A pol�cia da Fran�a, que abriga a maior comunidade mu�ulmana na Europa, prendeu nesta segunda-feira duas manifestantes que vestiam o niqab, no dia em que entrou em vigor uma lei que pro�be o uso do v�u isl�mico integral.
As mulheres, que participavam de uma manifesta��o em frente � catedral de Notre Dame, em Paris, foram presas por participar de um protesto n�o autorizado, e n�o por utilizar o v�u.
Pelo menos em teoria, autoridades francesas podem agora aplicar multas em mulheres mu�ulmanas que se recusam a mostrar o rosto em p�blico.
"Fomos detidas por tr�s horas e meia na delegacia de pol�cia enquanto os promotores decidiam o que fazer. Tr�s horas e meia depois eles nos disseram: 'Tudo bem, voc�s podem ir'", afirmou Kenza Drider, de 32 anos.
Drider, que fez apari��es regulares na m�dia internacional vestindo seu v�u marrom e creme nos dias anteriores � proibi��o, afirmou que levantou o v�u brevemente e apenas na frente de policiais femininas para uma verifica��o de identidade.
Separadamente, o empres�rio e ativista Nekkaz Rachid disse � AFP que ele e uma amiga que usava o niqab foram presos pela pol�cia na frente do Pal�cio do Eliseu.
"Quisemos receber uma multa por vestir o niqab, mas o policial n�o quis aplicar a multa", disse Nekkaz, que prometeu levar a leil�o um im�vel de dois milh�es de euros para inaugurar um fundo para pagar multas por utiliza��o de v�u.
A pol�cia francesa teme que a lei seja imposs�vel de ser aplicada, j� que eles n�o t�m o poder de utilizar a for�a para remover o v�u, e podem enfrentar ainda forte resist�ncia em bairros de imigrantes j� cercados de tens�o.
"A lei ser� infinitamente dif�cil de ser aplicada, e ser� raramente aplicada", afirmou Manuel Roux, subsecret�rio geral do Sindicato de Delegados de Pol�cia, em uma entrevista � r�dio France Inter.
"N�o � para a pol�cia demonstrar zelo", ele disse, prevendo que quando policiais encontrarem mulheres com v�u, eles simplesmente tentar�o explicar a lei e persuad�-las a remover o niqab.
"Se elas se recusarem, a situa��o torna-se complicada. N�o temos poder para for��-las", ele disse. "Eu n�o posso come�ar a imaginar que vamos dar alguma aten��o a uma mulher com v�u em uma �rea sens�vel, onde os homens s�o orgulhosos".
Mas o ministro do Interior, Claude Gueant, insistiu que a lei ser� aplicada em nome do "secularismo e da igualdade entre homens e mulheres... dois princ�pios os quais n�o podemos comprometer".
"A pol�cia e os gendarmes est�o l� para aplicar a lei e eles v�o aplicar a lei".
A lei entrou em vigor em um momento tenso nas rela��es entre o Estado e a minoria mu�ulmana na Fran�a, com Sarkozy acusado de estigmatizar o Isl� para tomar os votos da extrema-direita que ressurge.
Autoridades francesas estimam que cerca de 2 mil mulheres, de uma popula��o mu�ulmana total estimada entre quatro e seis milh�es, utilize o v�u integral, tradicional em algumas partes do mundo �rabe e no sul da �sia.
Muitos mu�ulmanos e ativistas de direitos humanos afirmam que o presidente de direita ataca um dos grupos mais vulner�veis da Fran�a para sinalizar aos eleitores anti-imigra��o que ele compartilha o temor de que o Isl� � uma amea�a � cultura francesa.
"As mulheres na Fran�a t�m o direito � liberdade de religi�o e de express�o. Elas tamb�m devem ser livres para protestar quando esse direito � violado", afirmou John Dalhuisen, diretor da Anistia Internacional.
"Esta lei coloca a Fran�a na vergonha - um pa�s que se orgulha de direitos humanos, que pretende promover e proteger, com liberdade de express�o inclu�da".
Mas na Fran�a o apoio � proibi��o divide a esquerda.
Embora a maior parte dos legisladores da oposi��o se abstiveram de votar a lei, 20 a apoiaram e algumas feministas tradicionalmente associadas � esquerda apoiaram a proibi��o de uma vestimenta que elas acreditam que humilha as mulheres.
Quem se recusar a levantar o v�u para se submeter a um controle de identidade pode ser levado para uma delegacia. L�, os oficiais devem tentar persuadir a pessoa a retirar a vestimenta, e podem ainda amea�ar com multas.
Uma mulher que insistir repetidamente em aparecer com v�u em p�blico pode ser multada em 150 euros (216 d�lares), al�m de ser obrigada a frequentar aulas de reeduca��o.
H� penalidades mais severas para quem for acusado de for�ar outrem a esconder seu rosto "atrav�s de amea�as, viol�ncia, coa��o, abuso de autoridade ou poder em raz�o de seu sexo."