A advogada e ex-policial militar, Bruna Celle, de Barbacena, Regi�o Central de Minas, usou as redes sociais para expor o ass�dio moral e sexual que sofreu durante o exerc�cio da profiss�o no estado.
“Decidi expor para voc� os motivos que me levaram a pedir baixa da Pol�cia Militar de Minas Gerais e contar um pouco dos fatos que transformaram meu sonho e minha carreira em um verdadeiro pesadelo”.
Bruna afirma que pediu baixa da PM h� mais de dois meses e que, inicialmente, n�o falaria sobre o caso. Mas que, devido ao caso da escriv� da Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG) Rafaela Drumond, encontrada morta pelos pais no in�cio do m�s na cidade de Ant�nio Carlos, ela decidiu exp�r a situa��o.
“Eu cheguei solteira no batalh�o e deixei bem claro que n�o queria me envolver com ningu�m do trabalho. Quando comecei a falar n�o, comecei a n�o ceder a nenhuma investida, comecei a ser punida pelas escalas”.
De acordo com o relato de Bruna, ela gastava cerca de cinco horas para ir e voltar do trabalho, j� que atuava em uma cidade e morava em outra. Como forma de puni��o, ela era colocada em escalas irregulares, o que impossibilitou a volta para casa e a impediu de ver a filha.

“Eu tentava pedir para olhar, porque eu trabalhava mais que as outras pessoas, eu dava muito mais horas de trabalho do que os outros. A base da pol�cia � hierarquia e disciplina. Na quest�o da hierarquia, a minha escala deveria ser a melhor porque eu era a mais bem classificada dos meus colegas do meu pelot�o”.
Al�m disso, Bruna afirmou que passou a receber processos administrativos. Em quase sete anos de profiss�o, a ex-policial recebeu ao menos 15 processos e contratou uma assessoria jur�dica para ajud�-la.
“A persegui��o come�ou a ficar muito pesada. Ficou muito claro que era uma persegui��o. Meus colegas de profiss�o me zombavam, passei a ser apelidada no trabalho de ‘sapat�o’, por n�o ceder �s investidas”.
Bruna contou que passou a ter medo de trabalhar e come�ou a ter crises de p�nico. Em determinado momento, a ex-policial procurou atendimento psiquiatra e passou a tomar rem�dios antidepressivos.
“Eu n�o deixava transparecer nada, ia trabalhar de cabe�a erguida. N�o queria transparecer que aquilo me afetava de alguma forma. Comecei a passar para outras pessoas o que estava acontecendo e muitas me ouviram. Mas as pessoas que podem fazer alguma coisa, n�o fizeram nada”.
Ela ainda contou que chegou a buscar aux�lio psicol�gico com a Pol�cia Militar, mas que n�o houve sigilo com o que foi dito na consulta e que passou a ser ainda mais punida.
Em mais de dez minutos de depoimento, Bruna faz algumas pausas devido � emo��o do depoimento. “A sensa��o � que voc� est� gritando e ningu�m te escuta”.
Em nota, a Pol�cia Militar de Minas Gerais afirmou que foram instaurados dois procedimentos para apura��o das den�ncias para verificar a exist�ncia de crimes e transgress�es disciplinares cometidos pelo denunciado.
“A PMMG esclarece que no caso em quest�o, o policial acusado foi transferido de imediato para outra Unidade, situada em cidade distinta a que servia a denunciante, com o fulcro de garantir a lisura das apura��es e a prote��o da v�tima. A Institui��o reitera seu compromisso com a verdade e reafirma que n�o coaduna com condutas que configurem ass�dio sexual, moral ou de preconceito, apurando com severidade todas as den�ncias que aportam na corpora��o”.