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Estado de Minas HIST�RIA RESGATADA

Por que diferentes cidades de Minas rezam hoje pela volta da av� de Jesus

No dia dedicado a Santana, m�e da Virgem Maria, fi�is renovam ora��es e a esperan�a no retorno de imagens levadas por ladr�es ou como prote��o antifurto


26/07/2023 04:00 - atualizado 26/07/2023 05:26
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Padre Felipe Lemos, de Santa Luzia, com foto da peça que é alvo de embate judicial: 'Quantas pessoas já rezaram diante dessa imagem?'
Padre Felipe Lemos, de Santa Luzia, com foto da pe�a que � alvo de embate judicial: "Quantas pessoas j� rezaram diante dessa imagem?" (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press )

Nesta quarta-feira (26/7), quando se celebra na tradi��o cat�lica o dia de Santana ou Santa Ana, m�e da Virgem Maria, av� de Jesus e que re�ne uma legi�o de devotos nas cidades nascidas nos tempos �ureos da minera��o, duas comunidades mineiras refor�am suas preces e a expectativa pelo retorno de imagens da santa. Mas com diferen�as: enquanto n�o h� not�cia sobre o paradeiro da padroeira do distrito de Inha�, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de BH, na Grande BH, a volta depende de decis�o judicial.

 

A exemplo do que ocorre em outras cidades mineiras, a comunidade de Inha� n�o perde as esperan�as, diz o titular da Par�quia de Santana, padre Carlos Francisco Dupin, que, no �ltimo domingo (23/7), rezou com fi�is durante a novena para que a imagem volte ao altar. “Estamos na maior expectativa. Muitos moradores, principalmente os mais idosos, j� confidenciaram que n�o gostariam de morrer sem ver o retorno da padroeira”, afirma o padre Carlos Dupin. Duas vezes furtada, a primeira em 1997, a imagem de Santana Mestra de Inha�, joia do s�culo 18, � sempre destaque das campanhas de resgate de bens desaparecidos.

 

J� em Santa Luzia, o reitor e p�roco do Santu�rio Arquidiocesano Santa Luzia, padre Felipe Lemos de Queir�s, aguarda, assim como os fi�is, um desfecho para a longa trajet�ria da imagem de Santana Mestra, atualmente sob guarda do Centro de Conserva��o e Restaura��o de Bens Culturais M�veis, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (Cecor/UFMG). A pe�a, que pertenceria a uma capela j� demolida no Centro Hist�rico da cidade, foi a leil�o em 2003, no Rio de Janeiro (RJ), sendo adquirida por um empres�rio e, mais tarde, entregue �s autoridades.

 

“N�o perdemos a confian�a nem a f�, pois se trata de um bem espiritual e de uma parte da hist�ria de Santa Luzia. Quantas pessoas j� rezaram diante dessa imagem?”, observa o padre Felipe, segurando uma p�gina do cat�logo do leil�o realizado h� 20 anos, na capital fluminense, do qual foram retirados os chamados “anjos barrocos”, que j� retornaram ao santu�rio, onde se encontram at� hoje em exposi��o. Os objetos de f� estavam em m�os de um colecionador, e, por medida judicial, ap�s per�cia de especialistas, retornaram em 2004 ao templo do s�culo 18, localizado na Pra�a da Matriz.

Peça que é alvo de embate judicial
Pe�a que � alvo de embate judicial (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. press/reprodu��o)

Em rela��o � Santana Mestra (imagem de 90 cent�metros de altura), em 2006 o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) ajuizou a��o contra o colecionador (j� falecido) que adquiriu o item hist�rico, “ap�s constata��o de que foram levadas a leil�o v�rias pe�as sacras oriundas de templos religiosos de Minas Gerais, sem comprova��o de autoria ou indica��o de sua proced�ncia l�cita”.

 

Antes do ajuizamento da a��o principal, o MPMG havia pleiteado medida liminar para busca e apreens�o de v�rios bens, entre eles a imagem esculpida em cedro policromado e dourado, com resplendor e coroa de prata. Durante o processo, foram ouvidas as moradoras Dalma Aparecida Martins e Maria Francisca Augusta, que reconheceram a imagem como da antiga capela – as duas morreram sem concretizar o desejo de ver a santa de volta.

Decis�o

Cumprindo decis�o judicial, a Santana Mestra foi entregue ao comprador, em 2005, pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), at� que, em 2013, em nova decis�o judicial, a imagem foi levada, para fins de complementa��o da per�cia, ao Cecor/UFMG. Enquanto isso, a Mitra Arquidiocesana de BH requeria a restitui��o da pe�a para o acervo da Par�quia de Santa Luzia.

 

“O MP refor�ou ao Ju�zo a necessidade de restitui��o da Santana Mestra � Par�quia Santa Luzia, porque, al�m dos robustos elementos sobre a origem da pe�a, a Mitra manifestou interesse de que ela seja reintegrada ao acervo do santu�rio da cidade”, afirma o promotor de Justi�a Marcelo Maffra.

 

Padre Felipe j� imagina o espa�o da igreja para receber a imagem, embora lembrando que tudo ser� feito de acordo com o Iepha, respons�vel pelo tombamento do templo.

