Os candidatos � presid�ncia peruana, Ollanta Humala e Keiko Fujimori, empatados tecnicamente nas �ltimas pesquisas, tiveram na noite de ontem um debate marcado pela troca de acusa��es. O evento antecipa um final tenso para o segundo turno no pa�s, que ocorre no pr�ximo domingo.
Humala lembrou que no governo do pai da rival, Alberto Fujimori (1990-2000), houve corrup��o e que ela mesmo recebeu dinheiro de pessoas investigadas por narcotr�fico durante sua campanha eleitoral para deputada em 2006. "De acordo com dados da Transpar�ncia Internacional, no governo onde voc�, senhora Fujimori, foi primeira-dama, (Alberto) Fujimori malversou US$ 600 milh�es", afirmou o militar reformado Humala, vestido de terno negro e gravata azul. "Em 2006, voc� foi financiada por uma fam�lia acusada de narcotr�fico e voc� disse que n�o ia devolver esse dinheiro. Como acreditar quando voc� proclama a luta contra a corrup��o e o narcotr�fico?", questionou Humala. Em 2004, a Transpar�ncia Internacional estimou em US$ 600 milh�es os "fundos supostamente roubados" por Fujimori e o colocou em s�timo lugar na lista mundial de mandat�rios acusados de latroc�nio, liderada pelo indon�sio Mohamed Suharto.
A candidata admitiu ter recebido US$ 10 mil para sua campanha � deputada de 2006 da irm� de um homem processado por supostamente contrabandear coca�na em um carregamento de farinha de peixe que ia para a Col�mbia.
Keiko, por sua vez, acusou Humala de mudar v�rias vezes seu plano de governo original, de subornar testemunhas em um antigo processo por suposta viola��o de direitos humanos e de tentar dar dois golpes de Estado quando era militar. "Eu tenho apenas um plano de governo e voc� tem quatro planos. E j� tentou dois golpes de Estado", afirmou Keiko, vestida de terninho preto. A candidata come�ou sua fala na l�ngua qu�chua e se despediu em linguagem de sinais para surdos-mudos.
Humala mudou seu plano original de governo, de forte presen�a estatal, por outro mais conservador. No ano 2000, ele liderou uma levante militar pelo qual foi processado e indultado. A Justi�a peruana tamb�m n�o o acusou pela violenta tomada de uma delegacia a cargo de seu irm�o Antauro, major do Ex�rcito, em 2005, que deixou seis mortos, quatro deles policiais.
No momento mais tenso do debate, Humala questionou a rival sobre "por que n�o fez nada" quando era primeira-dama, durante o governo do pai, contra a esteriliza��o for�ada de tr�s mil campesinas. H� uma investiga��o em andamento sobre o caso. Keiko respondeu que Humala tentava confundir os eleitores.
Os ataques se prolongaram por 90 minutos, intercalados por propostas de luta contra a pobreza, temas de seguran�a, institucionaliza��o democr�tica e a economia. No final, os candidatos se despediram com um beijo no rosto.
Pesquisas mostravam ontem os candidatos empatados. Uma sondagem da Ipsos Apoyo mostrou Keiko com 50,5% dos votos v�lidos, e Humala com 49,5%. A empresa Imasen apontou Humala com 50,8%, e Keiko com 49,2%.
Keiko � ligada ao neoliberalismo iniciado durante o governo de seu pai, Alberto Fujimori (1990-2000), que provocou crescimento macroecon�mico desde 2001, por�m n�o notado para boa parte dos peruanos. Humala, visto com receio por investidores nacionais e estrangeiros, busca uma maior participa��o do Estado na educa��o na sa�de e em programas sociais para os pobres, um ter�o da popula��o peruana. O vencedor assumir� o pa�s em 28 de julho, quando Alan Garc�a deixa o posto.