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Estado de Minas DOIS BRASIS EM MINAS

Com a maior renda por pessoa no pa�s, cidade mineira vira canteiro de obras

S�o Gon�alo do Rio Abaixo surfa na onda dos impostos gerados em torno da minera��o e investe em infraestrutura e servi�os para a popula��o


06/08/2023 04:00 - atualizado 06/08/2023 15:23
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Centro de São Gonçalo do Rio Abaixo: pujança financeira da cidade de 12 mil habitantes contrasta com a situação da maior parte do Brasil
Centro de S�o Gon�alo do Rio Abaixo: pujan�a financeira da cidade de 12 mil habitantes contrasta com a situa��o da maior parte do Brasil (foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Quem anda pelas ruas movimentadas da pequena S�o Gon�alo do Rio Abaixo, com apenas 12 mil habitantes, na Regi�o Central de Minas Gerais, nem imagina que est� pisando na cidade mais rica do pa�s em termos de arrecada��o por habitante. Os moradores do munic�pio, localizado a 86 quil�metros de Belo Horizonte, tamb�m n�o t�m ideia dessa realidade econ�mica, mas sentem no dia a dia a pujan�a financeira, que destoa da maioria das cidades de Minas e do Brasil, inclusive das capitais, cidades com arrecada��es tribut�rias elevadas, mas com baixa capacidade de investimento em fun��o do tamanho da popula��o e dos problemas.

S�o Gon�alo tem, de acordo com o Instituto de Pesquisas Econ�micas e Aplicadas (Ipea), o maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita (R$ 209 mil por habitante) e a maior arrecada��o dos impostos sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os (ICMS) e sobre Servi�os (ISS) do pa�s por habitante (R$ 15.617).

Ônibus escolares esperam alunos em uma das três escolas integrais do município, que oferece transporte para áreas urbanas e rurais
�nibus escolares esperam alunos em uma das tr�s escolas integrais do munic�pio, que oferece transporte para �reas urbanas e rurais


Um contraste, por exemplo, com Esmeraldas, distante apenas 140km de S�o Gon�alo do Rio Abaixo, localizada na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), munic�pio mineiro com a menor arrecada��o per capita do estado, R$ 9,6 mil para cada um de seus 86 mil habitantes, onde falta emprego e esgotamento sanit�rio. Ou com a cidade de mais baixa arrecada��o por morador no Brasil, o munic�pio de Araioses, no interior do Maranh�o, que tem R$ 5,9 mil de PIB per capita, quase 35 vezes menos que S�o Gon�alo do Rio Abaixo, para gastar anualmente com cada um de seus cerca de 39 mil habitantes.
 
Toda essa dinheirama da cidade mais rica do Brasil vem, basicamente, dos royalties da mina de Brucutu, um dos maiores complexos de extra��o e beneficiamento de min�rio de ferro do mundo, explorado na cidade pela Vale. Vem tamb�m do ICMS e ISS das empresas que se instalaram l� para prestar servi�os para a mineradora e tamb�m de outras ind�strias que o munic�pio tem atra�do, de olho na diversifica��o da economia. “Min�rio n�o d� duas safras”, afirma o atual prefeito de S�o Gon�alo do Rio Abaixo, Jos� Raimundo Nonato (PDT), mais conhecido como Nozinho, em entrevista ao jornal Estado de Minas.

Em outra instituição de ensino, estudantes assistem à aula em sala nova: educação é o %u201Cxodó%u201D dos investimentos, afirma a prefeitura
Em outra institui��o de ensino, estudantes assistem � aula em sala nova: educa��o � o 'xod�' dos investimentos, afirma a prefeitura


Mas enquanto vai rendendo dividendos, a cidade mais parece um canteiro de obras. No quadro de avisos de licita��es da prefeitura n�o h� espa�o para nem mais uma tachinha. Informativo distribu�do pela prefeitura lista 150 obras, entre realizadas, licitadas e em fase de execu��o e planejamento. O respons�vel por elas � o filho do prefeito, Diogo Henrique Barcelos, secret�rio de Obras da cidade.

A cidade tem tr�s escolas integrais de fazer inveja a qualquer capital ou estabelecimento particular, onde s�o servidas seis refei��es di�rias. A totalidade dos estudantes das zonas urbanas e rurais � atendida por transporte escolar, realizado por �nibus novinhos. Os universit�rios residentes na cidade h� pelo menos dois anos t�m direito a uma ajuda de custo mensal de R$ 400, e os alunos da rede municipal recebem, no come�o do ano, material escolar, 10 pe�as de uniforme e mochila. Nas escolas, al�m da grade curricular obrigat�ria, s�o ofertadas aulas de teatro, ingl�s, karat� e bal�. “Aqui a escola particular n�o prospera”, afirma a secret�ria de Educa��o de S�o Gon�alo, Lucinda Imaculada de Barcelos Santos, irm� do prefeito Nozinho.

Um teatro de arena completa estrutura da rede de ensino, que oferece também cursos de balé, inglês e karatê
Um teatro de arena completa estrutura da rede de ensino, que oferece tamb�m cursos de bal�, ingl�s e karat�


Na �rea da sa�de, a cidade tem um pronto atendimento, com estrutura digna de hospital, que funciona 24 horas, e uma farm�cia popular que vai ganhar sede nova, al�m de 16 postos de sa�de. As vias de acesso � zona rural s�o asfaltadas e quase 70% da popula��o � atendida por rede de esgoto.

