Mudan�a de trajet�ria para se exibir, demora para dar o alerta, abandono precipitado do navio: os testemunhos se acumulam contra o capit�o Francesco Schettino, que dar� a sua vers�o dos fatos nesta ter�a-feira, ap�s o naufr�gio na It�lia do Costa Concordia, quando morreram pelo menos seis pessoas.
A personalidade de Schettino, 52 anos, nascido em Sorrente, na costa de Amalfi, perto de N�poles, � muito criticada. Mario Palombo, um comandante de bordo aposentado da Costa Crociere, onde Schettino trabalhou durante quatro anos em um cruzeiro id�ntico ao Concordia, descreveu o capit�o para os investigadores como "muito exuberante e imprudente", segundo a imprensa local. "Era um insolente, se fazia de esperto, era um palha�o, um grande merda, eu n�o o condenaria uma vez, mas at� dez vezes, as rochas estavam claramente assinaladas em todas as cartas n�uticas", declarou � AFP o ex-comandante de outro Costa Crociere, sob condi��o de anonimato.
Um dos oficiais presentes no navio naufragado, Martino Pellegrino, tamb�m o descreveu como algu�m "autorit�rio, �s vezes insuport�vel (...) com quem ningu�m conseguia conversar".
Schettino foi detido no s�bado por homic�dio m�ltiplo por imprud�ncia, naufr�gio e abandono de navio. Ele foi levado para a pris�o de Grosseto, a maior e mais pr�xima cidade da ilha Giglio, palco da cat�strofe na noite de sexta-feira.
� acusado de ter se aproximado demais da costa para efetuar uma parada chamada de "inchino" (a rever�ncia) com todas as luzes acesas e as sirenes ligadas.
O Costa Concordia, um "gigante dos mares" de 300 metros de comprimento e 38 de largura, altura de um pr�dio de dez andares, era capaz de navegar a mais de 20 n�s (37 km/h).
O propriet�rio do navio, Costa Crociere (grupo americano Carnival), tem se "dissociado" de sua conduta, condenando o "erro humano" e ressaltando que a trajet�ria feita n�o foi "autorizada nem certificada" pelo Costa .
As vers�es diferem sobre suas atitudes: de acordo com seu advogado, Bruno Leporatti ap�s a colis�o, ele "fez uma manobra brilhante e soube conservar a lucidez necess�ria para fazer o navio encalhar perto da costa, salvando a vida de muitas pessoas".
De acordo com novos elementos elucidados pela investiga��o na segunda-feira, na realidade, a sala das m�quinas foi inundada em menos de 10 minutos e os motores estavam avariados, o que o impossibilitava pilotar o navio que, por sorte, terminou perto do pequeno porto de Giglio.
Muitos relatos e registros de suas conversas com o Porto de Livorno tamb�m estigmatizam sua atitude ap�s o acidente.
Ele minimizou o problema por cerca de uma hora, dizendo aos salva-vidas, equipe e passageiros, que se tratava de uma pane el�trica. Hesitou em dar o alerta para o abandono do navio e, muito antes da evacua��o total, recusou-se a retornar a bordo para coordenar a opera��o. "Agora voc� vai at� a proa, vai subir pela escada de emerg�ncia (de corda) e vai coordenar a evacua��o. Voc� deve nos dizer quantas pessoas ainda est�o l�, crian�as, mulheres, passageiros a serem evacuados", ordena o comandante da capitania dos portos �s 1H46 da madrugada (00H46 GMT), segundo uma grava��o que est� nas m�os dos investigadores citada pela imprensa italiana.
Mas, de acordo com a capitania e testemunhas, o comandante j� estava refugiado em um rochedo �s 00H30 locais (23H30 GMT), at� mesmo antes.
O chefe do Costa, Pier Luigi Foschi, pediu na segunda-feira cautela antes de julgar o comportamento do comandante, alegando ter "testemunhas internas confi�veis", segundo as quais ele permaneceu "muito tempo a bordo do navio".
Sua fam�lia continua a defend�-lo: "voc�s cobrem de lama uma carreira cheia de honras, meu irm�o provar� que n�o teve responsabilidade no que aconteceu", protestou sua irm� Giulia.