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Estado de Minas ONDA DE CALOR

Trabalho nas ruas pode ser ainda mais escaldante

Com o calor batendo na casa dos 40�C, imagina se voc� trabalha varrendo as ruas ou fritando past�is? O EM conversou com pessoas que sofrem mais com o calor�o


22/09/2023 04:00 - atualizado 22/09/2023 05:31
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Termômetro de calor mostra 40°C
Calor dentro de uniformes E luvas costuma ser maior do que a temperatura ambiente, principalmente EM atividades exercidas � luz do sol (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press)
As gotas de suor que insistem em escorrer pelo rosto s�o o somat�rio do esfor�o de varrer as folhas da cal�ada usando roupas grossas e luvas sob um sol de 30ºC. No interior da prote��o sint�tica para as m�os e os dedos da gari Naide Rodrigues da Silva, o term�metro infravermelho mediu 40,7ºC. Transpira��o tamb�m � o pre�o que a gar�onete Cleuza de Souza, de 50 anos, paga para preparar no �leo fervente os past�is de queijo e de carne para seus fregueses, em uma cabine pasteleira onde a temperatura ambiente chega a 35,5ºC.
 
Enquanto muita gente enfrenta a onda de calor estacionada no Centro do Brasil com roupas leves, garrafinhas d'�gua e sombrinhas, alguns trabalhadores sofrem com temperaturas ainda mais elevadas para exercer suas atividades, expondo sua sa�de a riscos.
 
No Centro de Belo Horizonte, onde o termo-higr�metro (equipamento que calcula a temperatura e a umidade relativa do ar) usado pela reportagem do Estado de Minas marcava 30ºC por volta das 14h30 de ontem, o calor era ainda mais intenso para v�rios tipos de trabalhadores que, pelas caracter�sticas do of�cio, n�o conseguiam se refrescar como tantos. A situa��o representa riscos para a sa�de, como desmaios, eleva��o de press�o arterial, desidrata��o e esgotamento, segundo a avalia��o de especialista em seguran�a do trabalho. Na edi��o de ontem, a reportagem do EM trouxe o mapa das regi�es mais quentes da capital mineira, com destaque para a regi�o de Venda Nova, onde a temperatura bateu 37,7ºC.
Mesmo ensopada pelo suor em sua luta para remover as folhas e lixo da cal�ada do Parque Municipal Am�rico Renn� Giannetti, no Centro de Belo Horizonte, Naide da Silva n�o parava de varrer mesmo contra o vento, que espalhava tudo, e o sol forte. Quando a reportagem mostrou que suas m�os estavam ‘cozinhando’ dentro da luva, a 40,7ºC, ela se assustou. “A gente faz for�a com as m�os, varre com insist�ncia para n�o deixar o vento carregar as folhas, mas n�o imagina que esse suor todo � por conta de tanto calor”, afirma.
 
Para evitar o desgaste das altas temperaturas, a gari afirma dar algumas pausas em sombras e aproveitar para sempre beber �gua da garrafinha que deixa na sombra. “Quando chego em casa, toda molhada de tanto suar, tomo banho e desmaio na cama. N�o presto para mais nada. N�o vejo a hora desse calor�o parar”, disse.

Quest�o de seguran�a

A grossa camisa de seguran�a antichama e arco el�trico � essencial para proteger a vida do eletricista instalador Wemerson Gomes, de 41 anos. Mas a roupagem, que fica por cima de um moletom, eleva sua temperatura em 3,8ºC, acima dos 30ºC medidos no Centro, onde ele procurava um endere�o para instalar um padr�o de energia el�trica. O suor descia tamb�m de seu capacete e dos �culos de prote��o. Mas era no interior da bota fechada que a temperatura mais elevada foi medida: 36,4ºC.
 
“Todos os dias eu trabalho ensopado, mas tem de ser assim mesmo. Se eu tirar esses equipamentos n�o posso trabalhar. � tudo isso que protege a minha vida. No calor � pior, mas a vida � o nosso maior tesouro. Com ela posso estar com a minha fam�lia depois do trabalho”, disse o eletricista instalador.
O nome da lanchonete � sugestivo: Pastel Quentinho. A loja na Rua S�o Paulo, no Centro, tem nos pasteis de queijo e de carne o maior atrativo para os clientes, que n�o dispensam refrigerantes e �gua de coco para aplacar o calor. N�o chega neles, mas a gordura fervendo na cabine da pasteleira eleva a temperatura ambiente a 35,5ºC.
 
