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Estado de Minas CULTURA

Dia do Patrim�nio: tesouros de Minas que v�o das ru�nas � esperan�a

Na data dedicada �s preserva��o, bens hist�ricos variam entre projetos que recompensam esfor�os de comunidades e casos de abandono que preocupam moradores


17/08/2023 04:00 - atualizado 17/08/2023 05:36
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Caeté - MG. Capela Nossa Senhora do Rosário continua interditada por falta de conservação. O complexo onde se encontra o cemitério e a Igreja está em ruínas e foi interditado pelo Corpo de Bombeiros em 2021
Em Caet�, Capela Nossa Senhora do Ros�rio, do s�culo 19, est� interditada desde 2021. Cemit�rio no entorno dificulta obra de drenagem (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 10/2/2023)

Com um dos conjuntos art�sticos e arquitet�nicos mais ricos do pa�s e reconhecimento internacional para quatro s�tios hist�ricos, Minas Gerais tem na voz das comunidades esteio fundamental para preservar igrejas, casar�es e outros monumentos na capital e no interior. Neste Dia do Patrim�nio Cultural, com programa��o especial em Belo Horizonte (veja abaixo) para lembrar os 125 anos de nascimento do belo-horizontino Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969), advogado, jornalista, escritor e primeiro diretor do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), o Estado de Minas apresenta conquistas no setor, muitas delas fruto de longa espera, e expectativa por obras de restauro que podem salvar tesouros para o presente e para as futuras gera��es. S�o dois lados, portanto, de uma trajet�ria que emociona, traz orgulho e preocupa continuamente os guardi�es dos acervos.

 

No distrito colonial de S�o Bartolomeu, em Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas, os moradores lutam com todas as for�as, h� muito, para salvar da degrada��o seu bem maior: a igreja matriz dedicada ao padroeiro. Agora, no lugar da mobiliza��o e da lona azul que cobria o telhado, eles assistem �s obras emergenciais no templo do s�culo 18. “Ver o andamento dos servi�os, poder entrar na igreja � um al�vio enorme, ainda mais que s�o realizados antes da temporada de chuva”, entusiasma-se o presidente da Associa��o de Desenvolvimento Comunit�rio local (Adecosb), S�rgio Murilo de Oliveira.

 

No valor de R$ 1,5 milh�o, as interven��es no templo interditado h� mais de quatro anos contemplam, na primeira etapa, escoramento de forro e telhado, troca de fia��o el�trica, recupera��o das paredes e outras urg�ncias estruturais para garantir a integridade da edifica��o. A expectativa � de que as obras, com dura��o de 10 meses e aprova��o do Iphan e da Prefeitura de Ouro Preto, terminem em 28 de outubro, informa Renata Fonseca, coordenadora da Plataforma Semente, do Minist�rio P�blico de Minas Gerais, via Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente (Caoma). Os servi�os s�o executados pela institui��o Joaquim Artes e Of�cios.

 

A coordenadora da Plataforma Semente diz que h� previs�o de uma segunda etapa e que os recursos est�o sendo avaliados para restauro dos elementos art�sticos da matriz de S�o Bartolomeu. Vale destacar que o distrito � importante destino tur�stico em Ouro Preto, cidade reconhecida como patrim�nio mundial, a exemplo de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, do Santu�rio Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, na Regi�o Central, e do Conjunto Moderno da Pampulha, em BH. As not�cias s�o boas para a comunidade, j� em festa pelo padroeiro, que ter�, no pr�ximo dia 24, missas festivas (�s 9h e �s19h), e, � noite, prociss�o e levantamento de mastro.

 

NOS TRILHOS J� em Chiador, na Zona da Mata, a expectativa � enorme para restaura��o da esta��o de trem. Depois de uma espera de d�cadas, que quase sepultou o que restou do im�vel pioneiro do patrim�nio ferrovi�rio de Minas, os recursos est�o assegurados pela Eletrobras Furnas, no valor de R$ 9,5 milh�es. “O espa�o, a ser administrado pela prefeitura local, ter� finalidade cultural e servi�os, incluindo cafeteria, para atender moradores e turistas. Desta vez, vai!”, diz, confiante, o secret�rio municipal de Turismo e Meio Ambiente, Jaime Wojciuk.

