
“Minha advogada, doutora Harriet (Wistrich), me comunicou, via e-mail, que o telefone que usei de 2005 a 2008 foi grampeado. Vou tomar a mesma atitude (que outras v�timas): processar. O que voc� faria se grampeassem o seu telefone?”, questionou o rapaz, que voltou a Gonzaga, em 2009, para viver ao lado da m�e, dona L�cia, de 54. “O pesadelo parece que n�o tem fim. Se o Jean tivesse vivo, falaria para ele que o Brasil � o melhor lugar para se morar”, contou ela. Alex, hoje, prefere n�o usar celular: “� f�cil encontrar as pessoas na cidade pequena”. Gonzaga, no Vale do Rio Doce, a cerca de 300 quil�metros de Belo Horizonte, tem cerca de 7 mil habitantes.
Alex dever� conversar com sua advogada nesta semana. Em Londres, seu irm�o Alessandro e as primas Patr�cia Armani e V�vian Figueiredo enviaram uma carta ao primeiro-ministro brit�nico, David Cameron, solicitando que as investiga��es dos grampos do tabloide tamb�m apurem o fato com rigor. “(…) Escrevemos para exort�-lo a fazer tudo dentro do seu poder para assegurar que a pol�cia investigue rapidamente esse assunto sens�vel e relate suas investiga��es para nossa equipe jur�dica o quanto antes”, diz o texto.
Alessandro e as primas forneceram � pol�cia o n�mero de telefones de outros familiares para que a Scotland Yard apure se mais aparelhos teriam sido grampeados. “A fam�lia Menezes ficou muito abalada ao descobrir que seus telefones foram grampeados num momento em que se encontrava mais vulner�vel. Eles ficaram intrigados por que a pol�cia n�o os procurou com essa informa��o mais cedo e temem que a pol�cia possa estar tentando encobrir mais uma vez suas falhas relativas a este caso”, disse Yasmin Khan, porta-voz da ONG Justice4, Jean (Justi�a para Jean em tradu��o livre).
A execu��o de Jean, que manchou a imagem da pol�cia brit�nica, famosa por raramente usar armas de fogo, completar� seis anos em 22 de julho. A data � lembrada na correspond�ncia encaminhada ao primeiro-ministro. Alessandro, Patr�cia e V�vian aproveitaram a carta para lan�ar suspeita sobre Andy Hayman, ex-comiss�rio-assistente da Pol�cia Metropolitana de Londres e hoje colunista do di�rio The Times, que pertence tamb�m ao grupo do magnata Rupert Murdosh. Hayman comandou a investiga��o sobre o grampo telef�nico. A suspeita deles � a de que ele teria vazado informa��es falsas para imprensa “tentando manchar o car�ter de Jean”.
SUSPEITA De acordo com o texto enviado pelos familiares de Jean Charles, a recente cobertura de imprensa sobre o grampo telef�nico mostra que Hayman teve "um relacionamento pr�ximo, inclusive com poss�veis la�os financeiros" com o grupo de imprensa. Eles ainda afirmam que "os jornais da News International (a divis�o de jornais brit�nicos da News Corp.) forneceram algumas das mais virulentas e muitas vezes enganadoras coberturas a respeito da morte de Jean e seu resultado".
Por sua vez, em entrevista � BBC Brasil, V�vian afirmou n�o ter certeza se informa��es sigilosas sobre o caso foram vazadas pelos jornais da News International. "N�o vou dizer exatamente se foram essas companhias. Mas houve alguns momentos em que parecia que coisas estavam sendo vazadas para a imprensa. N�o sei como vazaram", afirma.