Um protesto que se transformou em viol�ncia racista em Tel Aviv desencadeou nesta quinta-feira uma grande pol�mica sobre a presen�a em Israel de cerca de 60.000 imigrantes ilegais, a maioria sudaneses e eritreus, que entram no pa�s atrav�s do Sinai eg�pcio.
Na quarta-feira � noite, centenas de israelenses ocuparam as ruas do bairro pobre de Hatikva, localizado no sul de Tel Aviv, aos gritos de "sudaneses no Sud�o" e outras frases xen�fobas, criticando "as belas almas esquerdistas" que defendem os estrangeiros.
Alguns manifestantes atacaram e saquearam lojas de propriedade de africanos e atiraram pedras em v�rios carros de imigrantes, informou � AFP o porta-voz da pol�cia, Micky Rosenfeld.
A pol�cia prendeu 20 manifestantes e pediu nesta quinta-feira � justi�a para estender a deten��o de 16 deles, incluindo quatro menores de idade. A pol�cia tamb�m exigiu a prorroga��o da pris�o de sete outros jovens acusados de envolvimento em ataques contra imigrantes no in�cio desta semana.
Nenhum imigrante ficou ferido e os refor�os policiais permaneceram "na �rea para manter a calma", disse Rosenfeld.
O ministro do Interior, Elie Yishai, l�der do partido religioso Shass, n�o mediu palavras ao afirmar que devemos "colocar atr�s das grades" todos os imigrantes ilegais africanos. "Eles devem ser colocados em centros de deten��o e, em seguida, precisam ser enviados para casa, porque eles chegam para tirar o trabalho dos israelenses. Precisamos proteger o car�ter judaico do Estado de Israel", afirmou Yishai � r�dio militar. Se o governo n�o agir, advertiu Yishai, "em breve eles ser�o meio milh�o ou at� um milh�o".
Incita��o ao �dio racial
Segundo dados oficiais, 60.057 imigrantes ilegais entraram em Israel, vindos principalmente do Sud�o, Sud�o do Sul e da Eritreia.
Na tentativa de deter esta mar�, o governo acelerou a constru��o de um muro ao longo de 250 km de sua fronteira com o Egito, regi�o que corta o deserto do Sinai. As obras devem ser conclu�das at� o final do ano.
O ministro do Interior considera, no entanto, que esta medida n�o ser� suficiente. "Mesmo que tenha 12 metros de altura, haver� escadas de 13 metros".
Um deputado do Likud, o partido de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Miri Regev, que participou da manifesta��o de quarta-feira, comparou os imigrantes ilegais com "um c�ncer que se prolifera".
Danny Danon, outro membro do Likud, tem defendido a deporta��o imediata dos imigrantes ilegais.
Contudo, Ron Huldai, o prefeito de esquerda de Tel Aviv, declarou que "se o governo permite que imigrantes ilegais se estabele�am em Tel Aviv, � preciso capacit�-los a viver, permitindo-lhes trabalhar".
Na semana passada, o delegado Yohanan Danino tamb�m havia declarado que a melhor maneira de combater a criminalidade entre os imigrantes ilegais � capacit�-los para trabalhar.
Yariv Oppenheimer, o l�der da associa��o anti-discrimina��o A Paz Agora, pediu ao procurador-geral para abrir investiga��es contra deputados do Likud presentes no evento por "incita��o ao �dio racial".
Nesta quinta-feira os jornais falaram sobre o incidente em Tel Aviv: "Raiva, viol�ncia e xenofobia em Tel Aviv", foi a manchete do jornal Maariv. Um dos comentaristas da r�dio militar at� mesmo falou em "pogrom".
Ap�s uma onda de criminalidade envolvendo imigrantes, seguiu uma discuss�o acalorada sobre o n�mero de imigrantes africanos ilegais em Israel. "O fen�meno da infiltra��o ilegal a partir da �frica � extremamente grave e amea�a os pr�prios alicerces da sociedade israelense, a seguran�a nacional e a identidade nacional", disse Netanyahu no domingo.