 

Inaugurado em 1869 pelo imperador dom Pedro II (1825–1891) e distante seis quil�metros do Centro da cidade, o im�vel hist�rico – antes pertencente � extinta Rede Ferrovi�ria Federal (RFFSA) e atualmente de propriedade da Uni�o, sob guarda do munic�pio – est� no centro das preocupa��es de moradores. “H� 40 anos lutamos pela recupera��o da esta��o, um bem da nossa cidade e de Minas”, ressalta o jornalista Ailton Magioli. Para ele, o funcionamento do pr�dio, ap�s o restauro, dever� fomentar a cultura e atrair visitantes. “Queremos que a finalidade seja cultural e haja manuten��o permanente, para n�o se deteriorar novamente.”

 

Em nota, a empresa patrocinadora da obra informa: “O contrato para o desenvolvimento do projeto executivo e execu��o dos servi�os de restauro integral do Conjunto Arquitet�nico e Paisag�stico da Esta��o Ferrovi�ria de Chiador foi assinado pela Eletrobras Furnas, em julho deste ano, com a empresa Minas Constru��es e Restaura��es Ltda. A previs�o de in�cio dos trabalhos � 10 de outubro de 2023, com a elabora��o do projeto executivo. A previs�o de execu��o das obras � de 15 meses ap�s o in�cio dos trabalhos e o valor do contrato � de aproximadamente R$ 9,5 milh�es”.

Chiador - MG. Estação ferroviária de Chiador, na Zona da Mata de Minas Gerais, que deverá ser restaurada por Furnas. A estação é a primeira de Minas e foi inaugurada por Dom Pedro II
Em Chiador, ap�s espera de d�cadas, j� h� recursos para recuperar a primeira esta��o ferrovi�ria de Minas (foto: Ailton Magioli/ESP.EM - 20/10/2020)
 

Enquanto isso...
...projetos de restauro � vista

O governo federal, via Iphan, far� uma s�rie de obras em Ouro Preto, cidade reconhecida como patrim�nio mundial. Segundo o prefeito Angelo Oswaldo, que recebeu o comunicado do presidente da autarquia federal, Leandro Grass, ser� feita a requalifica��o do entorno da capela do Padre Faria, com o refor�o estrutural do adro e  drenagem. Est� prevista ainda restaura��o das capelas de Nossa Senhora da Piedade, de Santana, do Morro S�o Jo�o, do Ouro Fino e de S�o Sebasti�o; restaura��o integral da Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e S�o Miguel e Almas e tamb�m da Igreja de Nossa Senhora das Merc�s e Miseric�rdia, al�m de obras nas igrejas S�o Francisco de Assis e S�o Francisco de Paula.

Sabar� e Caet� � espera de socorro

Enquanto o distrito de S�o Bartolomeu sa�da as obras emergenciais na sua matriz e Chiador aguarda, com expectativa, as interven��es definitivas em sua esta��o, o mesmo n�o se pode dizer da popula��o do distrito de Ravena, em Sabar�, e da cidade de Caet�, ambas na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. No primeiro, os olhos se voltam para a Matriz Nossa Senhora da Assun��o, datada de 1720 – como indica inscri��o no forro da capela-mor (1720-1750) –, quando Sabar� era uma das sete vilas do ouro, e contempor�nea do “nascimento” do estado, que celebrou, h� tr�s anos, o tricenten�rio da cria��o da Capitania de Minas.

Fechado h� 15 anos por quest�o de seguran�a, o cart�o-postal de Ravena tem recebido constantes alertas por parte dos padres. Eles pedem, com urg�ncia, obras no forro e trabalho de descupiniza��o, al�m de outros servi�os para manter a seguran�a. De fato, basta percorrer o templo para ver os estragos no seu interior. E, mesmo com a fachada bem cuidada, a imponente constru��o corre s�rios riscos.

Conforme pesquisa do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha), a matriz e o conjunto foram tombados em 2 de junho de 1977 – a edifica��o do s�culo 18, com elementos da arquitetura colonial mineira, fica no Centro, no largo da rua principal, com adro murado que abriga o cemit�rio. A inscri��o “1750”, existente no arco-cruzeiro, parece indicar a conclus�o de parte importante das obras do templo, que passou por diversas reformas: em 1853, realizada por frei Lu�s de Ravena; em 1948-1949, a recupera��o da torre, que fora atingida por um raio; e em 1953, quando foi restaurado o altar-mor e partes da cantaria foram recobertas com pintura imitando m�rmore. Outras obras ocorreram entre 1984 e 1987.

