
Gesiane � m�e de Sarah. A menina nasceu em 6 de fevereiro, prematura com sete meses (28 semanas e seis dias). Antes disso, no sexto m�s de gesta��o, a m�e j� precisou ficar internada porque come�ou a perder l�quido amni�tico, al�m de descobrir uma diabetes gestacional. A menina nasceu com 1,07kg, com problemas pulmonares.
Sarah precisou ficar dois meses e meio internada na UTI Neonatal do Hospital M�rcio Cunha, administrado pela Funda��o S�o Francisco Xavier, em Ipatinga, no Vale do Rio Doce. A m�e conta que uma psic�loga do hospital j� havia conversado com ela sobre a possibilidade de interna��o do beb�.
“Ela me explicou e conversou bastante comigo. Mas, ainda assim, a gente n�o tem no��o de como � l�. N�o � f�cil. Ali voc� convive com v�rias pessoas. Tem dias que seu filho est� bem e voc� est� alegre, mas tem dias que o filho de outras m�es n�o est� muito bem e voc� acaba se entristecendo por causa disso. V�rias vezes, sa�a de l� chorando por causa de outros beb�s que tamb�m estavam internados l�. A dor de uma m�e � a dor de todas’, desabafa.
Durante este per�odo, a m�e, que mora em Vargem Alegre, precisou se mudar para a casa de uma tia, em Ipatinga. Ela passava o dia com a filha no hospital e s� ia dormir na casa da tia. A estudante conta que pegou uma gripe e precisou ficar uma semana sem ver a filha. Nesse per�odo, a equipe do hospital fazia videochamadas para a m�e ver como a beb� estava.
Volta para casa
Geisiane � casada h� seis anos e tenta engravidar desde que o casamento completou um ano. As duas finalmente voltaram para casa em abril. Ela conta que sentiu um misto de alegria e medo. “Vivemos tantas coisas ali dentro e pensava se conseguiria dar conta de cuidar dela em casa. N�o � um beb� que nasceu e foi direto para casa, teve que ficar aos cuidados m�dicos em uma UTI”, explica.
As duas n�o se desgrudam desde que sa�ram do hospital. “Ela dorme todos os dias colada comigo, se acostumou. Se eu coloco no ber�o, ela acorda.” Segundo a m�e, na UTI Neonatal, as crian�as s�o colocadas junto ao corpo delas, para poderem escutar o cora��o. “Agora ela s� dorme assim, ouvindo meu cora��o.”

O primeiro Dia das M�es com a filha ser� motivo de muita comemora��o. "Minha filha foi um milagre de Deus. Ela foi guerreira demais. Nasceu bem pequena e muito fr�gil e hoje est� muito saud�vel. Ser m�e � um presente de Deus, � um amor incondicional.”
A data tamb�m ser� cercada de cuidados e restrita aos pais, j� que a menina ainda n�o pode receber visitas. “S� eu e meu marido temos contato com ela. Ela s� sai para tomar vacina, ir ao pediatra e mais nada.”
Experi�ncia para vida
Rafaela � m�e de Ravi. O menino nasceu em 29 de janeiro, tamb�m prematuro com sete meses (29 semanas e seis dias), pensando 1,428 kg e ficou 37 dias na mesma UTI Neonatal que Sarah. Durante este per�odo o beb� teve uma anemia.
“Eu ia �s 7h e, no in�cio, sa�a de l� �s 18h. Com o tempo, a gente vai ficando cansada, ent�o sa�a �s 15h. Mas ia todos os dias.”
Ela diz que, mesmo sabendo da possibilidade de interna��o do filho, a not�cia foi um baque. “J� sabia que um beb� prematuro precisa ficar na UTI. Mas, ver ele l�, t�o pequenininho, com a sonda. Aquela cena, bateu uma tristeza. Com o tempo, a gente vai se acostumando, vendo o beb� crescer, os cuidados das enfermeiras. � uma experi�ncia que vou levar para o resto da vida”, afirma.
Rafaela destaca que a conviv�ncia com as outras m�es na UTI criou la�os que permanecem ap�s a alta. Ela acabou ficando amiga de algumas, elas conversam e trocam experi�ncias.

“Ali dentro acabamos virando uma fam�lia. As m�es que convivem na Sala de leite. Pass�vamos muito tempo juntas ali, tirando leite, conversando.” Outras pessoas importantes no per�odo da interna��o eram as enfermeiras. "Chegava l�, �s vezes, desanimada. Elas davam apoio, colocavam um sorriso no nosso rosto, falavam que estava tudo bem com meu filho, que ele estava crescendo. Aquilo me fazia ter �nimo pra continuar porque n�o � f�cil”, lembra.
A m�e diz que ficou feliz quando soube que Ravi ia receber alta. “Nem acreditei, fiquei t�o feliz.” Ela tamb�m relata que deixar o hospital com o filho provocou um misto de felicidade e apreens�o. “D� inseguran�a. Aqueles aparelhos mexem muito com a gente. Ficava com medo dele ter alguma coisa em casa, at� chegar no hospital de novo. A gente surta. Aos poucos o medo foi passando”, desabafa.
O primeiro Dia das M�es com o filho em casa vai ser de muita comemora��o. “Vai ser maravilhoso, com um present�o. Eu n�o esperava passar o Dia das M�es com meu filho nos bra�os.” Ela conta que ainda n�o se planejou, mas deve passar a data na casa da m�e, com a fam�lia toda reunida. “Estou empolgada, � uma felicidade t�o grande.”
Suporte durante a interna��o
Maiara Fagundes de Almeida � psic�loga da UTI neonatal do Hospital M�rcio Cunha. � ela que acompanha as m�es desde a interna��o - j� que muitas precisam se internar por risco de parto prematuro, como no caso de Gesiane - at� a alta. A psic�loga explica que as gestantes precisam de um suporte psicol�gico de v�rios profissionais.
"� um momento muito delicado na vida dessa m�e e de toda a fam�lia. Ela tem toda a idealiza��o de uma maternidade e isso se frustra quando o beb� precisa ficar internado em uma UTI. Sai do que foi planejado, toda a fam�lia sofre. Por isso � t�o importante atuar com recursos de enfrentamento e com t�cnicas de humaniza��o”, ressalta.
A psic�loga lembra ainda que h� uma quebra de expectativas. Por isso, � t�o importante a m�e receber um suporte emocional e o profissional fazer uma interlocu��o entre a fam�lia e a equipe m�dica.
“Hoje na UTI neonatal do hospital, fazemos essa interlocu��o com a fam�lia, damos todo o suporte para a m�e ficar o dia inteiro ao lado do seu filho.”
Na unidade, as m�es recebem alimenta��o, h� um local de descanso e os av�s podem visitar os beb�s duas vezes por semana. M�e e beb� tamb�m podem receber videochamada dos irm�os mais velhos para estreitar os la�os e permitir uma intera��o da fam�lia.