Caminh�o enfrenta asfalto danificado na BR-040, no sentido Rio de Janeiro: rodovia conta com tr�s pra�as de ped�gio (foto: Fotos: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
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Neste in�cio de ano, os mineiros que pretendem viajar ter�o dificuldades mesmo em estradas concedidas � iniciativa privada e com cobran�a de ped�gios. A qualidade da pista nas rodovias que ligam Belo Horizonte �s capitais de S�o Paulo e do Rio de Janeiro n�o faz jus aos valores pagos �s concession�rias e causa dor de cabe�a nos motoristas.
A Fern�o Dias, trecho da BR-381 entre as capitais mineira e paulista, � administrada pela concession�ria Arteris. Em Minas Gerais. H� seis ped�gios na rodovia onde s�o cobrados R$ 2,70 para autom�veis e caminhonetes; R$ 5,40 para caminh�es leves; e R$1,35 para motocicletas. O valor mais alto do ped�gio � R$ 16,20, aplicado para o tr�nsito de caminh�es com reboque e caminh�es-trator com semirreboque de seis eixos.
Mesmo com v�rias cobran�as ao longo do caminho, os motoristas precisam ter aten��o para desviar de buracos ao longo da maior parte da estrada. A pista duplicada tamb�m � comprometida j� que em diversos trechos parte da estrada fica bloqueada porque as condi��es do asfalto est�o ainda mais cr�ticas.
A reportagem viajou pelos cerca de 300 quil�metros entre Belo Horizonte e Tr�s Cora��es em 30 e 31 de dezembro e registrou uma grande quantidade de trechos esburacados. No trecho, quatro ped�gios s�o cobrados por quem passa pela Fern�o Dias. Em Itaguara, o caminhoneiro Guilherme Vila�a reclamou das condi��es da pista e disse que a concess�o da Fern�o Dias nunca significou uma pista que condissesse com a cobran�a dos ped�gios.
“Onde precisa mexer eles n�o mexem. Se tem ped�gio e est�o cobrando, precisa de manuten��o. � perigoso ter acidente, os parafusos v�o bambeando, v�o caindo e � perigoso. Os pneus de caminh�o hoje s�o sem c�mara, se pega alguma pe�a na pista, voc� precisa vulcanizar e fica uns R$ 250, R$ 300 toda vez”, reclamou o caminhoneiro de 39 anos.
A reportagem questionou a concession�ria sobre as condi��es da pista e as a��es programadas para resolver os problemas do trecho sob sua administra��o. Em nota a Arteris disse que investimentos s�o realizados periodicamente na estrutura da estrada e afirmou que, nos �ltimos 15 anos de concess�o, mais de R$ 2,8 bilh�es foram aplicados na BR-381. As interven��es incluem servi�o de conserva��o do pavimento e instala��o de sinaliza��o, conforme determina o contrato feito com o poder concedente.
Ainda segundo a Arteris, o n�mero de equipes foi aumentado para acelerar os reparos na estrada, mas a empresa ressalta que o per�odo chuvoso impacta os trabalhos de manuten��o definitiva, que ganhar�o celeridade no per�odo de estiagem.
BR-040
A situa��o na BR-040 no sentido Rio de Janeiro tamb�m intriga os motoristas que pagam um ped�gio ainda mais caro. S�o tr�s pra�as de cobran�a at� a capital fluminense e a Via 040, que administra a rodovia tamb�m no sentido Bras�lia, tem mais sete pontos de arrecada��o em dire��o � capital federal. As motocicletas pagam R$ 3,15, enquanto carros e caminhonetes, R$ 6,30 nos ped�gios da Via 040. Caminh�es de seis eixos devem pagar R$ 37,80 em cada ped�gio da estrada.
A reportagem percorreu cerca de 70 quil�metros da estrada saindo de Belo Horizonte rumo ao Rio de Janeiro e registrou condi��es menos graves do que na Fern�o Dias, mas, ainda assim, uma pista com buracos de grandes propor��es e riscos aos motoristas.
Durante a volta de uma viagem a Cabo Frio, o empres�rio Guilherme Rodrigues foi surpreendido na estrada antes de chegar ao seu destino, em Sete Lagoas. Junto da fam�lia, o homem de 26 anos, se assustou ao ouvir um barulho alto vindo da lateral do carro. “Est�vamos voltando e vimos que um ferro entrou no pneu, amassou toda a lateral. Acho que � um arame que caiu de algum caminh�o”, contou � reportagem enquanto trocava o pneu do ve�culo. O arame ficou preso na roda traseira e amassou a lateral direita do carro.
Guilherme ainda relatou que o acidente n�o foi completamente inesperado, j� que as condi��es da estrada o incomodaram durante todo o trajeto de f�rias. “A rodovia tem bastante buraco. Vi um pessoal trabalhando na BR, mas tapando buraco eu n�o vi. Vi limpando a estrada, pintando de novo. Tem muito buraco. � ruim, porque a gente perde algumas horas consertando. Gra�as a deus eu tinha tudo que precisava, porque sen�o precisaria chamar um reboque”, disse.
A reportagem tentou contato com a VIA 040, mas n�o houve resposta at� o fechamento desta edi��o. Desde 2017, a empresa passa por um processo de rescis�o do contrato de concess�o da rodovia e um pedido de relicita��o do trecho para que outra concession�ria assuma a administra��o.
Voltando de Cabo Frio para Sete Lagoas, Guilherme Rodrigues teve que trocar pneu, furado por barra de ferro que estava na pista
Preven��o e reclama��es
Embora o per�odo chuvoso seja particularmente complicado para a manuten��o de estradas, � poss�vel que as concession�rias fa�am a��es de preven��o contra as avarias na pista que colocam os viajantes em risco. Segundo o engenheiro civil e consultor em transporte e tr�nsito, Silvestre de Andrade, tanto poder p�blico como concession�rias privadas devem agir antes que as estruturas sucumbam �s intemp�ries.
“A chuva � um problema, mas � esperado, n�o tem surpresa. Uma parte desses problemas a gente resolveria com sistemas de drenagem e bons projetos de pavimenta��o. � poss�vel minimizar as avarias com a��es como limpeza nos sistemas de drenagem, ver se n�o h� trincas no pavimento, checar a seguran�a dos taludes. Isso � o que se espera de quem administra uma rodovia”, explica.
Ele cita o processo de rescis�o de contrato da Via 040 e um valor baixo oferecido pela Arteris no per�odo da assinatura da concess�o, mas afirma que ambas as situa��es n�o podem eximir as empresas de deixar as pistas em boas condi��es para os usu�rios. Andrade aponta que as concess�es s�o uma alternativa para que os usu�rios tenham canais mais r�pidos de atendimento e que a administra��o privada n�o significa a falta de ag�ncia do poder p�blico na cobran�a das concession�rias.
“Faz parte do contrato que o usu�rio seja ouvido. Faz parte da lei das concess�es que, durante toda a vig�ncia do contrato, o usu�rio seja ouvido e o Estado possa cobrar o cumprimento do que foi combinado. Os usu�rios devem saber que podem usar os sistemas pr�prios de reclama��o da empresa e tamb�m a ANTT (Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres)”, comenta.
A concess�o de rodovias est� entre as prioridades da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Seinfra-MG) para o pr�ximo mandato do governador Romeu Zema (Novo). Em relat�rio enviado � equipe de transi��o de governo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) ainda no fim de 2022, a pasta indicou interesse em que trechos das BRs 381, 262, 040, 251 e 116 fossem administrados por empresas privadas.
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