
Tecnicamente, o t�tulo concedido � "Delibera��o do Registro do Sistema Agr�cola Tradicional de Apanhadoras e Apanhadores de Flores Sempre-vivas", contemplando a por��o meridional da Serra do Espinha�o, onde est� Diamantina, cujo Centro Hist�rico � reconhecido como Patrim�nio Mundial. A vota��o ocorreu durante a 1ª Reuni�o Ordin�ria 2023 do Conep, no Centro de Arte Popular (CAP), no Circuito Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. A reuni�o do Conep foi presidida pela secret�ria-adjunta estadual de Cultura e Turismo, Milena Pedrosa.
Trata-se de mais um reconhecimento para a cultura das sempre-vivas, que, em mar�o de 2020, recebeu o t�tulo conferido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Alimenta��o e a Agricultura (FAO) como integrante do programa Sistemas Importantes do Patrim�nio Agr�cola Mundial (Sipam). Foi a primeira experi�ncia com tal destaque no Brasil e quarta na Am�rica Latina, com destaque para as fam�lias apanhadoras de sempre-vivas, personagens t�picos da Serra do Espinha�o, cuja parte em Minas se tornou Reserva da Biosfera.
A decis�o do Conep encheu de entusiasmo a apanhadora de flores Maria de F�tima Alves, integrante da coordena��o da Comiss�o em Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas (Codecex). Para ela, residente em Diamantina, o reconhecimento traz esperan�a, por ser uma forma de proteger o territ�rio e o modo de vida tradicional dos apanhadores, devendo, necessariamente, trazer um plano de salvaguarda para a preserva��o da atividade. "Trata-se de uma conquista importante, pois estamos nesse di�logo com o Iepha desde 2017. J� temos o t�tulo da FAO, e agora temos mais uma ferramenta na luta das comunidades", ressaltou Maria de F�tima.
Tradi��o das Sempre-vivas
A chamada "panha de flores" come�ou h� mais de um s�culo na regi�o. Al�m da import�ncia econ�mica, a atividade ultrapassa os limites do uso na ornamenta��o. No caso espec�fico das sempre-vivas, segundo moradores, h� um conjunto complexo, no qual a 'panha' da flor � parte. Na regi�o, desenvolve-se a agricultura familiar, o manejo da cultura e outros fatores fundamentais para a soberania familiar (direito de a comunidade decidir seu sistema alimentar e produtivo, definir alimentos saud�veis e culturalmente adequados, produzidos de forma sustent�vel e ecol�gica).
"O duplo reconhecimento da coleta da sempre-viva destaca a manufatura ou 'as m�os do Jequitinhonha", que, h� s�culos, se dedicam � atividade guiada pela sustentabilidade. Nessa regi�o de um 'patrim�nio vivo e fundamental na hist�ria de Minas Gerais', as m�os criativas trabalham o barro, a madeira, as flores e outros elementos que se transformam em pura arte", disse, nesta tarde, o secret�rio de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Le�nicas Oliveira, tamb�m presidente do Conep. Ele explica que o Registro do Sistema Agr�cola Tradicional... equivale ao de Patrim�nio Cultural Imaterial.
Economia mineira
A resist�ncia �s crises c�clicas da economia brasileira faz parte da hist�ria das comunidades que preservam a centen�ria tradi��o mineira da coleta das flores sempre-vivas na por��o meridional da Serra do Espinha�o, regi�o do Vale do Jequitinhonha. Como a express�o bem define, essa beleza natural representa o conjunto da diversidade da flora local capaz de manter sua estrutura, colora��o e firmeza ap�s a colheita e o processo de secagem, imprimindo originalidade ao artesanato t�pico.

O Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG), vinculado � Secult, tem registradas em seu Cadastro do Patrim�nio Cultural 12 popula��es que desenvolvem esse sistema agr�cola tradicional, reconhecido como parte do programa Sipam/FAO. A certifica��o foi concedida em mar�o de 2020, quando a COVID-19 havia sido recentemente declarada emerg�ncia nacional de sa�de p�blica e o v�rus assustava com o surgimento dos primeiros casos de contamina��o e as informa��es ainda preliminares sobre como combater a doen�a.
Salvaguarda e gera��o de renda
O registro da coleta de flores permitir� a salvaguarda do sistema agr�cola, que � compreendido pelo conjunto de saberes das comunidades da por��o meridional da Serra do Espinha�o, em Minas Gerais, e das celebra��es, rituais, express�es culturais. Al�m da coleta das flores, as comunidades realizam outras atividades produtivas que garantem a complementa��o de renda, seguran�a econ�mica e alimentar, como ro�as, cria��o de animais e coleta de produtos do agroextrativismo, a exemplo de frutos e plantas medicinais
