
Chilenos afetados pelo terremoto e pelo tsunami no Chile em fevereiro de 2010 elogiarama visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que chegou nesta segunda-feira ao pa�s, mas rejeitaram o acordo nuclear recentemente aprovado pelos dois pa�ses.
Na sexta-feira, Chile e Estados Unidos firmaram um memorando de entendimento nessa �rea.
Uma pesquisa encomendada pelo jornal chileno La Tercera, publicada no final de semana, mostrou que o terremoto e o tsunami deste m�s no Jap�o – que provocaram explos�es em usinas at�micas - fez com que as restri��es j� existentes dos chilenos em rela��o � energia nuclear aumentassem ainda mais.
“Eu sou pr�-Estados Unidos e pr�-Obama. Estou orgulhoso que ele venha ao nosso pa�s. Mas o Chile n�o pode nem pensar em bases nucleares”, disse na capital chilena, Santiago, o mec�nico Mauricio So�e. Ele � da cidade de Los Angeles, que fica em uma das �reas mais arrasadas pelo desastre natural do ano passado.
A ped�loga Ana Patr�cia Garcia, parente de So�e, disse que estava “muito contente” com a presen�a de Obama e sua fam�lia em Santiago. Mas tamb�m ressalvou: “Minha fam�lia sofreu muito com o terremoto e os tsunamis. Minha irm� sobreviveu, mas perdeu a casa. O Chile � s�smico como o Jap�o e n�o temos condi��es de ter bases nucleares”.
Segundo ela, a “�ltima palavra” ser� dos chilenos e n�o dos americanos porque “o mundo mudou”.
Efeito Fukushima
Em 2006, uma pesquisa realizada pelo La Tercera mostrou que 43% dos chilenos recha�ava o uso da energia nuclear no pa�s. Dois anos depois, o n�mero subiu para 52% e, em 2010, chegou a 72%. Agora, de acordo com a �ltima sondagem divulgada pelo jornal, 80% dos chilenos � contra a instala��o de usinas nucleares no pa�s.
Com a repercuss�o negativa do terremoto e do tsunami no Jap�o, no dia 11 de mar�o, o governo chileno teria modificado o texto do memorando de entendimento com os Estados Unidos, informou o jornal.
O ministro das Rela��es Exteriores, Alfredo Moreno, disse ao programa Toler�ncia Zero, da televis�o Chilevisi�n, que o acordo pretende aumentar a “pesquisa” no setor e que o entendimento � “para fins pac�ficos”.
Mas um dos entrevistadores afirmou: “Esse acordo agora foi inoportuno. E n�o deixa de ser uma semente para algo na �rea nuclear, o que preocupa todo mundo”.
Energia
Pa�s com 17 milh�es de habitantes, que representa apenas 4% do Produto Interno Bruto (PIB) da Am�rica Latina, o Chile � uma das na��es com maior n�mero de acordos de livre com�rcio no mundo.
O pa�s exporta cobre e frutas e importa quase tudo o que consome. Sua economia voltou a crescer, registrando 5% de expans�o em 2010, ap�s a trag�dia do ano passado. Mas o d�ficit de energia � um de seus desafios.
O professor de f�sica Marcelo Loewe, da Universidade Cat�lica, disse que o Chile n�o tem “no curto prazo” como resolver esta “car�ncia de energia”.
Ouvido pela BBC Brasil, o professor de ci�ncias pol�ticas da Universidade do Chile, Guillermo Holzmann, disse que, na pratica, o governo “tem sinalizado que pretende incorporar a energia nuclear � sua matriz energ�tica” mas buscando “novas tecnologias” para evitar o que ocorreu no Jap�o.
Para o sapateiro Oct�vio Aguirre, o principal, neste momento, � que Obama, “presidente carism�tico” estar� no Chile. “As rela��es entre os dois pa�ses ficar� ainda mais forte e isso � o que importa agora”, disse.