
As duas participavam de um protesto contra a nova lei em frente � catedral Notre-Dame. Segundo a pol�cia, elas foram detidas porque participavam de uma manifesta��o que n�o havia sido informada previamente �s autoridades, e que, portanto, n�o havia sido autorizada. Segundo a pol�cia, a deten��o n�o estava ligada ao uso do niqab - v�u isl�mico que deixa apenas os olhos � mostra.
“A deten��o ocorreu devido ao desrespeito da obrigatoriedade de informar sobre a realiza��o de manifesta��es”, afirmou o delegado Alexis Marsans, da se��o respons�vel pela ordem p�blica.
A organiza��o de protestos deve ser informada �s autoridades francesas, sobretudo quando h� necessidade de bloquear o tr�nsito - o que n�o era o caso da manifesta��o desta segunda-feira. No entanto, � algo totalmente at�pico na Fran�a prender pessoas que participam de protestos pac�ficos, ainda mais em pequenos grupos.
Com a medida que entrou em vigor nesta segunda-feira, a Fran�a se tornou a primeira na��o da Europa a adotar um veto dessa natureza.
Segundo a lei, as pessoas que esconderem seu rosto em “locais abertos ao p�blico”, como reparti��es, meios de transporte, estabelecimentos comerciais, parques e cinemas, est�o sujeitas a multas de 150 euros (cerca de R$ 345).
J� pessoas que obrigarem uma mulher a usar o niqab ou a burca (que cobre integralmente o rosto, com uma tela para os olhos) podem ser multados em at� 30 mil euros ( cerca de R$ 68 mil) e condenados a um ano de pris�o.
Tens�es
A medida corre o risco de acirrar as tens�es com a comunidade mu�ulmana do pa�s, a maior da Europa, estimada em 6 milh�es de pessoas.
O n�mero de mulheres que cobririam o rosto no pa�s, segundo diferentes estat�sticas, �, no entanto, baix�ssimo, estimado entre 800 e duas mil no m�ximo. “A lei vai isolar ainda mais as mulheres que usam esse tipo de vestimenta”, disse � BBC Brasil Noura Jaballah, presidente do F�rum Europeu das Mulheres Mu�ulmanas, em Paris. “S�o os mu�ulmanos que devem discutir entre eles para adotar suas pr�prias pr�ticas. Essa lei � uma intrus�o em um assunto que n�o diz respeito ao Estado”, afirma Jaballah, questionando ainda a necessidade de se fazer uma lei para um n�mero t�o restrito de pessoas.
Em sua associa��o, nenhuma mulher usa o niqab. Ela diz que as mulheres devem respeitar a obriga��o de mostrar seus rostos para se identificar, quando solicitadas, em aeroportos, bancos ou reparti��es p�blicas, por exemplo. “Mas esta lei j� est� provocando desvios na interpreta��o da medida. H� casos de m�es que utilizam apenas o v�u que cobre os cabelos e que est�o sendo impedidas de participar de reuni�es ou atividades escolares”, diz ela.
Aprova��o
Segundo uma pesquisa do Instituto Ipsos divulgada no ano passado, 57% dos franceses aprovam a lei que pro�be o v�u integral.
O m�dico aposentado Jean-No�l Haudecoeur vive em um bairro popular no norte de Paris, onde � mais comum ver mulheres com niqab nas ruas. “Se essas pessoas quiseram vir morar na Fran�a, elas precisam se adaptar �s leis do pa�s”, afirma.
V�rios representantes mu�ulmanos se opuseram � lei, afirmando que ela estigmatiza a comunidade. Mas homens mu�ulmanos ouvidos pela BBC afirmam que o Alcor�o n�o obriga o uso do niqab e que esse comportamento � defendido por grupos radicais.
A lei entra em vigor pouco ap�s declara��es pol�micas do ministro do Interior, Claude Gu�ant, que afirmou que “o aumento do n�mero de mu�ulmanos na Fran�a e que certas pr�ticas ligadas a essa religi�o representam um problema”.
O veto passa a ser adotado tamb�m no momento em que o partido de extrema-direita Frente Nacional vem ganhando destaque nas sondagens das elei��es presidenciais de 2012.
No s�bado, 58 pessoas foram detidas em uma manifesta��o organizada por associa��es isl�micas, n�o autorizada pelas autoridades.
Havia apenas cerca de 200 participantes, a grande maioria homens, que vieram inclusive de outros pa�ses europeus. Novos protestos contra a lei est�o previstos nesta segunda-feira em frente � catedral Notre-Dame.