
A diversidade � um dos objetivos mais decantados pelos blocos de rua de Belo Horizonte. O carnaval da capital, que preza por uma festa aberta a todos os p�blicos, � tamb�m marcado pela pluralidade na trilha sonora, o que p�de ser ouvido j� no primeiro dia da folia, nesse s�bado (18/2).
Ax�, samba e MPB abriram os trabalhos com o Ent�o, Brilha!, que tamb�m contou com a participa��o de Djonga, acrescentando rap � mistura de um dos mais tradicionais blocos da capital. O ritmo baiano seguiu pelos ares da capital na Pampulha, onde o Tchanzinho Zona Norte desfilou pela manh�. O pr�prio nome do bloco faz refer�ncia a um dos grupos respons�veis pela populariza��o do ax� nos anos 1990.
Mas a festa na capital foi al�m dos sons mais comuns em qualquer playlist carnavalesca. No Bairro Calafate, Regi�o Oeste de BH, foli�es curtiram o primeiro dia do carnaval ao som de Sandy e J�nior.
O bloco Turu Turu, refer�ncia � can��o “Quando voc� passa”, reuniu foli�es de diferentes idades na Pra�a Carlos Marques, embora traga uma sensa��o especial de nostalgia para quem cresceu ouvindo a dupla nos anos 1990 e in�cio dos anos 2000.
A agente de viagens Renata Sandra, por exemplo, aproveitou o fato de o bloco ser em uma pracinha para levar a m�e e as tias � festan�a. "Acompanho mesmo a carreira deles. Comprava revistas e p�steres. Tudo. Venho ao bloco desde a primeira edi��o. � nostalgia, inf�ncia. Escuto Sandy e J�nior e choro. A gente pula e se acaba", disse.
Com a testa decorada pela faixa comprada no show de retorno que a dupla fez em 2019, no Est�dio Mineir�o, a advogada L�via Alves aproveitou can��es como “Voc� desperdi�ou” e “Nada por acaso” para relembrar os tempos de juventude. “Curto Sandy e J�nior desde a inf�ncia. Pequeninha, adolescente e agora. Para mim, vai ser sempre nost�lgico estar aqui e curtir este momento.”
J� no Santa Tereza, tradicional bairro bo�mio na Regi�o Leste de BH, o bloco Divina Banda embalou foli�es com uma ecl�tica mistura de ax�, reggae, m�sica pop, MPB, marchinhas carnavalescas e Clube da Esquina, grupo que foi formado h� mais de 50 anos pelas ruas onde os foli�es ontem festejavam.
Com a presen�a do cantor e multi-instrumentista Maur�cio Tizumba, o Divina Banda nasceu como homenagem � Banda Santa, bloco que sa�a pelas ruas do Santa Tereza nos anos 1990, em um ainda incipiente carnaval belo-horizontino.
Na Pra�a Sete, Hipercentro da capital, o bloco Quando Come se Lambuza � um dos que melhor simbolizam a salada musical da folia belo-horizontina. A cantora sertaneja Mar�lia Mendon�a, morta em um acidente de avi�o em novembro de 2021, foi a homenageada do cortejo, que foi muito al�m do g�nero que eternizou a Rainha da Sofr�ncia.
Deixando sucessos de diversos g�neros com a cara de um pagode ou ax�, a banda do Quando Come se Lambuza se pauta musicalmente pela MPB: M�sica PraPular Brasileira. O bloco ainda contou com a participa��o da dupla Clara x Sofia, que levou a m�sica pop para cima do trio, com can��es pr�prias e de nomes como a americana Britney Spears.
Se o mineiro Djonga adicionou o rap na mistura do Ent�o, Brilha!, no Aglomerado da Serra, o g�nero apareceu como ingrediente principal. Tamb�m contando com a presen�a do rapper de BH, o bloco Seu Vizinho deixou foli�es emocionados ao som do paulistano Emicida.
A emo��o dos foli�es foi a t�nica durante o cortejo que reuniu pessoas de todas as idades. O verso “Tudo que n�is tem � n�is”, trecho de “Principia”, can��o de Emicida, foi tomado como mantra pelo bloco e levou os participantes da festa �s l�grimas em meio a uma chuva de pap�is amarelos picados, refer�ncia ao �lbum do rapper paulistano que leva o nome da cor.
Tamb�m na Regi�o Centro-Sul de BH, a sambista Aline Calixto embalou foli�es com o som de grandes mulheres da m�sica brasileira e internacional. O repert�rio contou com can��es de Madonna, Beyonc�, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Gal Costa e Beth Carvalho.
Durante o cortejo, Aline Calixto exaltou a luta de mulheres como Margareth Menezes e Dona Ivone Lara para que hoje dezenas de artistas pudessem comandar o cen�rio musical brasileiro. "Dona Ivone Lara teve que usar codinomes, nomes masculinos para compor. Eu fui a primeira mulher a puxar um bloco em Belo Horizonte e hoje n�s somos dezenas. E eu quero mais, quero muito mais", bradou a cantora.
HOJE TEM MAIS
Quase 100 blocos s�o esperados nas ruas de BH neste domingo (19/2) e, novamente, a pluralidade sonora deve ser a marca da folia. Tem para todos os gostos, mas quem quiser op��es com repert�rio mais espec�fico tamb�m pode montar a pr�pria agenda.
O Classics de Carnaval leva o hip-hop para o carnaval na Savassi, �s 14h. Quem prefere ritmos baianos pode optar pelo Ax� das Antigas, �s 17h, na Avenida Augusto de Lima, ou pelo Baianeiros, que sai no Bairro Castelo, �s 12h30.
Na Rua Timbiras com Avenida Brasil, �s 8h, o Bei�o do Wando � a pedida para quem gosta do som do �cone da m�sica brega/rom�ntica e outros nomes, como Odair Jos�, Reginaldo Rossi e Sidney Magal.
Na Pra�a da Assembleia, �s 14h, o Unidos do Samba Queixinho disp�e sua famosa bateria para uma homenagem � Orquestra Filarm�nica do Estado de Minas Gerais.