As ag�ncias de intelig�ncia dos Estados Unidos enfrentaram na quarta-feira duros questionamentos de legisladores no Congresso, por causa da falta de conhecimento delas sobre os pontos de vista e inten��es da Irmandade Mu�ulmana no Egito.
Os chefes da intelig�ncia esfor�aram-se para responder �s perguntas sobre a agenda deste movimento isl�mico, em meio �s acusa��es de que a revolta no Egito, que for�ou a queda na semana passada do presidente Hosni Mubarak, pegou-os desprevenidos.
O diretor da Intelig�ncia Nacional, James Clapper, disse em uma audi�ncia no Senado que o grupo n�o tinha uma �nica voz e que estava inseguro quanto � postura da Irmandade Mu�ulmana no Ir�, o tratado de paz entre Israel e Egito e o contrabando de armas para Gaza.
"� dif�cil neste momento delimitar a agenda da Irmandade Mu�ulmana como grupo", disse Clapper.
Dianne Feinstein, titular do Comit� de Intelig�ncia, expressou seu mal-estar com as respostas de Clapper e disse que as ag�ncias de espionagem precisavam fazer melhor seu trabalho para compreender as inten��es de um grupo que pode preencher o vazio pol�tico no Egito.
"Da perspectiva da intelig�ncia, � fundamental que saibamos qual � esta posi��o e o que � mais prov�vel que v� acontecer. O Egito � um pa�s importante no Oriente M�dio. E isso me preocupa", destacou Clapper.
Clapper disse que as ag�ncias de intelig�ncia melhorariam seus esfor�os.
"Isto � algo que obviamente vamos observar. Vamos ter que redobrar nossa aten��o", informou.
V�nculos estreitos
As ag�ncias americanas de intelig�ncia mantiveram v�nculos estreitos durante tr�s d�cadas com o regime de Mubarak, que dedicou grande esfor�o a persegui��o e repress�o da Irmandade Mu�ulmana.
Alguns cr�ticos dizem que a Ag�ncia Central de Intelig�ncia (CIA) confiou muito nos regimes �rabes e fracassou ao acompanhar de perto os movimentos oposicionistas e a revolta social no Oriente M�dio.
Apesar de os espi�es americanos cultivarem rela��es boas com seus colegas eg�pcios, n�o compreendiam "o mundo dos manifestantes", considerou na semana passado o colunista David Ignatius no The Washington Post.
Feinstein criticou as ag�ncias de intelig�ncia por seu trabalho na revolta regional, ao destacar que os servi�os n�o souberam avaliar a import�ncia das redes sociais e que o Comando Central Militar americano havia produzido os relat�rios mais �teis.
De olho no Twitter
Facebook, Twitter e outras m�dias sociais "deveriam ser monitoradas com muito cuidado para fornecer aos nossos governantes e a nossa lideran�a algum aviso pr�vio", e as ag�ncias "falharam neste aspecto", advertiu o presidente do Comit� de Intelig�ncia do Senado.
Clapper refor�ou as d�vidas quanto o trabalho das ag�ncias de intelig�ncia na semana passada ao descrever a Irmandade Mu�ulmana como um grupo "de maioria laica". Mas na audi�ncia de quarta-feira admitiu seu erro.
"A Irmandade Mu�ulmana obviamente n�o � laica. O que queria dizer, e quero deixar claro aqui, � que a Irmandade no Egito trabalha atrav�s de um sistema pol�tico, cuja orienta��o foi em grande parte laica", explicou.
Clapper disse que o grupo isl�mico tinha diversas "fac��es", como "uma ala conservadora, cuja interpreta��o do Isl� era contr�ria a uma ampla participa��o eleitoral, e uma ala mais jovem e liberal, mais inclinada a trabalhar atrav�s de um processo pol�tico laico".
O diretor da CIA, Leon Panetta, disse que a Irmandade Mu�ulmana n�o era "monol�tica", acrescentando que os servi�os de intelig�ncia acompanhavam de perto a organiza��o porque nela existem "elementos extremistas".
O papel que no futuro a Irmandade Mu�ulmana desempenhar� no Egito � tema de um acalorado debate em Washington. Alguns congressistas advertem que o grupo � radical.