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Estado de Minas

Guerra contra coca�na na Col�mbia alimentou os cultivos no Peru e na Bol�via


postado em 05/07/2012 12:55

Quase 1.500 quil�metros quadrados de planta��o nos Andes mantiveram a superf�cie est�vel ao longo dos anos, alimentando um mercado da coca�na de mais de 100 bilh�es de d�lares, apesar dos esfor�os contra a produ��o da droga. Quase 20 anos de guerra violenta contra as drogas, al�m de bilh�es de d�lares investidos, deram algum resultado na Col�mbia, que espera este ano a ceder o primeiro lugar mundial como produtor de coca�na ao Peru. Mas a queda na produ��o da Col�mbia, tanto em �rea cultivada como em refino, rendimento da folha e rentabilidade do neg�cio, foi compensada com aumentos constantes no Peru e Bol�via, os outros dois principais produtores no mundo. Estes s�o o efeito bal�o do narcotr�fico, que se aplica tanto � produ��o como ao transporte: ao apertar de um lado, cresce do outro. E a �rea cultivada permanece est�vel ao longo dos anos, equivalente ao tamanho combinado dos territ�rios do Cingapura e Bahrein.

At� 2010, a Col�mbia rivalizava com o Peru tanto em �reas semeadas (62.000 hectares na Col�mbia e 61.200 no Peru) como em produ��o de cloridrato de coca�na (350 toneladas anuais na Col�mbia e 320 no Peru). Mas para 2011, os especialistas projetavam que o Peru passaria a ocupar o primeiro lugar nos dois quesitos. "Tudo o que diminuiu na Col�mbia, voltou no Peru e Bol�via. Os laborat�rios foram para o Equador e Venezuela, e o tr�fico para Am�rica Central e M�xico", afirmou � AFP o economista colombiano Daniel Mej�a, diretor do Centro de Estudos sobre Seguran�a e Drogas da Universidade dos Andes. O relat�rio 2012 da ONU sobre drogas n�o confirmou o Peru como primeiro colocado na produ��o, mas foi publicado sem os dados de planta��es e produ��o de coca�na correspondentes a 2011. O documento destaca a "muito importante redu��o da elabora��o de coca�na na Col�mbia" desde 2006, quando a produ��o anual alcan�ava 660 toneladas. De grandes propriet�rios de terras a pequenos camponeses O mapa contrasta com o de 20 anos atr�s, quando os cart�is do narcotr�fico colombiano eram mais poderosos e controlavam das planta��es at� as vendas, inclusive nas ruas de v�rias cidades americanas. Os cart�is colombianos come�aram com uma participa��o apenas no tr�fico de coca�na, que transportavam do Peru e em menor medida da Bol�via. Mas as planta��es e laborat�rios foram transferidos para a Col�mbia no in�cio dos anos 1990, depois que ent�o presidente peruano Alberto Fujimori decretou uma interdi��o a�rea que dificultou o tr�fico. A medida permaneceu em vigor at� 2001, quando um pequeno avi�o com mission�rios americanos foi derrubado por engano. A viol�ncia provocada pelos narcotraficantes colombianos fez com que eles passassem a ser considerados um desafio ao Estado. O combate aos grupos virou um tema de seguran�a nacional, desatando uma guerra que deixou milhares de mortos. "A diferen�a da Col�mbia com os outros produtores de coca � que neste pa�s existia um conflito armado interno desde meados dos anos 1960", destacou Mej�a. "Quando a guerrilha das Farc (For�as Armadas Revolucion�rias da Col�mbia) e os paramilitares se vincularam ao neg�cio de coca�na, j� eram ex�rcitos formados", completou. No ano 2000, o governo do ex-presidente Andr�s Pastrana assinou com os Estados Unidos o Plano Col�mbia, de combate �s drogas e �s guerrilhas. Pelo acordo, o pa�s andino recebeu at� agora quase oito bilh�es de d�lares, al�m de ajuda em treinamento e tecnologia. O Plano Col�mbia tamb�m implicou uma interdi��o a�rea, o que levou a droga colombiana a deixar o pa�s por via terrestre e mar�tima, inclusive com a fabrica��o semi-submarinos caseiros. Desde ent�o, os grupos de narcotraficantes colombianos