
Aline Fernandes, que representa os familiares do beb� morto, disse que ap�s o ocorrido, a equipe costurou a cabe�a da crian�a no corpo e entregou o beb� para m�e ver. “A av� da crian�a, que j� estava muito nervosa, muito irritada com aquela situa��o, despiu a crian�a, tirou a toquinha, e viu que ela estava com v�rios hematomas, v�rias marcas de dedos, tava muito roxa a cabe�a, eles tentaram esconder isso com uma toquinha. E o pesco�o estava costurado, realmente”.
De acordo com Aline, a fam�lia da crian�a solicitou que fosse realizado um exame na crian�a para constatar que ela havia nascido com vida e que tinha sido morta por erro m�dico, mas o hospital informou que eles mesmos realizariam a necropsia da crian�a. “Foi nessa que a fam�lia procurou o aux�lio do nosso escrit�rio. Vamos buscar a repara��o dos danos na esfera civil e a responsabilidade criminal da m�dica, bem como do estado”.
Ela contou tamb�m que a fam�lia vive situa��o dif�cil. “A fam�lia se encontra extremamente abalada. S�o pessoas muito simples e que se encontram em extrema vulnerabilidade. Na quinta-feira (4/5), a m�e foi fazer exame de metr� e andou mais de trinta minutos, com 60 pontos, por n�o ter dinheiro pro Uber. � muito complicado”, lamentou a advogada.
Parto dif�cil
De acordo com Aline, a m�e da crian�a j� havia sido internada uma semana antes do parto com um quadro de hipertens�o. “Deram alta para ela na quarta-feira (26/4). Na sexta (28/4), ela retornou ao hospital, pois estava muito inchada, com reten��o de l�quido e press�o nas alturas. Assim sendo, avisaram para ela que precisariam induzir o parto”.
A m�e, ent�o, teria demonstrado a vontade de ter um parto ces�reo, assim como no nascimento de seu primeiro filho, hoje com nove anos. “Ela j� tinha tido problema na passagem da sua primeira crian�a, ela n�o tem passagem. � um problema que acomete v�rias mulheres, � super normal”, contou Aline.
Conforme a advogada, o parto induzido come�ou na madrugada de domingo (30/4) para segunda (1/5), ap�s bastante espera, visto que a m�e entrou em trabalho de parto �s 18h e a crian�a nasceria por volta das 3h do dia seguinte. “O parto demorou muito para come�ar. De meia em meia hora eles faziam o procedimento de escutar o cora��o da crian�a e a cada dez minutos vinham residentes fazer exame de toque na m�e, tanto que a crian�a nasceu cheia de marcas de dedos”.
Pai chegou a ver a crian�a viva
Aline Fernandes disse, ent�o, que houve muita dificuldade para a crian�a sair, mas que, em dado momento, a cabe�a apontou, momento em que a m�dica respons�vel pelo parto chamou o pai para ver a filha. O homem afirmou ter visto o beb� piscar e mexer a boca.
A m�dica ent�o teria dito que o beb� n�o iria sair naturalmente e perguntou se poderia cortar mais um pouco, sem anestesia. A m�e aceitou o procedimento, mas, mesmo com os dois novos cortes feitos, a crian�a ainda n�o saiu.
Conforme a advogada da fam�lia, a profissional da sa�de ent�o teria dito que subiria sobre a m�e e pediu que ela fizesse for�a. “Nessa de puxar a cabecinha da crian�a com as m�os para tentar tirar o corpinho, fazer a crian�a nascer efetivamente, aconteceu essa trag�dia de separar a cabe�a do corpo da crian�a”, contou Aline. Ela afirmou que tudo isso aconteceu na frente do pai e da av� da crian�a, tendo o homem ficado extremamente nervoso e comovido com o ocorrido, sendo necess�rio que dois residentes o segurassem.
Hospital lamenta ocorrido
O Hospital das Cl�nicas da UFMG, em nota, “lamentou profundamente” o acontecido e afirmou estar trabalhando na apura��o do caso. A unidade de sa�de disse, ainda, que prestar� apoio � fam�lia da crian�a. Veja, abaixo, a nota emitida:
“Em rela��o ao caso citado, o Hospital das Cl�nicas da UFMG, administrado pela Empresa Brasileira de Servi�os Hospitalares (EBSERH), lamenta profundamente o fato e se solidariza com a fam�lia neste momento de luto. O HC e a EBSERH empenhar�o todos os esfor�os para apura��o dos fatos e an�lise do caso e apoio � fam�lia”.
A reportagem procurou o Hospital das Cl�nicas para entender a din�mica do ocorrido, na vers�o da institui��o, como o caso est� sendo tratado internamente e quais foram os procedimentos tomados em rela��o aos profissionais envolvidos, mas a assessoria do centro de sa�de informou que o local estava sem internet durante esta segunda-feira (8/5) e que, por isso, n�o conseguiria responder �s demandas da imprensa at� que a conex�o fosse restabelecida. Em caso de resposta, a mat�ria ser� atualizada.
Pol�cia Civil investiga caso
A Pol�cia Civil (PC) afirmou que um inqu�rito foi instaurado para apurar as causas e circunst�ncias do caso. Al�m disso, a PC disse estar investigando se houve erro ou neglig�ncia m�dica. Ainda de acordo com o �rg�o, o corpo da rec�m-nascida foi submetido a necropsia no pr�prio hospital. Veja a nota na �ntegra:
“Em rela��o ao ocorrido na segunda-feira (1/5) em uma unidade hospitalar, no bairro Santa Efig�nia, na capital, a PCMG informa que a rec�m-nascida morreu durante o parto e esclarece que o corpo foi submetido a necropsia no pr�prio hospital. Um inqu�rito foi instaurado para apurar as causas e circunst�ncias do ocorrido e dilig�ncias est�o sendo realizadas com o intuito de elucidar o caso e para apurar se houve erro ou neglig�ncia m�dica. T�o logo seja poss�vel, outras informa��es ser�o divulgadas”.
Entenda
A 1ª Delegacia de Pol�cia Civil, no Centro, em Belo Horizonte, recebeu a den�ncia de que um beb� teria sido decapitado durante o parto no Hospital das Cl�nicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no bairro Santa Efig�nia, na regi�o Centro-Sul da capital. A ocorr�ncia foi registrada como homic�dio.
O caso chegou ao conhecimento das autoridades na �ltima quarta-feira (3/5), quando a irm� da v�tima procurou a delegacia. Segundo ela, a m�e n�o p�de comparecer � unidade por estar muito abalada com a situa��o. O parto mal sucedido foi feito, de acordo com a den�ncia, na segunda-feira (1/5).
Ela relatou ainda que o pai da crian�a e a m�e da v�tima acompanharam o procedimento. O homem, conforme a irm�, teria visto a cabe�a da filha para o lado de fora e percebeu a crian�a mexendo a boca e os olhos. No entanto, ao observar mais de perto, percebeu que a m�dica tinha “arrancado a cabe�a da crian�a”.