Pequenos empres�rios, artes�os ou desempregados: as dificuldades econ�micas est�o produzindo uma onda de suic�dios na It�lia, um drama que causa como��o no pa�s, a ponto de uma associa��o de empresas criar uma rede de ajuda psicol�gica aberta aos interessados.
Um dos casos que mais comoveram o pa�s foi quando um pedreiro endividado ateou fogo ao pr�prio corpo, no final de mar�o em Bologna (norte). Ele faleceu depois de nove dias de agonia.
Esses dramas deixaram o pa�s emocionado.
"� um terr�vel sinal de desespero, um caso �nico de ang�stia que ilustra um momento de grande dificuldade", comentou o ex-chefe de governo de esquerda Romano Prodi, ap�s o gesto do pedreiro de Bologna.
L�der do partido PDL de Silvio Berlusconi (direita), Angelino Alfano se disse, por sua vez, "muito impressionado" por "uma onda, que nunca foi t�o longa, de suic�dios causados pela dificuldade econ�mica".
Trata-se "do reflexo de uma situa��o insustent�vel" no plano econ�mico e social, n�o de "fatos isolados", considerou Sergio Marchionne, presidente da Fiat, a maior empresa do pa�s.
O n�mero um do partido It�lia dos Valores (esquerda), Antonio Di Pietro, despertou uma viva pol�mica, atacando o chefe de governo Mario Monti que leva, segundo ele, "esses suic�dios na consci�ncia", enquanto "conta mentiras aos jornais sobre a crise que estaria sob controle".
Enfrentando problemas desde 2009, a It�lia, atingida em cheio pela crise da d�vida e por uma s�rie de planos de austeridade destinados a tranquilizar o mercado, mergulhou na recess�o no final do ano passado.
Ante o recrudescimento dos suic�dios, a organiza��o "Empresas que resistem" ("Imprese che resistono") acaba de colocar em pr�tica, em diversas regi�es, uma rede de ajuda psicol�gica batizada TerraFerma para permitir a empres�rios e assalariados falar de seus problemas.
Depois de as empresas terem sa�do de uma primeira recess�o, em 2009, "voltam a estar prestes a cair, agora, em grandes dificuldades", destacou Massimo Mazzucchelli, da prov�ncia de Varese (norte) promotor desse projeto.
Estranguladas pelas d�vidas, pelo peso dos impostos e o atraso do pagamento por parte dos clientes, elas encontram cada vez mais empecilhos para conseguir cr�dito dos bancos, explicou.
"H�, ent�o, uma necessidade concreta de apoio psicol�gico porque a situa��o se agrava", afirmou.
Levar os empres�rios a deitar no div� n�o � uma coisa f�cil, admite, uma vez que se sentem s�s e est�o acostumados a resolver sozinhos seus problemas".
Psicanalista do Veneto (nordeste) que participa da iniciativa, Kety Ceolin observa que os que consultam o servi�o n�o t�m esperan�as a m�dio prazo e seu "sentimento � de que n�o h� nenhum interlocutor a quem pedir uma ajuda concreta".
Mas "poder falar com algu�m permite desabafar, evitando o risco do isolamento que leva a gestos dram�ticos", considera ela.