A audi�ncia de instru��o da m�e dos dois meninos encontrados abandonados em um apartamento no Bairro Lagoinha, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, foi adiada. K�tia Cristina Alves Robes est� sendo acusada pela morte de um terceiro filho, Emanuel, de 4 anos, no dia 6 de fevereiro deste ano. Ela est� detida desde ent�o, no Pres�dio de Vespasiano, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. A audi�ncia aconteceu nesta sexta-feira (18/8) no F�rum de Igarap�, tamb�m na Grande BH.
Emanuel morreu ap�s dar entrada na UPA de S�o Joaquim de Bicas, na Grande BH. Ele foi levado at� o local pela m�e. Conforme laudo do exame de necropsia, ao qual o Estado de Minas teve acesso, a crian�a sofreu parada cardiorrespirat�ria, estava desnutrida e desidratada. A causa da morte foi uma pancada na cabe�a por objeto contundente.
Ainda de acordo com o laudo, a situa��o da crian�a era bastante dram�tica. Ela apresentava hematoma roxo no olho esquerdo, machucado no l�bio superior, machucados no lado esquerdo do rosto e hematoma na parte interna dos l�bios. Estava muito magro, com costelas aparentes, escoria��es no peito, escoria��es na coxa direita, ferimentos circulares no tornozelo esquerdo e na perna direita, escoria��es na lombar e hematoma intracraniano.
Para o Minist�rio P�blico, K�tia � respons�vel pela morte da crian�a. Al�m dela, Terezinha Pereira dos Santos - propriet�ria do im�vel em que a fam�lia morava em S�o Joaquim de Bicas e do apartamento em BH - tamb�m est� sendo acusada pelo �rg�o. Elas est�o sendo acusadas de homic�dio por motivo torpe, mediante tortura, emprego de meio cruel e utiliza��o de recursos que dificuldou ou impossibilitou a defesa da v�tima.
Em conversa ao Estado de Minas, o atual advogado de K�tia confirmou que na audi�ncia desta sexta-feira foram ouvidas 20 testemunhas, incluindo o pai de Emanuel, que foi encontrado na cidade de Jo�o Pinheiro, Regi�o Noroeste de Minas. Wellington Camilo Gomes inicialmente havia sido dado como desaparecido, j� que, conforme sua esposa, Terezinha havia lhe dito que ele havia morrido em decorr�ncia de COVID-19, mas nenhum corpo foi apresentado.
Durante o depoimento, a defesa da m�e das crian�as contestou o que foi dito por Wellington. Isso porque o depoente teria afirmado que ingeriu bebida alco�lica antes da audi�ncia. Al�m disso, o advogado destacou que o homem deveria responder por abandono de incapaz, uma vez que ele havia abandonado a fam�lia.
A audi�ncia foi adiada para o dia 1º de setembro ap�s o defensor de K�tia alegar que uma testemunha, que teria grande import�ncia para o caso, n�o havia sido intimada. At� l�, a mulher continua detida.
Outros crimes
K�tia tamb�m est� sendo denunciada por manter seus outros dois filhos, de 6 e 9 anos, em c�rcere privado e por submet�-los a trabalho for�ado. Al�m dela, Diego Pinheiro dos Santos, filho de Terezinha, tamb�m foi acusado pelos mesmos crimes, mas o homem morreu enquanto estava detido no Pres�dio de S�o Joaquim de Bicas. J� Terezinha e sua filha, Lalesca Pereira dos Santos, foram denunciadas pelo abandono e c�rcere privado das crian�as.
Na ter�a-feira de Carnaval os meninos pediram comida para uma vizinha por um buraco na porta do apartamento onde estavam no bairro Lagoinha, na Regi�o Noroeste de BH. Eles j� haviam sido vistos entrando no local junto com Terezinha Pereira dos Santos e Lalesca Pereira dos Santos, m�e e filha, apontadas como as principais suspeitas de abandon�-los.
Depois de alimentar as crian�as, a vizinha acionou a Pol�cia Militar. Ao chegarem no local os militares perceberam que a porta de entrada estava trancada com uma corrente e cadeado.
Dentro do apartamento os militares encontraram um colch�o de solteiro no ch�o, vasilhas sujas na cozinha e nenhuma comida. Conforme o boletim de ocorr�ncia, as crian�as foram encaminhadas para o Hospital Odilon Behrens com quadro de desnutri��o e desidrata��o severa.
Para o Minist�rio P�blico, Terezinha e a filha, Lalesca, s�o respons�veis pelo abandono dos meninos. A mulher mais velha, inicialmente identificada como av� das crian�as, tamb�m seria respons�vel por mant�-las em “intenso sofrimento f�sico e psicol�gico, como forma de aplicar castigo pessoal”.
Segundo o laudo m�dico do exame de corpo e delito das crian�as feito ap�s o resgate, o menino mais novo, de 6 anos, pesava 13 kg, apresentava diversas escoria��es pelo corpo e not�ria perda muscular. Nas imagens tiradas no momento do exame � poss�vel ver os ossos da costela, ombro, joelho e outras articula��es bem protuberantes.
Ainda conforme o relat�rio, a sa�de do menino estava cr�tica devido a falta de nutrientes. O mais velho, de 9 anos, tamb�m estava desidratado e desnutrido, mas com menor gravidade.
Os meninos ficaram internados por cerca de 15 dias. Eles foram acompanhados pela equipe do Conselho Tutelar da Prefeitura de Belo Horizonte e pelo tio materno, que veio de Valpara�so de Goi�s quando soube da morte de um terceiro sobrinho, Emanuel, tamb�m em fevereiro deste ano.