
“S�o anos de terapia, fa�o acompanhamento psicol�gico para saber lidar com ela e a� vem uma pessoa e faz ela regredir.” A frase � de Karina Lima, de 36 anos, m�e que denunciou agress�es � sua filha, de 3 anos, diagnosticada com o transtorno do espectro autista, na Escola Municipal de Educa��o Infantil (Emei) do bairro Ipiranga, Regi�o Leste de Belo Horizonte.
Karina, que � formada em Marketing e Administra��o, mas que atualmente n�o trabalha para cuidar da crian�a, se diz indignada, pois, al�m da revolta causada pelas les�es “bem fortes e aparentes” nas coxas, costas e joelhos da crian�a, ela afirma que o estresse causado pela situa��o tem desencadeado crises em sua filha e afetado todas as pessoas ao redor.
A menina foi diagnosticada com TEA quando tinha 1 ano e 7 meses e agora, cerca de dois anos e meio depois, vem passando pelo momento mais dif�cil desde ent�o.
A menina foi diagnosticada com TEA quando tinha 1 ano e 7 meses e agora, cerca de dois anos e meio depois, vem passando pelo momento mais dif�cil desde ent�o.

Karina explicou que est� tendo que carregar a filha, acalm�-la, sem transmitir nervosismo, para n�o piorar as crises. “Estou totalmente exausta, passando muito mal. Estou � base de medicamentos para poder aguentar. Estou com bastante dor no corpo, de cabe�a”, contou.
“Minha rotina e tudo mais foram abalados. � um cansa�o f�sico e mental. Eu vejo que minha filha est� sofrendo, mas ela n�o consegue falar”, disse Lima.
Um outro ponto ressaltado por Karina Lima foram questionamentos recebidos por ela em rela��o a uma poss�vel crise que sua filha tivesse tido na escola e que pudesse ter resultado nas les�es. “Isso n�o justifica. Minha filha � uma crian�a tranquila, raramente ela dava crise. E mesmo se tivesse dado, seria obriga��o da escola ter me notificado, mas n�o, apenas entregaram minha filha machucada”, argumenta.
Falta de rede de apoio
Karina Lima reclama, ainda, que n�o tem uma rede de apoio para cuidar de sua filha. M�e solo, a mulher recebe ajuda apenas de sua m�e e de seu padrasto para cuidar da menina. Apesar disso, a sa�de da av� da crian�a tamb�m preocupa. “Minha m�e tem l�pus, uma doen�a autoimune que avan�a de acordo com o estado emocional, fibromialgia, e est� bastante abalada tamb�m. Ela est� tentando segurar a barra e ser forte. Minha revolta � grande, muito grande”, disse.
Karina contou, ainda, que sua av�, de 94 anos, mora com ela e tamb�m � uma pessoa que necessita de cuidados.
“� revoltante ver minha filha sofrendo. Todo mundo aqui trata minha filha com todo amor e carinho, com tudo que a gente � instru�do a tratar uma crian�a com espectro autista, para vir uma pessoa e estragar tudo isso, e a gente ter que, simplesmente, recome�ar”, desabafou.
De acordo com Karina, sua filha tem tido muitos pesadelos, grita muito chamando a m�e e pedindo para “parar” e n�o consegue se comunicar, apenas quer ficar grudada com ela o tempo todo.
Romantiza��o da maternidade at�pica
“M�e At�pica” � o termo utilizado para se referir a m�es que t�m filhos com alguma defici�ncia ou s�ndrome rara. Atualmente, Karina n�o trabalha para cuidar da menina, que depende dela para levar para terapias, escola. “Ela n�o aceita mais ningu�m e meu estado de sa�de, principalmente, se reflete muito nela”, conta.
“A maternidade at�pica precisa parar de ser romantizada”, diz ela. “Escuto muito que sou guerreira, que se Deus me deu uma crian�a especial � porque eu tenho capacidade e sou escolhida, mas, na verdade, muitas vezes n�o quero ser enxergada como uma mulher guerreira, quero ser uma m�e como todas. Que tenha uma vida normal como as outras. Quero que minha filha seja enxergada como uma crian�a normal e n�o especial”, desabafa Karina.
Entenda o caso
Karina Lima, m�e de uma menina de 3 anos com transtorno do espectro autista denunciou agress�es � sua filha dentro da Escola Municipal de Educa��o Infantil (Emei) do bairro Ipiranga, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. Segundo ela, na �ltima sexta-feira (24/2), a crian�a chegou em casa com les�es “bem fortes e aparentes” nas coxas, costas e joelhos. Em v�deo, Karina mostrou os machucados pelo corpo de sua filha.
“O primeiro lugar que identifiquei foi a coxa, mas, ap�s o banho, vi tamb�m nas costas, al�m de um roxo em cada joelho, que s� apareceu no dia seguinte”, disse Karina, em seu Instagram.
Karina disse que, ao perceber as les�es, ela e o pai da menina levaram a crian�a � Delegacia de Plant�o de Atendimento � Mulher, no Barro Preto, na regi�o Centro-Sul da capital, onde fizeram um Boletim de Ocorr�ncia (BO).
Ap�s o registro do BO, a crian�a foi encaminhada ao Instituto M�dico-Legal (IML), onde exames feitos por um m�dico legista constataram que ela havia sofrido agress�es f�sicas causadas por um adulto, provavelmente por unhas.
A m�e disse, ainda, que vinha notando comportamentos estranhos da menina em casa e que isso levantou suspeitas de que algo poderia estar acontecendo.
Segundo ela, a crian�a diagnosticada com o transtorno do espectro autista, n�o verbal, que � quando a crian�a n�o tem o di�logo, fala apenas algumas palavras isoladas e se comunica por gestos. "Minha filha n�o � verbal, se eu n�o tivesse observado isso, ela estaria sofrendo at� hoje. Ela j� estava apresentando comportamentos estranhos, desde o segundo dia de aulas”, desabafou.
O que diz a Secretaria Municipal de Educa��o
Procurada pela reportagem do Estado de Minas, a Secretaria Municipal de Educa��o emitiu nota dizendo que j� est� ciente das den�ncias . “A Secretaria Municipal de Educa��o informa que est� ciente do caso. A diretoria regional est� acompanhando a situa��o e realizando as apura��es internas para a ado��o de medidas cab�veis.”