“Quando est� um dia quente igual a esses �ltimos, a gente procura ficar mais distante da tigela de fritar. Quando acaba, procura onde que est� o vento do ventilador para aliviar o calor e o suor, toma uma �gua, mas o castigo � forte”, disse a gar�onete Cleuza de Souza, de 50 anos.

Grande perigo em 118 cidades

Uma onda de calor com ‘grande perigo’ pode atingir 118 cidades mineiras, de acordo com alerta divulgado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O aviso � v�lido at� as 18h de domingo (24/9). O alerta vermelho de grande perigo indica temperatura m�xima 5°C acima da m�dia do m�s. Os munic�pios, localizados nas regi�es do Tri�ngulo Mineiro, Alto Parana�ba, Sul e Sudoeste devem apresentar temperaturas entre 37°C e 40°C nos pr�ximos dias.
 
Homem com capacete coloca mão na testa
Wemerson Gomes, Eletricista: 'Se eu tirar os equipamentos n�o posso trabalhar. � tudo isso que protege a minha vida' (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press)

Cuidados com calor, mas com equipamento de seguran�a

A onda de calor extremo traz s�rios riscos � sa�de dos trabalhadores, podendo ocasionar o aumento de acidentes, desmaios e at� problemas mais s�rios. � o que destaca a especialista em seguran�a do trabalho e CEO da Moema Medicina e Seguran�a no Trabalho, Tatiana Gon�alves. "� fundamental que as empresas tenham a��es de preven��o. Um dos principais desafios � garantir que os trabalhadores continuem a usar os Equipamentos de Prote��o Individual (EPI), mesmo em condi��es de calor intenso. Isso n�o pode nunca acontecer. A empresa tem que explicar para os trabalhadores sobre essa import�ncia, podendo ter o risco de ver aumentar os n�meros de acidentes", afirma.
 
A especialista em seguran�a do trabalho enumera alguns EPIs que podem gerar desconforto no calor, mas que n�o podem ser removidos no exerc�cio do trabalho, como �culos de prote��o, luvas, capacetes, protetores auriculares, m�scaras, abafadores de som, cintos de seguran�a e equipamentos de seguran�a para alturas.
"Idealmente, os ambientes de trabalho deveriam ser climatizados, mas como isso nem sempre � vi�vel, especialmente em atividades externas, alternativas precisam ser consideradas. Uma das recomenda��es � ajustar os hor�rios de trabalho sempre que poss�vel, priorizando as horas mais amenas do dia. Al�m disso, � essencial que os trabalhadores se mantenham hidratados e tenham pausas frequentes", indica Gon�alves.
 
A legisla��o trabalhista prev� a norma NR09 - Programa de Preven��o de Riscos Ambientais estabelece medidas de controle para eliminar, minimizar ou controlar os riscos ambientais, incluindo o calor extremo.
As �reas urbanas s�o dotadas de caracter�sticas que ampliam a irradia��o de calor contra os trabalhadores, sobretudo os que se movem pouco ou precisam ficar nos mesmos lugares. H� regi�es mais baixas e de grande atividade comercial e industrial, como Venda Nova e o Centro de Belo Horizonte, onde naturalmente se concentra mais calor, segundo an�lise do professor do Departamento de Geografia da UFMG, Wellington Lopes Assis. O especialista � respons�vel por levantamentos sistem�ticos de temperaturas e condi��es relacionadas ao clima de Belo Horizonte.
 
“No ambiente urbano h� escassez de �rvores. Com isso, h� menos disponibilidade de sombras. As �rvores tamb�m contribuem com o processo de evapotranspira��o (fotoss�ntese e libera��o de vapor de �gua), que tamb�m reduz a temperatura do ambiente lan�ando umidade no ar. Fazem, tamb�m, a filtragem de part�culas dispersas. Por outro lado, temos muito asfaltamento e concreto recebendo excessivamente a radia��o solar e a liberando lentamente, o que contribui para aquecer o local acima de outras �reas em condi��es mais amenas, mais altas, arborizadas e com a presen�a de lagos ou corpos de �gua”, afirma o especialista. n  

 


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