A Igreja Ortodoxa Russa pediu clem�ncia para tr�s integrantes da banda de rock Pussy Riot, desde que elas mostrem arrependimento por terem feito uma "ora��o punk" para o pa�s se livrar do presidente Vladimir Putin. O pedido foi feito hoje, um dia antes de um tribunal de recursos se reunir para reexaminar a condena��o das cantoras.
N�o havia neste domingo informa��es sobre se as tr�s integrantes da banda, que haviam sido condenadas a dois anos de pris�o no m�s passado, v�o "mostrar arrependimento", nem indica��es sobre se o tribunal reduzir� as penas. Putin sempre relutou em dar a impress�o de que se curva a press�es da opini�o p�blica e tem adotado uma linha cada vez mais dura contra dissidentes desde que assumiu seu terceiro mandato como presidente russo, em maio deste ano.
Em seu comunicado, a Igreja Ortodoxa reafirmou sua pr�pria condena��o �s integrantes da Pussy Riot, dizendo que as a��es da banda "n�o podem deixar de ser punidas". O texto ressalva que se as cantoras mostrarem "penit�ncia e reconsidera��o de suas a��es", isso "n�o deve passar despercebido".
No come�o de setembro, o primeiro-ministro Dmitry Medvedev disse que manter as tr�s integrantes da banda na pris�o seria "contraproducente", o que encorajou, entre os ativistas que defendem a democracia e os direitos humanos, a esperan�a de que o tribunal de recursos colocaria as tr�s cantoras em liberdade. Observadores mais c�ticos, por�m, lembram que o pr�prio Putin disse, antes do julgamento, que as integrantes da banda n�o deveriam ser julgadas com muita severidade; isso gerou expectativas, que acabaram n�o sendo confirmadas, de que elas n�o seriam condenadas � pris�o por "vandalismo provocado por �dio religioso".
Nadezhda Tolokonnikova, de 22 anos, Maria Alekhina, 24, e Yekaterina Samutsevich, 30, foram presas em mar�o depois de um show na Catedral do Cristo Salvador, em Moscou, no qual pediram � Virem Maria que livrasse a R�ssia de Vladimir Putin, que seria eleito duas semanas depois para um terceiro mandato como presidente do pa�s. Durante o julgamento, em agosto, elas disseram que estavam protestando contra o apoio da Igreja Ortodoxa a Putin e que n�o queriam ofender os religiosos.
O julgamento atraiu a aten��o internacional e tanto o governo Putin como a Igreja Ortodoxa querem deixar o assunto para tr�s, para n�o sofrerem mais danos � sua imagem. A pris�o das integrantes da banda passou a simbolizar a intoler�ncia do governo Putin com dissidentes e provocou cr�ticas � R�ssia, mobilizando celebridades e m�sicos como Paul McCartney e Madonna em apoio � Pussy Riot.
Nos �ltimos meses, ativistas de oposi��o t�m sido presos, revistados e interrogados e o Parlamento russo aprovou uma s�rie de leis draconianas, entre elas uma multiplica��o de 150 vezes na multa prevista por participa��o em manifesta��es de protesto n�o autorizadas previamente; outra lei obriga organiza��es n�o governamentais que recebam recursos do exterior a registrar-se como "agentes estrangeiros".
Na semana passada, o Parlamento, dominado por partidos favor�veis a Putin, discutiu um projeto de lei que tornaria "ofender sentimentos religiosos" um crime pun�vel com at� cinco anos de pris�o.
A��es como essa tornaram os amigos, familiares e advogados das integrantes da Pussy Riot mais pessimistas quanto � possibilidade de o tribunal de recursos reduzir as senten�as. A advogada Violetta Volkova disse na sexta-feira, depois de visitar a pris�o onde as tr�s cantoras est�o sendo mantidas, que tem pouca esperan�a de uma decis�o justa, num pa�s em que os tribunais se curvam ao governo;
"Sempre h� pelo menos um m�nimo de esperan�a pelo bom senso, e de que o tribunal atue de acordo com a lei. Mas, tendo em vista a situa��o pol�tica na R�ssia, n�o podemos contar com uma decis�o puramente legal", afirmou a advogada.
Stanislav Samutsevich, pai de uma das cantoras presas, disse que tamb�m tem poucas esperan�as. Para ele, o governo dever� usar o julgamento do pedido de recurso para "de alguma maneira justificar a senten�a severa que foi imposta".
Olga Vinogradova, bibliotec�ria e amiga de inf�ncia de uma das integrantes da banda, Maria Alekhina, disse que enviou livros de filosofia para a amiga encarcerada e que tem recebido mensagens dela uma ou duas vezes por semana. Alekhina tem um filho de cinco anos de idade. "Uma coisa que ela escreveu em uma carta � que n�o poderia pagar um pre�o mais alto do que uma separa��o prolongada de sua crian�a. � o pre�o mais alto pela liberdade de dizer o que quer", disse Vinogradova. "Ela est� assustada com o que est� acontecendo agora, com essas novas leis. Acho que ela esperava mais do movimento de protestos", acrescentou.