
Em 2017, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) iniciou um processo para controlar a popula��o de capivaras na Lagoa da Pampulha, restringindo a reprodu��o dos animais por meio da esteriliza��o e microchipagem. "Os adultos n�o t�m a doen�a, n�o transmitem. Com a esteriliza��o, n�o houve mais multiplica��o da doen�a", explica Leonardo Maciel, gerente de Defesa dos Animais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA). A medida veio depois da morte de um menino de dez anos, em 2016, ap�s um passeio na lagoa.
Os animais continuam sendo monitorados pela PBH. "Mesmo quando n�o houver capivaras, o monitoramento deve ser cont�nuo", afirma. De l� para c�, o n�mero de capivaras no local diminuiu consideravelmente. A contagem pulou de cerca de 100 animais para 12, conforme levantamento feito no ano passado. Al�m da esteriliza��o, outros fatores contribuem naturalmente para a redu��o das capivaras na Lagoa da Pampulha. "Houve mortes naturais e outras por disputa de territ�rio com outros animais da regi�o", aponta Maciel.
A presen�a das capivaras traz um alerta para a doen�a, mas o gerente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente ressalta que o animal n�o � o vil�o. "Provamos cientificamente que o manejo �tico das capivaras foi o que levou ao controle dos quadros cl�nicos. Uma doen�a n�o � culpa de ningu�m. A capivara n�o merece ser atacada", destaca. A febre maculosa � transmitida pela picada do carrapato e � causada pela bact�ria do g�nero Rickettsia. A doen�a n�o passa diretamente entre pessoas pelo contato.
Apesar de Belo Horizonte n�o ter casos de febre maculosa h� dois anos, a popula��o deve se manter alerta e tomar cuidados ao visitar �reas de mata, n�o apenas a Lagoa da Pampulha. Parques e �reas de mata pr�ximas a c�rregos, rios e lagos podem ser pontos de risco. Especialistas recomendam prote��o individual a qualquer pessoa que tenha contato com �reas de mata. "Sempre depois de uma atividade ao ar livre, ver se n�o est� com algum carrapato no corpo. Avisar o m�dico que esteve em local de mata, caso tenha algum sintoma", alerta o gerente da SMMA.
Febre maculosa em MG
Minas Gerais registrou, s� neste ano, nove casos de febre maculosa e, desses, dois resultaram em morte, ambos registrados em Manhua�u, na Zona da Mata mineira, conforme dados da Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG). O �ndice de letalidade, em 22%, mostra o quanto a doen�a pode ser potencialmente fatal, e demanda aten��o da popula��o e do poder p�blico.
A doen�a ocorre em todo o estado, com destaque para as macrorregi�es de sa�de Centro, Vale do A�o, Leste e Leste do Sul, aponta documento divulgado pela SES-MG. Embora os casos possam ocorrer durante todo o ano, trata-se de uma doen�a sazonal. "Verifica-se que a maior frequ�ncia de casos � registrada no per�odo de seca, especialmente entre os meses de abril a outubro", diz o informativo.
De acordo com o documento, elaborado pela Coordena��o de Zoonoses e Vigil�ncia de Fatores de Risco Biol�gicos, entre 2018 e 2022 foram confirmados 190 casos da doen�a no estado e 62 �bitos, com taxa de letalidade m�dia no per�odo de 33%. As faixas et�rias mais acometidas est�o compreendidas entre 41 a 60 anos, com 72 casos confirmados no per�odo de 2018 a 2022; na popula��o infantil (faixa et�ria at� 10 anos), foram registrados 28 casos confirmados.
Exames aumentam em Minas
Pelo menos 80% da demanda de exames para diagn�stico de febre maculosa na Funda��o Ezequiel Dias (Funed) s�o de Minas Gerais, onde j� foram registradas duas mortes pela doen�a neste ano. Somente entre 1º e 19 de junho, 160 amostras deram entrada na institui��o com suspeita da doen�a, conforme divulgado nesta sexta-feira (23/6). Os outros 20% s�o do Cear�, Distrito Federal, Goi�s, Pernambuco, Rio de Janeiro e Tocantins.
O diagn�stico tardio � um dos fatores que elevam a gravidade da doen�a, que se manifesta de forma repentina, e com sintomas semelhantes a outras infec��es, como febre alta, dor na cabe�a e no corpo, falta de apetite e des�nimo. O quadro se agrava com n�useas e v�mitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, incha�o e vermelhid�o nas palmas das m�os e sola dos p�s, gangrena nos dedos e orelhas. Nos casos mais graves, pode haver paralisia, come�ando nas pernas e subindo at� os pulm�es, o que pode causar parada respirat�ria.
A doen�a tem cura, desde que o tratamento com antibi�ticos espec�ficos seja administrado nos primeiros dois ou tr�s dias da infec��o. De acordo com o Minist�rio da Sa�de, mesmo sem diagn�stico confirmado, o medicamento deve come�ar a ser aplicado. Atrasos no diagn�stico e, consequentemente, no in�cio do tratamento podem provocar complica��es graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins, dos pulm�es e das les�es vasculares e levar ao �bito.