Acusada de inoper�ncia pelos insurgentes, a Otan prometeu nesta quarta-feira proteger os habitantes de Misrata, cidade do oeste da L�bia bombardeada pelas for�as de Muamar Kadafi, um dia depois do an�ncio de abertura do regime para um eventual di�logo. "A Otan far� tudo para proteger os civis de Misrata", afirmou a porta-voz adjunta da Alian�a Atl�ntica, Carmen Romero, ao comentar a situa��o da cidade cercada h� mais de 40 dias pelas for�as de Kadhafi. O comandante militar dos rebeldes, general Abdel Fattah Yunes, acusou na ter�a-feira a Otan de permitir a morte dos habitantes de Misrata. "Se a Otan esperar mais uma semana, ser� o fim de Misrata", disse. Segundo o ex-ministro do Interior, que passou para o lado da rebeli�o, os habitantes de Misrata est�o amea�ados de "exterm�nio". "A �gua est� cortada, n�o h� eletricidade nem alimentos, tamb�m n�o h� leite para as crian�as h� 40 dias, enquanto as for�as de Kadafi bombardeiam a cada dia casas, mesquitas e hospitais com artilharia pesada", completou. O ministro franc�s das Rela��es Exteriores, Alain Jupp�, disse nesta quarta-feira que a situa��o n�o pode continuar assim. "Misrata �, efetivamente, nossa prioridade n�mero um. Na segunda-feira efetuamos bombardeios ao redor da cidade, atacando equipes do Ex�rcito de Kadafi", destacou Carmen Romero. Al�m disso, a Otan admitiu nesta quarta-feira as dificuldades causadas pelo uso de escudos humanos por parte das tropas leais ao coronel Kadafi, que se misturam com a popula��o local para avan�ar em �reas nas m�os dos rebeldes. "As for�as governamentais l�bias empregam t�ticas n�o convencionais, se misturam nas estradas com o tr�nsito normal e usam civis como escudos para poder avan�ar", declarou � imprensa o contra-almirante brit�nico Russ Harding, comandante adjunto da opera��o "Protetor Unificado". O oficial admitiu que existem dificuldades para destruir um tanque em zonas habitadas sem ferir os residentes. As for�as da Otan tentam ser particularmente cuidadosas para evitar v�timas civis que se encontram as zonas de combate devido � t�tica das for�as leais, assegurou Harding. "Como n�o estamos autorizados a empregar for�as terrestres, temos um limite f�sico", concluiu. A Otan executou 14 ataques na regi�o na segunda-feira, incluindo a��es contra as defesas antia�reas e os tanques das for�as de Kadafi. O ministro franc�s da Defesa, Gerard Longuet, informou que os rebeldes l�bios poder�o abastecer pelo mar a cidade de Misrata, e prometeu que a coaliz�o trabalhar� para que "em nenhum momento os meios militares de Kadhafi consigam impedir" a a��o. No outro extremo do pa�s, os bombardeios prosseguiam nesta quarta-feira perto do terminal petroleiro de Brega (800 km a leste de Tr�poli), a 40 km de Ajdabiya, segundo os rebeldes. Jornalistas e civis n�o tinham acesso � zona. "No momento n�o h� combates, apenas bombardeios de um lado e outro", declarou Sherif Mohamad, ex-soldado que se uniu � rebeli�o. Na ter�a-feira, em Brega, os insurgentes recuaram 30 km para o leste, ante a ofensiva do Ex�rcito leal a Kadafi.
Do lado pol�tico, o regime l�bio, desafiado desde 15 de fevereiro por uma revolta popular que virou guerra civil, anunciou que est� disposto a iniciar um di�logo caso os rebeldes entreguem as armas. "Eles (os rebeldes) t�m que entregar as armas. Depois poder�o participar no processo pol�tico", declarou o vice-ministro das Rela��es Exteriores, Khaled Kaim. O vice-chanceler destacou que o Conselho Nacional de Transi��o (CNT), formado pela rebeli�o, "n�o representa a base popular na L�bia" e que ser�o adotadas garantias em todo o processo pol�tico com observadores da Uni�o Africana (UA) e da ONU. O porta-voz do governo, Mussa Ibrahim, afirmou na segunda-feira que o regime estava disposto a negociar elei��es ou um referendo sobre qualquer tema, mas descartou uma sa�da de Kadafi. Na frente econ�mica, um petroleiro ancorou em Tobruk, leste do pa�s, de onde deve transportar nesta quarta-feira a primeira carga de petr�leo produzida pela rebeli�o desde a interrup��o das exporta��es do pa�s. Os rebeldes esperam obter financiamento com o petr�leo. O ministro turco de Assuntos Europeus, Egemen Bagis, destacou que a prioridade � um cessar-fogo e a cria��o de corredores humanit�rios, antes de mudan�as pol�ticas. O Papa Bento XVI, por sua vez, pediu que as partes envolvidas se comprometam com "a pacifica��o e o di�logo" e pediu o fim do derramamento de sangue.