v�rus transmissor da doen�a, estudos preliminares d�o conta de que a BQ.1 tem capacidade de fugir da resposta imune do corpo, mesmo com as vacinas. “Melhorar a aceita��o da vacina da COVID-19 no curso prim�rio e na primeira dose de refor�o em popula��es que ainda n�o as receberam continua sendo uma prioridade. Espera-se que sejam necess�rias doses de refor�o adicionais para os grupos com maior risco de doen�a grave, como adultos com mais de 60 anos, indiv�duos imunocomprometidos, aqueles com condi��es m�dicas subjacentes e mulheres gr�vidas”, afirmou o ECDC.
M�scaras
O aumento de testes positivos para COVID-19 fez com que a Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC Minas) voltasse a recomendar o uso de m�scaras em todos os ambientes da entidade educacional, ontem. “Comunicado � comunidade universit�ria fazendo uma firme recomenda��o pela utiliza��o de m�scaras, em todos os campi e unidades, considerando o recente aumento do n�mero de casos de COVID-19", afirma o Comit� de Monitoramento do Coronav�rus da PUC Minas por meio de nota.
A universidade particular � a primeira de Minas Gerais a pedir que os frequentadores voltem a fazer uso de m�scaras em suas depend�ncias desde que deixou de ser obrigat�rio o uso em ambientes fechados na capital mineira, a partir de 10 de agosto. Apesar do relaxamento de algumas medidas de prote��o, a pandemia ainda n�o chegou ao fim. Protocolo sanit�rio, amplamente divulgado ao longo da pandemia, foi recordado pela institui��o de ensino, que afirmou que "outras medidas de preven��o tamb�m est�o sendo tomadas, como vacina��o, o distanciamento e, sempre que poss�vel e necess�rio, a higieniza��o das m�os com �lcool".
TR�S PERGUNTAS PARA...
- Raquel Stucchi, M�dica infectologista e membro da sociedade brasileira de infectologia
Para a senhora, qual a import�ncia da vacina��o infantil contra a COVID-19, principalmente para o p�blico de 6 meses a 2 anos de idade?
Como para todas as idades, a vacina contra a COVID-19 � importante para diminuir a mortalidade da infec��o e o cont�gio da doen�a. As crian�as dessa faixa et�ria t�m registrado est�gio mais grave da doen�a e maior mortalidade. Por isso, � t�o importante que as campanhas comecem o quanto antes.
Com a chegada da nova subvariante da �micron, a preocupa��o com esse p�blico tamb�m aumenta?
A preocupa��o aumenta principalmente porque a BQ.1 � transmitida mais facilmente. Al�m disso, temos tido muitas aglomera��es e relaxamentos com as medidas de preven��o, como o uso da m�scara. Por isso, as crian�as acabam ficando mais vulner�veis.
A Anvisa autorizou o uso da vacina para essa faixa et�ria h� quase dois meses, mas s� agora o Minist�rio da Sa�de enviou doses do imunizante aos estados. O que esse atraso representa?
Primeiro, temos que colocar que, mais uma vez, n�o temos doses suficientes para imunizar toda a faixa et�ria necess�ria, e, por isso, as cidades ter�o que priorizar as crian�as com comorbidade, por exemplo. Al�m de aumentar o n�mero de casos, esse atraso representa o desprezo que o pa�s tem com a sa�de das crian�as. N�s precisar�amos de cerca de 21 milh�es de doses para imunizar todas. � um descaso total com as crian�as.
EM S�O PAULO
O governo de S�o Paulo recomendou na noite de ontem o uso de m�scaras para conter o avan�o da sub-variante da COVID-19. A recomenda��o � para uso da prote��o em ambientes fechados e com aglomera��o. O secret�rio estadual de Sa�de, Jean Gorinchteyn, disse que se o quadro de agravar o uso de m�scara voltar a ser obrigat�rio. “N�s estamos monitorando a situa��o e se ela se tornar mais grave, podemos voltar a decretar a obrigatoriedade das m�scaras”, diz Gorinchteyn. De 25 de outubro at� o �ltimo domingo, houve um aumento de cerca de 64% na ocupa��o dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no estado – 290 para 450 casos, em n�meros aproximados. J� nas enfermarias, a eleva��o foi de 50%, saltando de cerca de 550 para 830 pacientes internados. A Universidade de S�o Paulo (USP) e a Unicamp voltaram a obrigar o uso de m�scaras em espa�os fechados, como salas de aula, bibliotecas, laborat�rios e �nibus fretados, como forma de prote��o contra o coronav�rus.