
O mineiro, natural de Juiz de Fora, � desenvolvedor de softwares e prefere n�o se identificar para manter a vida e as atitudes preservadas. "Prefiro manter o anonimato porque n�o quero ser visto como algu�m que faz marketing em cima da vulnerabilidade de outras pessoas. Muitos acham que � uma estrat�gia, que a qualquer momento posso anunciar a venda de um produto, mas a ideia n�o � essa", diz o investidor.
Na tarde desta sexta-feira, ele andou pela Pra�a da Liberdade, na regi�o Centro-Sul de BH. Ponto tur�stico da cidade, o local concentra ambulantes que oferecem produtos para os visitantes dos v�rios museus no entorno. Simples, ele e esposa caminham � procura de algu�m que esteja suscet�vel a receber o dinheiro.
"A a��o � voltada para trabalhadores que est�o na batalha do dia a dia, como ambulantes e entregadores. N�o vai mudar a vida deles, mas influencia de forma positiva, at� mesmo na quest�o psicol�gica. Eles percebem que algu�m se importa", explica.
Quem recebeu a primeira doa��o foi o Paulo, um vendedor de algod�o doce. Com uma abordagem de quem vai comprar, o investidor perguntou quanto custava o produto. "� R$ 10", disse o ambulante. De repente, o trader tirou R$ 100 para pagar e entregou ao homem, que recebeu o dinheiro de forma t�mida.

� reportagem, o vendedor disse que o dia estava ruim e estava nas ruas desde as 8h. "Hoje eu s� vendi dois. Ainda n�o consegui parar e comer alguma coisa, mas vou agora. Quando vendo todos os algod�es doces, d� uma m�dia de R$ 500. Esse dinheiro me ajudou bastante", conta.
'Prop�sito de vida'
Enquanto procuravam outra pessoa para receber a doa��o, o casal afirma que o projeto 'Trader do bem' � um prop�sito de vida, e ambos vivem disso. Ela, que � doutora em enfermagem, conta que est�o casados h� quase sete anos e fazer as doa��es a fez perceber a rua de outra forma. "�s vezes estamos andando de um ponto a outro e n�o observamos como a rua est� acontecendo. Com esse trabalho, a gente se sente em comunidade. Mais do que doar o dinheiro, mostramos que pertencemos �quele espa�o", diz.
Logo outra vendedora foi avistada. Desta vez, � Cl�udia M�rcia, que vende �gua de coco na pra�a. O investidor pediu uma �gua de R$ 10, e a vendedora logo preparou a garrafinha. Na hora do pagamento, a mesma situa��o. Desconfiada, ela disse que n�o tinha troco para R$ 100. "Pode ficar com o troco", disse o homem, que pediu mais �gua e, novamente, entregou outra nota.

"J� cheguei a faturar R$ 400 quando vendo todos os cocos, mas no inverno � complicado. Esses R$ 150 que ele pagou j� cobrem, praticamente, o dia inteiro; ficaria faltando s� um para acabar. Fiquei muito alegre, mas eu vou guardar esse dinheiro no banco, nunca recebi tanto assim de um desconhecido", finaliza.
O casal n�o trabalha mais nas �reas de origem e vivem com os rendimentos das opera��es no mercado financeiro. Cerca de R$ 5 mil s�o destinados para as doa��es a cada m�s e, al�m das entregas nas ruas, eles escolhem institui��es de caridade para receber o dinheiro.
A a��o continua nas ruas de BH pelos pr�ximos 12 dias, mas sem locais definidos. Eles divulgam as doa��es pelo Instagram, no perfil Trader do Bem.