O Papa Bento XVI defendeu "uma profunda renova��o da Igreja" nesta segunda-feira, em Roma, na abertura de um simp�sio sem precedentes organizado pela hierarquia cat�lica para combater a pedofilia.
"Aliviar as v�timas deve ser um fato da mais alta import�ncia para a comunidade crist� e deve caminhar par a par com uma profunda renova��o da Igreja em todos os n�veis", afirmou Bento XVI, na abertura desta confer�ncia, destinada a evitar a repeti��o de esc�ndalos que abalaram profundamente a religi�o cat�lica nos �ltimos anos. Disse, na mensagem, que a lideran�a cat�lica deve "promover, atrav�s da Igreja, uma cultura vigorosa na efetiva prote��o e apoio �s v�timas. Segundo a declara��o, o Papa "apoia e encoraja cada esfor�o para responder com a caridade evang�lica o desafio de proteger crian�as e adultos vulner�veis, num meio favor�vel a seu crescimento humano e espiritual." Participam do encontro delegados de 110 confer�ncias episcopais e superiores de 33 ordens religiosas. Cerca de dez anos ap�s a explos�o do esc�ndalo de abusos nos Estados Unidos, seguido de revela��es em cadeia, da Europa � Austr�lia, os participantes devem debater, em grande parte, a portas fechadas o tema "Em dire��o � cura e � renova��o". Sobre as cr�ticas feitas � Igreja, no passado, de proteger os culpados, sem ouvir os jovens feridos, os participantes receberam a recomenda��o de conversar particularmente com as v�timas, antes de viajar a Roma. "� uma responsabilidade maior poder olhar esta praga na Igreja com aten��o", declarou nesta segunda-feira na R�dio Vaticano o reitor da Universidade Gregoriana, onde est� sendo realizado o simp�sio, o bispo franc�s Fran�ois-Xavier Dumortier. Este col�quio n�o visa a "um efeito de visibilidade", disse ele, em resposta aos que veem nele uma campanha de rela��es p�blicas. Algumas v�timas criticaram o simp�sio gigante que, segundo elas, � in�til para salvar a face da Igreja. "Caramella Buona", uma associa��o italiana de ajuda �s v�timas, queixou-se de n�o ter podido recomendar a participa��o de dois de seus membros. Para Sue Cox, coordenadora da "Survivors Voice", uma coaliz�o de v�timas na Europa e nos Estados Unidos, "eles n�o convidaram os que n�o est�o a seu lado. � apenas teatro, de nada serve". Ela desejaria que a Igreja estivesse "aberta � investiga��o por uma autoridade independente". "Responsabilidade pelo mal cometido" Uma v�tima convidada ao col�quio, Mary Collins, explicou que via nisso uma "altera��o" positiva, um "passo no bom caminho". "O simp�sio parece marcar uma mudan�a de �poca, de atitude da Igreja. Um acontecimento extremamente importante para todos, para a Igreja, para os sobreviventes dos abusos e para o futuro", disse � AFP esta irlandesa violada aos 13 anos por um padre, num hospital de Dublin. "Espero que haja um reconhecimento (por parte dos bispos) que muitas coisas funcionaram mal no passado", acrescentou Mary Collins, que desempenhou um papel essencial na den�ncia dos abusos cometidos em sua Igreja da Irlanda, lembrando que "os culpados foram deixados livres". Para o jesu�ta e psicoterapeuta Hans Zollner, organizador do simp�sio, a Igreja entende que deve "assumir a responsabilidade pelo mal cometido". As respostas das v�timas foram diversas: para algumas, "houve muitos feridos, este cap�tulo da Igreja est� fechado". Outras "desejam ajudar para que estes fatos n�o se repitam mais", observou ele � R�dio Vaticano. Quarenta relatores v�o falar sobre todas as dimens�es do problema, da influ�ncia da pornografia na internet � forma��o dos sacerdotes. Tamb�m v�o prestar depoimentos os bispos "que agiram com coragem na defesa das v�timas" nas Filipinas, nos Estados Unidos, M�xico, no Brasil, na Alemanha e na �frica do Sul, segundo os organizadores. Uma das dificuldades �, devido �s diferen�as culturais, contribuir para conscientizar as Igrejas da �sia e da �frica sobre a dimens�o do problema em suas sociedades. Outras institui��es e comunidades devem, tamb�m, levar em considera��o a extens�o dos abusos em suas Casas, para que a Igreja possa mesmo "tornar-se l�der na prote��o dos menores", segundo o padre Zollner. O presidente da Congrega��o dos Bispos, o canadense Marc Ouellet, presidir� nesta ter�a-feira, na Igreja de Santa Ign�cia uma vig�lia penitencial, onde os respons�veis da Igreja "v�o pedir perd�o" �s milhares de v�timas. Em rela��o a medidas concretas, um centro de informa��o pela internet, amplamente financiado por institui��es cat�licas alem�s, ser� lan�ado, para permitir a todos os religiosos do mundo familiarizar-se com as melhores pr�ticas. Haver� liga��es com Gana, Qu�nia, Argentina, Equador, �ndia, Indon�sia, Alemanha e It�lia.