A Santana Mestra de Inhaí, distrito de Diamantina: imagem da padroeira furtada duas vezes ainda é procurada por fiéis e autoridades de Minas
A Santana Mestra de Inha�, distrito de Diamantina: imagem da padroeira furtada duas vezes ainda � procurada por fi�is e autoridades de Minas (foto: Minist�rio P�blico de Minas Gerais/Divulga��o )
 

Mem�ria
De volta �s origens

Ao longo do s�culo passado, foram muitas as a��es com bons resultados em busca de tesouros desaparecidos de Minas, especialmente pe�as sacras. Embora a mobiliza��o pelo resgate do patrim�nio tenha se intensificado h� duas d�cadas, um dos casos mais emblem�ticos de recupera��o ocorreu em 1971, em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, onde houve furto de 10 imagens, incluindo a da padroeira. Em opera��o comandada pelo ent�o secret�rio de estado de Seguran�a P�blica, coronel Odelmo Teixeira Costa, os ladr�es foram presos, e o objetos de f� voltaram � igreja, em meio a grande festa na Pra�a da Matriz, conforme mat�ria publicada pelo Estado de Minas em 18/5/71. Hoje um dos templos mais seguros do estado, o santu�rio carecia na �poca de equipamentos de vigil�ncia para impedir a ousadia dos ladr�es. Situa��o que ainda ocorre em muitos monumentos hist�ricos mineiros.

 

Minas para sempre

Segundo o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), 

para seguran�a dos bens tombados no estado foi institu�do o programa Minas para Sempre. 

Ele contempla 57 bens, e teve in�cio efetivo em setembro/2021, com dura��o de 36 meses.

 

 

Santana da capela de Fazenda do Fidalgo, em Lagoa Santa, está sob a guarda da Arquidiocese de BH por segurança e hoje retornará, mas apenas para os festejos da data
Santana da capela de Fazenda do Fidalgo, em Lagoa Santa, est� sob a guarda da Arquidiocese de BH por seguran�a e hoje retornar�, mas apenas para os festejos da data (foto: Hebert J�nior/Memorial da Arquidiocese de BH/Divulga��o )
 

Quando at� os santos precisam de prote��o

 

Muitos furtos em igrejas e capelas de Minas, ao longo dos anos, ocorreram por falta de seguran�a e vigil�ncia nos templos. A situa��o j� mudou, mas ainda precisa de aperfei�oamentos, segundo especialistas do setor. Para frear a ousadia dos ladr�es e proteger os acervos, imagens e outras pe�as sacras foram transferidas para museus e outros espa�os.

 

Um dos itens hoje sob guarda da Arquidiocese de Belo Horizonte, na capital, � uma imagem de Santana pertencente � capela da comunidade de Fazenda do Fidalgo, em Lagoa Santa, na Regi�o Metropolitana de BH. Hoje, dia consagrado � m�e da Virgem Maria e av� de Jesus, segundo a tradi��o cat�lica, a escultura do s�culo 18, em policromia, far� uma visita especial aos moradores da localidade distante 15 quil�metros da sede municipal. Entre as comemora��es, haver� missa �s 19h. Os festejos ir�o at� domingo (30/7).

 

Embora restaurada recentemente, a Capela de Santana ainda n�o oferece a seguran�a necess�ria para abrigar o bem espiritual e cultural, informa o padre Lu�s Gustavo de Oliveira, titular da Par�quia S�o Paulo Mission�rio. “Nos dias em que a pe�a estiver aqui, ficar� em local seguro. � uma alegria muito grande receber a imagem da nossa padroeira, mesmo que por poucos dias”, disse o padre.

 

O trabalho de restaura��o do templo se tornou poss�vel gra�as ao Projeto Igreja Segura, fruto de a��o do Minist�rio P�blico de Minas Gerais com a Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte. Erguido em 1745, a singela constru��o � um dos bens de grande import�ncia hist�rica e cultural para a regi�o, tendo merecido tombamento municipal em 2008.

 

De acordo com informa��es do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha), a capela j� disp�e de todo o sistema de alarme. Em nota, o instituto informa que a imagem ainda n�o voltou ao local de origem por falta de instala��es el�tricas e c�meras, que est�o sendo providenciadas pela pr�pria igreja.

 

Cruzada pelo patrim�nio

A s�rie “Hist�ria resgatada”, publicada desde o �ltimo domingo (23/7) pelo Estado de Minas, retrata os 20 anos de uni�o de esfor�os pela recupera��o de pe�as do patrim�nio mineiro saqueadas ao longo de s�culos. A primeira reportagem mostrou que a campanha Boa F�, de devolu��o espont�nea de itens indevidamente retirados de igrejas e museus, � o cap�tulo mais recente de uma mobiliza��o intensificada em 2003, ano cr�tico para furtos de bens hist�ricos em Minas. Na segunda-feira (24/7), o coordenador das Promotorias de Defesa do Patrim�nio de Minas Gerais, Marcelo Azevedo Maffra, em entrevista ao EM, fez um balan�o positivo da atua��o do MP nas �ltimas duas d�cadas, embora reconhe�a que ainda h� muito a ser feito. A edi��o de ter�a-feira (25/7), pen�ltima desta sequ�ncia, mostrou a esperan�a de moradores do distrito de Itatiaia, em Ouro Branco, na recupera��o de cerca de 20 objetos de f� levados por ladr�es em 1994, al�m da lista das 20 cidades mineiras com maior n�mero de itens hist�ricos desaparecidos. 

 


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