Em conversa com o Estado de Minas, a Dra. Maria de F�tima Ara�jo Martins, sex�loga e terapeuta de casais, relatou que o aumento de atendimentos em seu consult�rio chegou a gerar filas de espera. De acordo com a especialista, ficar muito tempo em casa – sem est�mulos externos – intensifica o estresse vivenciado pelos parceiros, inclusive pela presen�a constante dos filhos. Quanto mais pessoas ocupam o mesmo espa�o, maior o grau de estresse que ele proporciona. Outras dificuldades tamb�m surgem: a ansiedade aumenta, h� maior abuso de subst�ncias e os fatores emocionais ficam exacerbados.
O procedimento da separa��o pode ser bem �rduo para os participantes. � uma grande modifica��o do status quo e muitas pessoas podem n�o se dar bem com o processo de luto que o momento tr�s ou com a mudan�a de seu pr�prio status dentro da rela��o. “Tem at� uma ideia machista, aquela ideia representa um papel, sou uma esposa ou um marido.” – explica Maria de F�tima.
Para a advogada do direito da fam�lia e sucess�es, Carolina Pereira, a emancipa��o feminina trazida por m�dias como novelas tamb�m contribuiu para o aumento de separa��es: “A mulher agora consegue sair melhor [de situa��es abusivas]. Hoje se tem muita informa��o sobre a divis�o de pap�is de maneira saud�vel. A conscientiza��o tamb�m se deve aos meios de comunica��o, at� na teledramaturgia”.
Segundo a advogada, pesquisar bem o profissional que participa do processo � muito importante, j� que situa��es facilmente resolv�veis juridicamente recebem complica��es emocionais e quem acompanha o procedimento deve saber como abordar a situa��o para que ela n�o se alongue desnecessariamente. E Carolina ressalta: “S�o in�meras dificuldades, primeiro as psicol�gicas, n�o � um problema s� jur�dico, � muito dif�cil lidar com separa��o. O desejo de vingan�a ou tentativa de manter alguma rela��o at� por raiva pode estar presente. Voc� v� as pessoas unidas, mesmo pelo �dio. [...] O papel do advogado � racionar e diminuir os atritos”. Cart�rios podem agilizar o processo, mas o mais importante � estar perto de um profissional que entenda como conversar.
Segundo o presidente do CNB/MG, Victor de Mello e Moraes, � importante descartar que, al�m da dejudicializa��o de casos onde h� consenso entre as partes, o e-notariado tamb�m veio como um facilitador. “Nos cart�rios, os cidad�os podem contar com procedimentos menos burocr�ticos, evitando a morosidade do sistema judicial e com um diferencial: sem sair de casa. A plataforma do e-notariado elimina a necessidade do deslocamento das partes at� o tabelionato de notas”.
A comunica��o � o fator decisivo num bom relacionamento e para que o processo de separa��o seja o mais tranquilo o poss�vel. Da parte do casal, segundo Maria de F�tima, � preciso ouvir, para al�m de escutar: “um casal com dificuldades de se comunicar ter� muitos mais problemas . Tudo come�a pela mente, se tem uma distor��o da fala do outro, sem uma comunica��o boa, h� muito ru�do. Que o outro aprenda a ouvir, n�o escutar. O ouvido acolhe, espera o outro falar at� o final, cria um pensamento cr�tico, n�o leva pro pessoal. Saber separar situa��es de pessoas. Uma comunica��o saud�vel voc� tem gestos n�o agressivos. Criar empatia, ter interesse na fala do outro.”
Qual � o sinal mais comum de uma futura separa��o?
Para Maria de F�tima, o ind�cio mais expressivo de um desentendimento do casal � a falta de interesse sexual no parceiro. A perda da intimidade entre as partes ou mesmo a maior aten��o do casal para outras coisas como filhos podem sinalizar grandes dificuldades num relacionamento. A competitividade exacerbada, disputa intensa entre quem � melhor no casal tamb�m contribuem para a diminui��o do afeto.