
Ainda acanhada, a publicidade comercial come�a a competir, nos muros de Havana, com slogans e afrescos revolucion�rios, ao ritmo do desenvolvimento de pequenas lojas, encorajadas pelo regime. Longe da agress�o visual das grandes capitais mundiais, Havana e seus 2,2 milh�es de moradores passam a entrar em contato com uma discreta irrup��o no mundo dos outdoors, dos letreiros e an�ncios, que incluem at� uma grande novidade, a ilumina��o a n�on.
Os mais audaciosos s�o, com frequ�ncia, os pequenos restaurantes, que aumentam de n�mero com a abertura do setor privado defendida pelas autoridades, e que se esfor�am para se destacar ante a concorr�ncia. "A publicidade � associada ao capitalismo, mas para n�s n�o � capitalismo, isso acontece na China e em outros pa�ses socialistas", justifica Javier Acosta que abriu seu "Partenon", em janeiro.
Para colocar na fachada do estabelecimento o letreiro luminoso, de 90 cm de di�metro, anunciando seu restaurante, Javier paga 600 pesos (18 euros) por m�s � inspe��o fiscal, ap�s ter obtido uma autoriza��o do setor do governo que administra o desenvolvimento urbano. "Antes, n�o havia necessidade. Eram poucos os restaurantes, nossos clientes n�o precisavam de refer�ncias. �ramos os �nicos do bairro; hoje, enfrentamos uma verdadeira concorr�ncia", explica Arnel, um empregado do "Decameron", aberto h� 12 anos.
Nos �ltimos meses, para ir a um restaurante privado, ao cabeleireiro, encontrar um sapateiro ou uma costureira, � preciso, em Havana, ouvir a chamada "r�dio bemba", os coment�rios que passam de boca em boca sobre os melhores endere�os.
Nos muros, floresciam, antes, apenas os slogans revolucion�rios: "Tudo pela Revolu��o", "Defendemos o socialismo", "Trabalho, disciplina e austeridade". Hoje, aparecem pequenos cartazes vangloriando os m�ritos dos pequenos empres�rios, nem sempre concisos: "Eleg�ncia por princ�pio; A cada visita, um pequeno presente; se jantar durante quatro dias, a quinta refei��o ser� gratuita; se tiver que esperar 50 minutos para ser servido, o prato ser� gratuito", diz o que foi colocado na entrada de uma pequena casa no bairro de Vedado.
Outros s�o postos, discretamente, no cap� de um carro estacionado em frente ao estabelecimento: uma grande chave anuncia um chaveiro, e um par de tesouras, um cabeleireiro. "Por enquanto, ainda n�o existe publicidade na m�dia, pelo que os outdoors ganham tanta import�ncia", explica Gisel Nicolas, que acaba de colocar seu letreiro em "La Galeria".
Oficialmente, a publicidade comercial foi autorizada em 1994, por ocasi�o de uma primeira abertura da economia cubana � iniciativa privada. Tratava-se, ent�o, de tirar o pa�s da quebra, na qual o precipitava o fim do bloco sovi�tico que sustentava a economia cubana. Na virada do s�culo, uma volta � ortodoxia comunista havia praticamente colocado um fim a esta abertura, reduzindo as pequenas empresas privadas.
Como parte das 300 reformas adotadas na primavera cubana por um hist�rico congresso do Partido Comunista (PCC), o presidente Raul Castro autorizou a abertura ao setor privado de 178 pequenos of�cios: em alguns meses, trabalhadores independentes passaram de 148.000 a mais de 350.000, dos quais um quarto no setor de alimenta��o.