
Depois de minimizar a press�o internacional, o novo presidente do Paraguai, Federico Franco, pediu ontem apoio interno, durante seu primeiro encontro com o Congresso desde que assumiu o cargo. O presidente destitu�do, Fernando Lugo, por sua vez, come�ou a articular um "plano B" e sinalizou para uma poss�vel candidatura ao Senado pela Frente Guasu, a coaliz�o de 19 siglas pol�ticas que o apoiou na �ltima campanha eleitoral. Na regi�o, as articula��es de repreens�o ao impeachment rel�mpago de Lugo continuavam na v�spera da c�pula do Mercosul, realizada hoje e amanh� em Mendoza, na Argentina. Segundo fontes do governo brasileiro, a expectativa � de que a reuni�o condene a destitui��o do ex-mandat�rio, mas n�o inclua san��es econ�micas contra o Paraguai, suspenso do bloco (leia nesta p�gina). O pr�prio Lugo rejeitou medidas punitivas a seu pa�s.
Franco pediu ontem que, passada a convuls�o pol�tica, o Congresso destrave projetos dos setores agr�colas e de obras p�blicas, na tentativa de impulsionar a economia paraguaia. Os programas, muitos dos quais financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), s�o da ordem de centenas de milh�es de d�lares, segundo noticiaram os jornais locais. Ao falar com a imprensa, em Assun��o, um dos principais colaboradores do novo governo, o ministro da Fazenda, Manuel Ferreira Brusquetti, disse que o Legislativo — a quem prop�s uma "sociedade" — det�m responsabilidade sobre cerca de US$ 480 milh�es em projetos.
Por meio de um comunicado, o partido Pa�s Solid�rio, que tem funcionado como a sede da chamada Frente para a Defesa da Democracia no Paraguai, denunciou que setores "golpistas" est�o semeando a "desinforma��o". A frente responsabilizou Franco por qualquer resultado negativo ao pa�s nas rela��es internacionais. Ainda de acordo com o comunicado, a frente vai reiterar diretamente ao secret�rio-geral da Organiza��o dos Estados Americanos (OEA), Jos� Miguel Insulza, a ilegalidade do impeachment de Lugo. Insulza deve chegar ao pa�s nesta semana, para se reunir com autoridades do novo governo e com o pr�prio Lugo. A decis�o de envi�-lo foi tomada durante reuni�o de emerg�ncia da OEA, anteontem, em Washington.
Ao mesmo tempo, o presidente destitu�do tenta angariar apoio popular. Partid�rios do ex-presidente fizeram manifesta��es no interior do pa�s e em regi�es fronteiri�as, como Ciudad del Este, que faz divisa com Foz do Igua�u (PR), e Encarnaci�n, na Argentina. A passagem pela Ponte da Amizade foi temporariamente interrompida. No Brasil, tamb�m houve mobiliza��o de apoio, mas em Bras�lia.
Agindo em outra frente, integrantes de movimentos sociais, deputados e senadores entregaram ao ministro das Rela��es Exteriores, Antonio Patriota, uma mo��o manifestando "rep�dio" ao que classificaram de um "golpe de Estado" contra Lugo. O grupo demonstrou apoio ao posicionamento do governo brasileiro com rela��o � crise e solicitou que, como medida punitiva, Assun��o tamb�m seja suspensa da Unasul. A frente sugeriu que, em virtude da suspens�o paraguaia no Mercosul, a Venezuela "seja definitivamente incorporada" ao bloco, uma vez que tal participa��o j� foi aprovada nos parlamentos de Argentina, Brasil e Uruguai. A �nica oposi��o era por parte do Paraguai.
Segundo o porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, uma poss�vel integra��o da Venezuela ao bloco do Cone Sul depender� de uma solu��o sobre o Paraguai. "Individualmente, o Brasil apoia a entrada da Venezuela. Surgiu um fato novo, que � a projetada suspens�o do Paraguai. � preciso que ela ocorra primeiro para se tomar qualquer atitude em rela��o ao conjunto das iniciativas do Mercosul."
O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, por sua vez, disse ontem que n�o deseja que o pa�s seja alvo de san��es internacionais que possam prejudicar a popula��o paraguaia. “Somos conscientes de que as medidas de bloqueio e isolamento acabam sendo prejudiciais para todos os paraguaios", disse o ex-presidente em comunicado divulgado depois de uma reuni�o com l�deres da esquerda, Em Nova York, o secret�rio-geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) expressou preocupa��o sobre a deposi��o do presidente paraguaio Fernando Lugo e disse que apoia os esfor�os de media��o dos l�deres regionais. "O secret�rio-geral acompanha de perto e com preocupa��o os eventos recentes no Paraguai que culminaram na remo��o do cargo" de Lugo, disse o porta-voz da ONU, Martin Nesirky. "Ele percebe a preocupa��o expressada pelos l�deres regionais sobre o processo de impeachment e suas implica��es para a democracia do pa�s", acrescentou Nesirky, que declarou que Ban saudou a miss�o de esclarecimento dos fatos da Organiza��o dos Estados Americanos (OEA). "O secret�rio-geral pede a todos os envolvidos que trabalhem nos pr�ximos dias para assegurar uma solu��o pac�fica para as diferen�as", disse o porta-voz.