Em nota, a Arquidiocese de BH informa que Igreja Nossa Senhora Assun��o necessita de interven��es para restaurar elementos art�sticos (teto e altares). “O templo passou, recentemente, por obras de drenagem e pintura externa, e o Memorial da Arquidiocese de BH est� em entendimento com parceiros e patrocinadores para promover a restaura��o dos elementos art�sticos.”

RISCOS No munic�pio vizinho de Caet�, as preocupa��es se voltam para a Capela Nossa Senhora do Ros�rio, do s�culo 19. Interditado desde 2021 pelo Corpo de Bombeiros, o templo circundado por um cemit�rio est� tomado por infiltra��es, demandando interven��o na parte estrutural e exigindo obras de drenagem no terreno, no Centro do munic�pio. A agonia do tesouro barroco mostra a necessidade urgente de interven��o para salv�-lo da ru�na.

Tombada em 1950 pelo Iphan e vinculada � Arquidiocese de BH, sendo o cemit�rio administrado pela prefeitura local, a capela � um dos templos cat�licos mais antigos de Caet�, ex-Vila Nova da Rainha. Devido � gravidade do quadro, foi alvo de investiga��o do Minist�rio P�blico, que, diante da gravidade dos problemas, notificou as institui��es envolvidas. Na sequ�ncia, os bombeiros constataram riscos estruturais, falta de equipamentos de seguran�a, desabamento do muro lateral e afundamento do piso no adro da constru��o.

A interdi��o da igreja se deu ap�s parecer t�cnico elaborado pela Coordenadoria de Patrim�nio Hist�rico e Cultural do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (CPPC/ MPMG), fruto da vistoria realizada em 10 de outubro de 2021. Em seguida, houve a interdi��o do templo pelo Corpo de Bombeiros, que constatou diversas irregularidades no im�vel.

A Arquidiocese de BH, em nota, informa que a capela demanda obras de drenagem, que dependem de interven��es no terreno, com remanejamento de t�mulos do cemit�rio anexo. “Assim, o poder p�blico municipal j� iniciou di�logo com as fam�lias propriet�rias de cada sepultura para poder transferir os t�mulos para outros cemit�rios de Caet�.”

A capela dedicada a Nossa Senhora do Ros�rio data dos primeiros anos do s�culo 18, sendo em sua origem subsidi�ria da primitiva Matriz de S�o Caetano, constru�da na �poca da eleva��o do Arraial de Caet� a vila, em 1714. Chegou a servir de matriz e sede das demais irmandades, quando a nova matriz estava em constru��o, entre 1757 e 1765. Conforme estudos do Iphan, � poss�vel que, naquele momento, tenha recebido os dois ret�bulos laterais de estilo barroco, procedentes da primitiva matriz, que n�o t�m adequa��o perfeita ao seu espa�o interno.

Em nota, a Prefeitura de Caet� informou que tem dedicado esfor�os, desde abril, “para realizar uma investiga��o aprofundada sobre a suposta instabilidade do terreno de propriedade da Mitra Arquidiocesana, que concentra o Cemit�rio do Ros�rio e abriga a capela do Ros�rio, edifica��es de grande valor hist�rico para a municipalidade”. O estudo se baseia em trabalho pr�vio conduzido pela PUC Minas e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 
 
PROGRAME-SE

Hoje, no Pr�dio Verde do Iepha, na Pra�a da Liberdade, em BH
  • 9h – Lan�amento do cat�logo “Ritos da Quaresma e Semana Santa” e da cole��o de cards “Patrim�nio Colecion�vel”
  • 11h – Lan�amento do “Caderno do Patrim�nio Invent�rio das Obras de Niemeyer”, com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-MG)
  • 15h – Visita guiada ao pr�dio e � exposi��o de T�cnicas Construtivas
  • 16h – Caminhos da Liberdade (lan�amento da Jornada do Patrim�nio) 


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