
Conforme o levantamento, 84% das pessoas em situa��o de rua s�o homens, em m�dia com 42 anos. Os outros 16% s�o mulheres, com 38 anos, em m�dia. Al�m disso, 82,6% da popula��o � composta por pardos e pretos.
Durante a apresenta��o dos dados levantados pelo censo, o professor do Departamento de Sa�de Mental da Faculdade de Medicina da UFMG Frederico Garcia apontou que a popula��o em situa��o de vulnerabilidade social, encontrada pelos pesquisadores, coincide com os n�meros apresentados pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio dos usu�rios ativos de servi�os como atendimento de sa�de e vacina��o.
O levantamento foi feito entre 19 e 21 de outubro de 2022 e contou com a participa��o de 300 pesquisadores para as nove regionais de BH. O objetivo foi levantar n�o s� o n�mero dessa popula��o, mas o que a levou a viver dessa forma e quais as perspectivas de futuro. Foram ouvidas pessoas nas ruas, abrigos, restaurantes populares, pra�as e terrenos baldios, entre outros locais.
Tempo nas ruas
Um dos destaques da pesquisa foi o aumento do tempo em que as pessoas permanecem em situa��o de rua. Em 2013, a estimativa era de cerca de 7 anos, j� em 2022 o per�odo passou para 11 anos.
Ainda de acordo com o documento, das 5.344 pessoas apontadas pelo censo, 2.507 responderam �s perguntas dos pesquisadores. Deste total, 36,7% dos entrevistados relataram que foram para as ruas em raz�o de problemas familiares, seguido de uso de �lcool e drogas (21,9%) e desemprego (18%). Entre aqueles que n�o responderam ao censo, as principais raz�es foram sinais de ebriedade ou intoxica��o (20,96%) e recusa (19,44%).
Al�m disso, sair das ruas � o desejo de 91,4% daqueles que hoje vivem essa realidade. No entanto, a concretiza��o da vontade esbarra na falta de moradia e de acesso a um trabalho assalariado. Para 27% dos entrevistados, tornar-se benefici�rio de programas de transfer�ncia de renda seria um mecanismo para deixar as ruas, enquanto 17% acreditam que poderiam ter uma nova vida com educa��o ou forma��o profissional e 14,8% a partir de cuidados com a sa�de.
Renda
Mais de 50% da popula��o em situa��o de rua de Belo Horizonte n�o nasceu na cidade. Das 5.344 pessoas, 34,5% vieram do interior de Minas Gerais; 23,2% de outros estados; e 0,8% de outros pa�ses. Na capital, as regi�es com maior concentra��o s�o Centro-Sul e Leste, onde est�o mais da metade das pessoas encontradas.
O trabalho informal tem garantido algum tipo de renda para as pessoas que hoje est�o em situa��o de rua. Os valores, em m�dia, v�o de R$802 a R$1.243. A coleta de material recicl�vel � a atividade de 15,6% dos entrevistados, enquanto 6% vende bala, frutas ou �gua nas ruas, 4,6% lava carros ou presta servi�o de flanelinha e 4,2% pede dinheiro.
N�meros divergentes
Pesquisadores do Observat�rio Brasileiro de Pol�ticas P�blicas com a Popula��o em Situa��o de Rua defendem que o cen�rio � bem pior do que o apresentado pela Prefeitura de Belo Horizonte, que estima entre 4 mil e 9 mil pessoas em situa��o de rua na capital.
O �ltimo levantamento, divulgado em outubro, pelo observat�rio, aponta que a cidade possui 11.165 pessoas em situa��o de rua.
Na �poca da pesquisa , o professor Andr� Dias, Coordenador do Observat�rio Brasileiro de Pol�ticas P�blicas com a Popula��o em Situa��o de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirmou que existe uma subnotifica��o de casos de pessoas em situa��o de rua em Belo Horizonte. Ele tamb�m questiona a base de c�lculo do Executivo sobre o segmento. Enquanto a prefeitura trabalha com dados dos �ltimos 12 meses do Cad�nico, o pesquisador defende que o ideal seria ter como base os �ltimos 24 meses, segundo orienta��o do Minist�rio da Cidadania.
O secret�rio de Desenvolvimento Econ�mico, Adriano Faria, discorda e diz que os dados utilizados pela pesquisa da UFMG n�o condizem com a realidade vivenciada no munic�pio. O Cad�nico � um instrumento de coleta de dados e informa��es voltado para fins de inclus�o em programas de assist�ncia social e redistribui��o de renda.
Adriano ressaltou tamb�m que o Censo servir� para esclarecer essas d�vidas em rela��o a quantidade de moradores em situa��o de rua. Segundo ele, al�m de mostrar quantos s�o, o levantamento ir� exibir quem s�o essas pessoas, o que ele classificou como mais importante do que os n�meros.