A prefeitura vai retomar agora uma ajuda de custo de R$ 40 mil para o servidor municipal construir ou reformar sua casa. Tem ainda uma unidade do Corpo de Bombeiros, constru�da e mantida com recursos municipais, um est�dio poliesportivo e um parque de exposi��es, onde s�o realizadas festas e eventos. Somente este ano, a cidade j� recebeu shows de artistas de renome nacional como Zeca Baleiro, Nando Reis e Vanessa da Mata, todos bancados pelos cofres municipais.

Unidade de pronto atendimento bem equipada reforça a estrutura de saúde, que conta ainda com 16 postos e uma farmácia popular
Unidade de pronto atendimento bem equipada refor�a a estrutura de sa�de, que conta ainda com 16 postos e uma farm�cia popular


GUARDA MUNICIPAL A prefeitura vai implantar a Guarda Municipal, com 32 agentes concursados. O projeto j� foi aprovado pela C�mara Municipal. Vai terminar tamb�m a constru��o da sede cidade administrativa, que fica no caminho do novo trevo na BR-381, obra que deveria ser de responsabilidade do governo federal, mas que � 100% bancada pelo caixa do munic�pio, que tamb�m pretende assumir totalmente o ensino fundamental do 6 º ao 9º ano, hoje sob responsabilidade constitucional do governo do estado.

Com tanta riqueza, a cidade est� na lista dos munic�pios mineiros que v�o ter sua arrecada��o reduzida com a reforma tribut�ria, j� aprovada este ano pela C�mara dos Deputados e que ser� agora analisada pelo Senado. Nozinho disse que a cidade deve perder R$ 80 milh�es dos cerca de R$ 400 milh�es que arrecada anualmente, mas garante que n�o est� preocupado, apesar de ainda ter esperan�a de que a reforma, aprovada, segundo ele, “goela abaixo”, seja alterada para que os munic�pios de elevada arrecada��o, como o administrado por ele, n�o percam tanto.

FUTURO Questionado sobre como a cidade vai manter toda essa estrutura quando acabar a “safra” �nica do min�rio, Nozinho tamb�m afirma n�o ter essa preocupa��o. “Vamos cuidar agora que temos uma receita boa para n�o virar uma Itabira no futuro”, afirma o prefeito, referindo-se � cidade vizinha, que h� 80 anos vive sob a depend�ncia econ�mica da minera��o e agora corre contra o tempo para diversificar sua economia para enfrentar a exaust�o das minas, prevista para ocorrer daqui a menos de uma d�cada.

Rodovia que liga a cidade a Itabira foi bancada pelos cofres municipais, apesar de ser de responsabilidade do governo do estado
Rodovia que liga a cidade a Itabira foi bancada pelos cofres municipais, apesar de ser de responsabilidade do governo do estado


Nozinho disse que trabalha para diversificar a economia, atraindo para a cidade ind�strias que gerem emprego, construindo toda a infraestrutura poss�vel e investindo na educa��o, que ele classifica como “xod�”. O sonho do prefeito � levar para a cidade um instituto federal de educa��o tecnol�gica e uma universidade de grande porte. “Dinheiro ajuda, mas n�o � tudo. Eu conhe�o cidades aqui da regi�o que t�m um bilh�o no caixa, n�o vou falar o nome porque seria anti�tico, e n�o fazem metade do que fazemos”, se vangloria.

“P�O E CIRCO” Mas para a oposi��o, a situa��o n�o � bem essa retratada pelo prefeito. Para o vereador C�ssio Silva (PTB), a popula��o vive de “p�o e circo”. “� um mar de dinheiro muito mal aplicado”, afirma o vereador, que critica, por exemplo, a aprova��o pela C�mara do projeto da prefeitura para assumir os anos escolares que s�o de responsabilidade do estado. “Vamos ter um preju�zo de R$ 3,3 milh�es por ano com essa municipaliza��o. Ser� que o prefeito pensa que o min�rio � infinito, que o dinheiro nunca vai acabar? E quando acabar, o que faremos com todos esses elefantes brancos e com todos esses servidores e servi�os p�blicos assumidos pelo munic�pio?”, questiona o vereador, citando o est�dio poliesportivo que, segundo ele, consome R$ 100 mil por m�s de manuten��o.

José Raimundo Nonato (PDT), prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo
Jos� Raimundo Nonato (PDT), prefeito de S�o Gon�alo do Rio Abaixo: 'Vamos cuidar agora que temos uma receita boa para n�o virar uma Itabira no futuro'


O vereador tamb�m se diz contr�rio aos investimentos, segundo ele, milion�rios feitos pela prefeitura em festas. A �ltima, de acordo com ele, durou quatro dias e custou R$ 3 milh�es. Em abril, a prefeitura promoveu uma cavalgada com diversos shows, entre eles da dupla de renome nacional Fernando e Sorocaba.

Segundo C�ssio Silva, a prefeitura n�o investe na diversifica��o econ�mica e gasta todo o dinheiro dando “migalhas” para a popula��o. O vereador tamb�m acusa a prefeitura de nepotismo e disse que enviou para o Tribunal de Contas do Estado um relat�rio sobre obras paradas. Para ele, a prefeitura deveria investir em garantir esgoto e �gua tratada para 100% do munic�pio e buscar empresas que gerem emprego e receita para incentivar a diversifica��o econ�mica. “Se n�o, como faremos no futuro?”, indaga.


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