O acidente nuclear provocado na central japonesa de Fukushima pelo terremoto e tsunami de 11 de mar�o representa dois grandes desafios aos especialistas: como avaliar o perigo para a popula��o e como descontaminar as zonas afetadas pela radioatividade.
PERGUNTA - Qual ser� o alcance da contamina��o?
RESPOSTA - A extens�o das zonas afetadas depender� muito das condi��es meteorol�gicas no momento das emiss�es de radioatividade: dos ventos, da chuva ou neve que empurram a contamina��o para a terra ou tendem a concentrar-se nas zonas baixas. Levando em considera��o a dura��o das emiss�es e o relevo acidentado do arquip�lago, � muito prov�vel que aconte�am "contamina��es espalhadas" em dezenas de quil�metros ao redor de Fukushima, como aconteceu no leste europeu depois de Chernobyl em 1986.
P - A contamina��o � duradoura?
R - Se fala de anos e at� d�cadas. A situa��o depende, no entanto, da concentra��o dos vest�gios de radioatividade e dos elementos contidos. As principais fontes de contamina��o s�o o iodo 131 e o c�sio 134 e 137. Ap�s v�rios meses, o iodo, que perde a metade da radioatividade em oito dias, desaparece totalmente. A radioatividade do c�sio 137 demora mais de 30 anos para cair � metade.
P - Isto significa que todas as zonas contaminadas devem ser evacuadas por d�cadas?
R - Tudo depender� das medidas executadas no local. Para as zonas mais contaminadas, ser� necess�rio afastar as pessoas que podem correr o risco de estar expostas a doses de radioatividade perigosas para a sa�de. Este � o caso desde que aconteceu o acidente em um raio de 20 km ao redor da central nuclear.
Em outras zonas, os habitantes podem levar uma vida normal, mas abster-se de consumir os alimentos locais. E nas zonas mais afastadas, a popula��o poder� viver e cultivar alimentos, mas desde que os produtos sejam submetidos a controles de radioatividade.
A experi�ncia de Chernobyl ensinou, por exemplo, aos habitantes de determinadas zonas em quais florestas poderiam entrar e onde poderiam deixar o gado pastar.
P - Quais os meios para descontaminar?
R - Os especialistas preferem usar a palavra "reabilita��o" para insistir no fato de que � imposs�vel voltar � situa��o pr�via ao acidente, mesmo que a contamina��o possa ser reduzida de maneira importante.
Segundo os estudos efetuados na Fran�a, o mais urgente � tratar as zonas menos afetadas, pois s�o as �reas em que a popula��o permanecer�.
As autoridades nucleares francesas recomendam limpar em primeiro lugar os "meios edificados" onde se concentra a popula��o. Tetos, paredes, estradas e cal�adas podem ser limpos sob press�o quantas vezes for necess�rio.
A vegeta��o, que atrai dep�sitos radioativos em suas folhas, pode constituir de 20% a 30% dos elementos expostos em meio urbano. � poss�vel cortar a grama, podar �rvores e cortar matagais.
Em longo prazo e em algumas zonas delicadas como p�tios de escolas ou hospitais � poss�vel reduzir a contamina��o limpar os solos ou cobri-los com uma nova camada de terra ou asfalto.
Nas zonas agr�colas adubo rico em pot�ssio deve ser usado para limitar a absor��o de c�sio pelas ra�zes dos cultivos.
Fontes: Thierry Charles, diretor de seguran�a do Instituto de Radioprote��o e de Seguran�a Nuclear (IRSN); Jean-Luc Godet, diretor de Radia��es Ionizantes e de Sa�de da Autoridade de Seguran�a Nuclear (ASN); Michel Bourguignon, comiss�rio na ASN e Isabelle Mehl Auget, diretora da miss�o de prepara��o para um acidente nuclear na ASN.