Osama bin Laden morreu sem ter realizado o objetivo de sangrar a America economicamente at� � "quebra", mas dez anos ap�s os atentados de 11 de Setembro, os Estados Unidos ainda pagam o pre�o desses ataques.
O Afeganist�o, em outubro de 2001, depois o Iraque, em mar�o de 2003: em nome da guerra contra o terrorismo, o presidente George W. Bush lan�ou o ex�rcito americano em dois teatros de opera��es que se revelariam dur�veis, inchando consideravelmente o or�amento do Pent�gono.
Em alguns anos, a parte do minist�rio da Defesa nos gastos federais passou de 16% a 20% do total das despesas. As miss�es caras que Bush aprovou foram prorrogadas por seu sucessor, Barack Obama.
N�o houve sen�o o Afeganist�o e o Iraque. A amea�a terrorista permitiu ao Pent�gono manter programas de seguran�a herdados da Guerra fria e lan�ar v�rios outros, com resultados mais ou menos vis�veis.
"Os or�amentos propostos pelo executivo foram muito elevados, e o Congresso ainda efetuou reajustes neles", lembra � AFP William Hartung, especialista em defesa da New America Foundation.
Guerras sem financiamento acompanhadas de redu��es de impostos: no governo Bush, este coquetel intoxicou a d�vida p�blica americana antes mesmo de que medidas colocadas em pr�tica ap�s 2007, para lutar contre a crise econ�mica e financeira e para relan�ar a atividade, viessem a agravar ainda mais a situa��o do or�amento.
Num v�deo divulgado em mar�o de 2004, o l�der da rede Al-Qaeda disse que aplicava, em rela��o aos Estados Unidos, os mesmos m�todos usados pelos mudjahedines - ent�o financiados por Washington - contra os sovi�ticos, durante a guerra do Afeganist�o.
"Daremos prosseguimento a esta estrat�gia sangrando a Am�rica at� o ponto de quebra", declarou ele.
No curto prazo, o custo do atentado contra as torres g�meas em Nova York elevou-se a cerca de 100 bilh�es de d�lares, segundo o 'Institute for the Analysis of Global Security', que compilou empregos perdidos, receitas fiscais evaporadas, destrui��es, al�m dos trabalhos de desobstru��o e limpeza...
Segundo este centro, o custo da reconstru��o dos locais onde ficavam o World Trade Center � estimado em entre 3 e 4,5 bilh�es de d�lares, e a repara��o dos danos causados ao pr�dio do Pent�gono chegou a 1 bilh�o de d�lares.
Para os Estados Unidos, o custo financeiro da resposta aos atentados foi, assim, muito mais elevado que os ataques em si.
O Instituto de Pesquisas das Rela��es Internacionais da Brown University situa o pre�o das guerras no Iraque e no Afeganist�o entre 3 trilh�es e 200 bilh�es de d�lares e 4 trilh�es de d�lares para o Estado federal.
Isso representa entre 40 e 49% de aumento da d�vida p�blica, que passou de cerca de 6 trilh�es e 800 bilh�es de d�lares, em 11 de setembro de 2001, a mais de 14 trilh�es de d�lares, hoje.
O economista Ryan Edwards, estimou num estudo publicado em junho que sem guerras, a rela��o da d�vida p�blica com o Produto Interno Bruto (o conjunto de todos os bens e riquezas produzidas pelo pa�s) estaria entre 9 ou 10 pontos menor. Hoje, se aproxima dos 100%.
Os economistas Linda Bilmes e Joseph Stiglitz v�o mais longe, afirmando que o p�nico financeiro de 2008, no rastro da crise dos cr�ditos imobili�rios de risco americanos, foi "devido, pelo menos em parte, � guerra".
Num artigo publicado em 2010, os dois consideram que a guerra e suas consequ�ncias, principalmente o aumento dos pre�os do petr�leo, drenaram para fora dos Estados Unidos somas colossais que poderiam ter sido gastas para apoiar um desenvolvimento harmonioso do pa�s, principalmente atrav�s da educa��o.
Em vez disso, "a soma dispensada para comprar armamentos conheceu uma enorme alta nos �ltimos dez anos. � verdade que a ind�stria se beneficiou", destacou Loren Thompson, diretor geral do gabinete de consultores dos industriais da defesa, Sources Associates.
N�o o or�amento do Estado federal. Pr�ximo do equil�brio, no momento dos ataques da Al-Qaeda, est� hoje no vermelho e de forma dur�vel.
O paradoxo fez com que o militar de mais alta patente do ex�rcito americano, o Almirante Michael Mullen, qualificasse a d�vida p�blica de "mais importante amea�a � seguran�a nacional".
"A guerra no Iraque representou um pre�o enorme para o pa�s que queria se desembara�ar de um ditador. Enquanto que num passado os Estados Unidos financiavam as guerras em parte com o reajuste de impostos, esta foi lan�ada junto com redu��es dos tributos", destacou Hartung.