sofreram fragmenta��es, perderam o controle das rotas de exporta��o e viram a queda de seus rendimentos. A fumiga��o dos cultivos de coca, praticada apenas na Col�mbia, diminuiu a idade m�dia das plantas e, portanto, sua produtividade. Al�m disso, para evitar sua detec��o, os lotes que antes eram de at� 100 hectares t�m hoje extens�es m�dias de 0,6 hectares. Isto obriga o aprovisionamento de produ��es de qualidades diferentes e requer processos adicionais de oxida��o para a elabora��o da pasta base, segundo estudos da ONU. Isso tamb�m fez com que um campon�s dedicado � folha de coca obtenha apenas entre 400 e 500 mil pesos mensais (entre 225 e 280 d�lares), menos que o sal�rio m�nimo. "Calcula-se que o neg�cio das drogas na Col�mbia produza cerca de 8 bilh�es de d�lares anuais, equivalentes a 2,3% do Produto Interno Bruto. Deste montante, 71% � destinado a remunerar o v�nculo do tr�fico, 8% ao cultivo, 5% � transforma��o em pasta base e 15% � transforma��o em cloridrato" de coca�na, o produto final, disse Mej�a. Para Aldo Lale Demoz, representante na Col�mbia do escrit�rio da ONU contra a droga e o crime (UNODC), apesar das conquistas no combate aos entorpecentes, o problema continuar� existindo. "� ilus�o pensar que ser� poss�vel acabar com o problema. O que se pretende � control�-lo, que a droga seja de dif�cil acesso e cara, que n�o chegue aos menores de 18 anos", disse Lale Demoz � AFP. Cultivo intensivo e pouca viol�ncia Enquanto na Col�mbia o neg�cio se deprime, na Bol�via s�o aplicadas t�cnicas que praticamente duplicaram o rendimento da folha de coca, com o uso de precursores qu�micos com os quais o alcaloide � extra�do de forma mais eficiente, segundo a UNODC. Diferentemente de Col�mbia e Peru, que cooperam estreitamente com os Estados Unidos, o grande mercado consumidor de drogas, a Bol�via expulsou em 2009 a ag�ncia americana antidrogas DEA. Sua produ��o est� destinada principalmente ao Brasil, onde o consumo de coca�na e anfetaminas quadruplicou na �ltima d�cada, e � Europa. Estima-se que das 115 toneladas de produ��o anual de coca�na na Bol�via, 60% passem para o Brasil, pa�s que neste ano come�ou a oferecer ajuda para o controle das planta��es. A Bol�via conta com cerca de 31 mil hectares de cultivos de folha de coca, dos quais 12 mil est�o destinados a usos tradicionais e s�o legais. Tamb�m no Peru, onde calcula-se que existam 4 milh�es de pessoas que mascam coca, parte das planta��es servem ao uso tradicional da folha. Mas ali o plantio se intensificou nos anos seguintes. Embora exista uma m�dia de 80 mil plantas por hectare nos cultivos para uso tradicional, elas chegam a 350 mil no vale do Rio Apurimac e Enec (VRAE, sul), uma das duas grandes bacias de produ��o deste pa�s, junto com o vale do Alto Huallaga (norte), segundo o economista peruano e ex-vice-ministro do Ambiente Hugo Cabieses. E embora nestes dois vales exista a presen�a de grupos armados remanescentes da guerrilha mao�sta Sendero Luminoso, que cuidam dos cultivos e se beneficiam do neg�cio da droga, n�o � gerada a viol�ncia que estigmatizou a Col�mbia. "No vale do Apurimac atua a fam�lia Quispe Palomino, que tem uma proposta pol�tica focada no territ�rio que controlam. Tentam n�o provocar mortes entre os l�deres da zona e isso lhes permitiu uma articula��o com os movimentos sociais do local", explicou Cabieses. No vale de Huallaga, por sua vez, embora exista viol�ncia, os crimes n�o alarmam o pa�s. "Trata-se de uma zona rural, muito pobre e isolada. A viol�ncia est� concentrada ali, mas n�o transcende em n�vel nacional e n�o incide de modo importante no �ndice de homic�dios do pa�s", afirmou � AFP Javier Ciurlizza, diretor do programa para a Am�rica Latina do grupo de an�lises de conflitos International Crisis Group.


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