O ru�do midi�tico em Israel sobre a possibilidade de um ataque iminente contra o programa nuclear iraniano faz parte, na realidade, de uma estrat�gia de press�o destinada a obter uma posi��o mais firme da administra��o Obama, segundo especialistas israelenses.
H� cerca de dez dias se instalou um clima febril em Israel, alimentado com base em declara��es di�rias na imprensa de autoridades pol�ticas e analistas, que se pronunciam a favor ou contra uma opera��o israelense contra o Ir�.
Esta inquieta��o reinante foi refor�ada com a distribui��o em massa de m�scaras de g�s entre a popula��o, com a verifica��o do bom funcionamento de um sistema de alerta por SMS e com as especula��es sobre o n�mero de v�timas israelenses, "500 mortos", segundo o ministro da Defesa, Ehud Barak, em caso de repres�lias iranianas. "H� uma histeria orquestrada, com um 'timing' planejado para colocar o pa�s em estado de ansiedade, artificial ou n�o", criticou o ex-chefe dos servi�os de intelig�ncia militar Uri Saguy neste fim de semana no jornal Haaretz.
Segundo Denis Charbit, professor de ci�ncia pol�tica na Universidade de Tel Aviv, a recente multiplica��o de declara��es p�blicas sobre o Ir� tem por objetivo preparar a opini�o p�blica para as consequ�ncias de um eventual ataque, e, sobretudo, for�ar a administra��o americana a adotar uma posi��o mais clara a respeito.
"O recurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e de seu ministro da Defesa a esta diplomacia p�blica tem por meta obter um compromisso mais claro dos Estados Unidos de que atacar� o Ir� se o pa�s prosseguir com seu programa nuclear, ou que ao menos autorizar� Israel a faz�-lo", declarou � AFP.
"Os dirigentes israelenses consideram muito vagas as declara��es da Casa Branca. Ao levantar em p�blico a possibilidade de uma opera��o militar israelense iminente, querem for�ar os norte-americanos a mostrar suas cartas", explica Charbit.
- Pedido de compromisso dos EUA - Em um editorial publicado neste fim de semana no Washington Post, outro ex-chefe dos servi�os de intelig�ncia militar, Amos Yadlin, pediu que os Estados Unidos adotem um compromisso mais forte contra o Ir�, pa�s que sustenta que seu programa nuclear � puramente civil e que n�o busca obter a bomba at�mica, como acreditam Washington e Israel.
"O presidente norte-americano deveria ir a Israel e dizer aos seus dirigentes (...) que interessa aos Estados Unidos impedir um Ir� nuclear e que 'se precisarmos recorrer a uma a��o militar, o faremos'", escreveu Yadlin, que mant�m um contato regular com Netanyahu e com os principais funcion�rios da defesa e da seguran�a israelenses. No entanto, segundo Eytan Gilboa, especialista nas rela��es entre Israel e Estados Unidos na Universidade de Bar-Ilan, perto de Tel Aviv, a estrat�gia israelense de press�o pode ser contraproducente.
"A primeira vez (na primavera) funcionou, quando as advert�ncias israelenses levaram a um refor�o das san��es internacionais contra o Ir�. Netanyahu e Barak pensaram que desta vez tamb�m funcionaria, mas, por enquanto, antes da elei��o presidencial nos Estados Unidos, � pouco prop�cio, e os vazamentos e declara��es na imprensa israelense t�m um impacto negativo, porque exp�em a profunda falta de confian�a e de coordena��o entre Israel e Estados Unidos", considera.
O especialista mostra-se, no entanto, otimista sobre um poss�vel encontro entre Netanyahu e Obama no fim de setembro � margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, como sugere a imprensa israelense. Segundo ele, esta reuni�o pode servir para "restabelecer a confian�a entre os dois l�deres, a menos que ocorra um acontecimento extraordin�rio at� l�".