Recorrendo a rifas, coletas na rua e � internet, o opositor Henrique Capriles Radonski procura financiamento aonde quer que seja para enfrentar o presidente Hugo Ch�vez, a quem acusa de usar recursos p�blicos para promover sua reelei��o, a 60 dias das presidenciais na Venezuela.
A oposi��o tamb�m recorre a doa��es atrav�s de seu site na internet.
"A resposta da campanha de Capriles tem sido o desenvolvimento da criatividade porque os recursos que t�m s�o escassos, uma campanha na Venezuela � extremamente cara e foi preciso economizar", disse � AFP Angel �lvarez, autor do livro "Dineros de la pol�tica".
H� meses o candidato opositor faz longas visitas �s regi�es pobres e rurais da Venezuela, e dosa suas pe�as de propaganda em r�dio e televis�o, meio tradicional das campanhas eleitorais e tamb�m o mais caro.
"A presen�a do candidato na rua" substitui "o esfor�o econ�mico" que n�o pode fazer, afirmou.
Cr�ticas ao "oportunismo"
A oposi��o venezuelana afirma que a campanha de Capriles, que seus organizadores calculam que custar� 40 milh�es de d�lares, enfrenta ainda o "oportunismo" do governo Ch�vez, no poder desde 1999.
Nesta ter�a-feira, Capriles denunciou novamente que os muitos outdoors de Ch�vez e seus repetidos an�ncios publicit�rios nos principais jornais deixam o "uso" de recursos p�blicos "evidente demais".
Mas o deputado governista Arist�bulo Ist�riz reiterou, durante coletiva realizada na segunda-feira, que em vez de oportunismo existe uma "vantagem" do presidente nas pesquisas, que supera seu concorrente em pelo menos 15 pontos percentuais.
Para Ist�riz, os recursos para promover a reelei��o do presidente, que segundo a imprensa beirariam os 200 milh�es de d�lares, prov�m de jornadas organizadas pelo governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), em que os correligion�rios doam um dia de seu sal�rio.
Em julho, Ch�vez, de 58 anos, e Capriles, de 40, assinaram um acordo no qual se comprometeram a reconhecer os resultados das presidenciais de 7 de outubro e promover "a paz" durante a campanha.
Mas a oposi��o denunciou que no acordo, promovido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), n�o foram inclu�dos os dois pontos que considerava chave: a proibi��o de Ch�vez instituir redes obrigat�rias de r�dio e TV para promover sua candidatura e sobre o uso de recursos p�blicos na campanha.
Para a analista de comunica��es Mariana Bacalao, h� uma "forma de fazer as coisas que faz com que tudo esteja a favor de Ch�vez", na qual tamb�m incorre o CNE porque "h� transgress�es que n�o s�o apontadas", assegura.
"A linha que separa o candidato do presidente se torna invis�vel e deve haver uma regulamenta��o que a torne vis�vel", declarou � AFP esta especialista, dando como exemplo a televis�o oficial VTV que "at� nos telejornais deixa Capriles mal e enaltece Ch�vez como o candidato da p�tria".
No entanto, o ministro da Comunica��o, Andr�s Izarra, justificou as redes nacionais como "ferramentas leg�timas para informar sobre a atividade do governo" e acusou a oposi��o de querer "censurar Ch�vez" com sua "hegemonia midi�tica", disse � AFP.
"A cobertura dos meios n�o tem sido justa (...) Os meios privados, a televis�o que tem 60% da audi�ncia, prestigiam exageradamente o candidato da oposi��o", afirmou a soci�loga Maryclen Stelling.
Atualmente, Televen e Venevisi�n, com uma programa��o essencialmente de entretenimento, abarcam a maior parte do espectro televisivo privado, completado pelo canal noticioso Globovisi�n, muito cr�tico em rela��o ao governo de Ch�vez, mas de cobertura limitada.
O CNE, que se recusou controlar as redes presidenciais, determinou que os dois candidatos n�o usassem vestimentas com s�mbolos p�trios, mas Capriles, que h� meses usa um bon� com a bandeira venezuelana, se negou a acatar e, agora, afirmou, o acess�rio "virou moda".
"Vamos ver quanto (dinheiro) levantamos com os bon�s", brincou esta ter�a-feira o candidato opositor, ex-governador de Miranda (norte).