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Estado de Minas

Em apenas 90 minutos, o Paraguai assistiu a Fernando Lugo sofrer impeachment

Em um processo-rel�mpago, Congresso vota o impeachment do presidente Fernando Lugo e d� posse ao vice, Federico Franco. Partid�rios entram em confronto com a pol�cia na capital


postado em 23/06/2012 07:14 / atualizado em 14/12/2012 13:29

(foto: REUTERS/Marcos Brindicci )
(foto: REUTERS/Marcos Brindicci )

Bras�lia – Em apenas 90 minutos, o Paraguai assistiu a Fernando Lugo sofrer impeachment e despedir-se da Presid�ncia para ser substitu�do pelo vice, Federico Franco, que recebeu a faixa presidencial e prestou juramento no Senado. Do lado de fora, ainda at�nitos com a vertiginosa transi��o de poder, simpatizantes do governante destitu�do protestavam contra o que classificam como um golpe de Estado. "Hoje, n�o � Fernando Lugo que recebe um golpe, � a hist�ria paraguaia, sua democracia, que foi ferida profundamente", disparou Lugo em breve discurso, antes de deixar o pal�cio. Embora tenha acusado a maioria oposicionista no Congresso de ter "transgredido todos os princ�pios da defesa, de maneira covarde e criminosa", o governante destitu�do reafirmou que se submetia � decis�o e convocou os que o apoiam a se manifestar-se pacificamente.

 Momentos antes, 39 senadores selaram o destino do presidente e votaram pela destitui��o, alegando "mau desempenho de suas fun��es" – acusa��o derivada da morte de 17 sem-terra em um confronto com as for�as de seguran�a, exatamente uma semana antes. Quatro parlamentares votaram com Lugo e dois faltaram � sess�o extraordin�ria. Eram necess�rios 30 votos para aprovar o impeachment, em processo iniciado na manh� de ontem e cujo desfecho foi anunciado por volta das 17h30 (18h30 em Bras�lia), sob uma salva de palmas. Uma hora e meia depois, Franco recebia a faixa presidencial. "A Rep�blica do Paraguai vive momentos dif�ceis. O destino quis que eu assumisse a Presid�ncia. O compromisso � grande", discursou. O empossado criticou discretamente o antecessor, ressaltando que o pa�s ter� de ser reconstru�do em todos os setores e prometeu buscar "a uni�o de todos os setores e partidos pol�ticos".

 

Lugo chegou a recorrer � Suprema Corte, alegando que o Parlamento n�o havia permitido o devido processo. "O presidente reclama mais tempo para defesa", dizia, de manh�, o porta-voz Miguel L�pez. Sem resposta, os advogados tiveram apenas duas horas para preparar-se.

 A Uni�o das Na��es Sul-Americanas (Unasul), que na v�spera havia enviado ao pa�s seus 12 chanceleres – entre eles o brasileiro, Antonio Patriota –, reafirmou ontem a solidariedade ao povo paraguaio e ao "presidente constitucional" Fernando Lugo, pouco antes de ele ser deposto. "Os governos da Unasul v�o avaliar em que medida ser� poss�vel prosseguir a coopera��o no �mbito da integra��o sul-americana", acrescenta o comunicado. Os representantes do bloco chegaram a reunir-se com representantes de v�rios partidos para pedir um julgamento justo. Equador, Venezuela, Bol�via e Nicar�gua j� anunciaram que n�o reconhecer�o o novo governo, e a presidente Dilma Rousseff invocou o protocolo democr�tico da Unasul, que prev� san��es em caso de viola��o da ordem constitucional.

 REA��O POPULAR

 O senador Roberto Acevedo do Partido Liberal Radical Aut�ntico (PLRA), comemorou o desfecho da crise em entrevista. Correligion�rio do novo chefe de Estado, ele votou pela destitui��o de Lugo. "O impeachment representa seguran�a para o povo e esperan�a", afirmou. Para o senador, Franco (leia perfil abaixo) � "muito competente" e levar� o partido para o mais alto cargo do pa�s ap�s 70 anos. Questionado sobre a declara��o do secret�rio-geral da Unasul, Al� Rodr�guez, de que Venezuela, Bol�via e Nicar�gua consideraram o julgamento pol�tico um golpe de Estado, Acevedo rebateu qualquer interfer�ncia externa: "Cumprimos a autodetermina��o dos povos. Agimos de maneira constitucional".

 Assim que foi anunciado o impeachment de Fernando Lugo, eclodiu um confronto entre policiais e cerca de 5 mil indignados partid�rios do presidente. A briga come�ou na Pra�a das Armas, em Assun��o, ap�s os manifestantes derrubarem barreiras na tentativa de invadir o Congresso. A tropa de choque respondeu com bombas de g�s lacrimog�neo, balas de borracha e jatos de �gua para dispersar o protesto. Em seu discurso, Lugo tinha pedido que "o sangue dos justos jamais seja derramado por interesses mesquinhos". A frase imediatamente fez lembrar o estopim do processo contra o presidente – o massacre de 15 de junho em Curuguaty, no qual 17 sem-terra morreram.

 Para Kevin Roa, 18 a�os, estudante de economia que mora em Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil, o processo de destitui��o foi "vergonhoso", embora o pr�prio jovem defendesse a sa�da do presidente. "Ele rompeu com sete artigos da Constitui��o, induziu os ‘camponeses’ a lutar com a pol�cia, foi respons�vel, mesmo que indiretamente, pela morte de muitas pessoas", acusou. Ainda assim, Kevin lamentou que, em vez de representar uma vit�ria para o pa�s, o impeachment poder� ser I come�o dos "verdadeiros problemas".

 A designer gr�fica e comerciante Maria Emilia Vidal, 31 anos, ficou impressionada com o caso. "N�o sei o que pensar. Mas estou com pena de Federico Franco, porque � muito dif�cil assumir o cargo neste momento. Ele j� entra com mil pedras nos sapatos", comentou a moradora de Assun��o. Para ela, no entanto, o mais absurdo foi os membros da Unasul "se meterem nos nossos processos constitucionais". "Eles seguem amea�ando a nossa soberania", criticou, dizendo-se "incr�dula" com a declara��o de Dilma Rousseff, horas antes, acenando com uma poss�vel san��o para o Paraguai no �mbito da Unasul e do Mercosul. (Colaborou Rodrigo Craveiro)


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