O n�mero de norte-americanos mortos na guerra do Afeganist�o alcan�ou 2 mil, num conflito iniciado h� 11 anos que agora atrai pouca aten��o da opini�o p�blica, � medida que os EUA se preparam para retirar a maior parte de suas tropas do pa�s at� o fim de 2014.
O n�mero de mortos cresceu de maneira est�vel nos �ltimos meses, com uma inda de ataques de policiais e soldados afeg�os, supostamente aliados, contra militares norte-americanos e das for�as da Otan (Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte, a alian�a militar liderada pelos EUA). Esses ataques levantaram d�vidas sobre se as tropas de ocupa��o estrangeira conseguir�o cumprir o objetivo de ajudar o governo afeg�o a ser capaz de se manter por si mesmo depois da retirada, daqui a pouco mais de dois anos.
Neste domingo, um oficial dos EUA confirmou a morte mais recente ao revelar que era norte-americano um soldado das for�as de ocupa��o morto no s�bado no leste do pa�s, aparentemente por um militar afeg�o. Dois soldados afeg�os e um civil a servi�o das for�as da Otan tamb�m foram mortos nesse ataque, de acordo com um comunicado da coaliz�o e informes de funcion�rios provinciais afeg�os. A nacionalidade do civil n�o foi revelada.
Al�m dos 2 mil norte-americanos mortos desde que a guerra no Afeganist�o come�ou, em 7 de outubro de 2011, pelo menos outros 1.190 militares de outros pa�ses que participam das for�as de ocupa��o tamb�m morreram, segundo dados da icasualties.org, um grupo independente que acompanha o conflito.
O centro de pesquisas conservador norte-americano Brookings Institution diz que cerca de 40% das mortes de norte-americanos no Afeganist�o foram provocadas por "artefatos explosivos improvisados (IEDs). A maioria das mortes aconteceu depois de 2009, quando o presidente Barack Obama aumentou em 33 mil o n�mero de soldados norte-americanos no Afeganist�o. Naquela ocasi�o, o n�mero de soldados dos EUA naquele pa�s elevou-se a 101 mil, o maior de todo o conflito at� agora. A segunda maior causa de mortes de norte-americanos, tiros disparados por for�as hostis, respondeu por 31% delas.
Acompanhar as mortas de civis afeg�os � mais complicado; de acordo com a ONU, 13.431 deles foram mortos entre 2007, quando as ag�ncias das Na��es Unidas come�aram a registrar essas estat�sticas, e o fim de agosto deste ano. A maioria das estimativas sobre o n�mero de civis mortos desde o come�o da invas�o norte-americana est� na casa de pouco mais de 20 mil.
A invas�o aconteceu pouco depois dos ataques da rede terrorista Al Qaeda contra Washington e Nova York, em 11 de setembro de 2001, que deixaram quase 3 mil mortos. O objetivo era derrubar do poder o governo afeg�o liderado pelo grupo radical isl�mico Taleban, que dava abrigo � Al Qaeda e a seu l�der, o saudita Osama bin Laden.
Cabul caiu em poucas semanas e o regime do Taleban foi derrubado com poucas baixas entre as for�as dos EUA, mas o governo do ent�o presidente George W. Bush em seguida voltou suas aten��es para o Iraque de Saddam Hussein, o que deixou as for�as de ocupa��o no Afeganist�o com recursos reduzidos. Com isso, o Taleban e seus aliados se reagruparam e passaram a representar uma amea�a mais s�ria a partir de 2006.
Com a posse de Obama, em 2009, o volume de tropas dos EUA no Afeganist�o foi aumentado e o n�mero de mortes cresceu, mas a opini�o p�blica norte-americana mostrou cansa�o crescente com o conflito, especialmente depois da retirada da maior parte das tropas dos EUA do Iraque, no fim de 2011. A guerra no Iraque, iniciada em abril de 2003 a pretexto de supostas liga��es entre o regime de Saddam Hussein com a Al Qaeda (inexistentes) e da suposta posse de armas de destrui��o em massa (tamb�m inexistentes), deixou cerca de 4.500 militares norte-americanos mortos; as estimativas sobre iraquianos mortos est�o na casa do meio milh�o.
"No Afeganist�o, a contagem � modesta, pelos padr�es hist�ricos das guerras, mas cada baixa � uma trag�dia, e 11 anos s�o tempo demais. Mas tudo isso foi absorvido por um p�blico norte-americano que tem acompanhado essa campanha h� bastante tempo. O que tem sido mais noticiado agora s�o os ataques 'de dentro', e o sento de desesperan�a que eles t�m provocado", comentou o pesquisador Michael O'Hanlon, da Brookings Institution.
No Afeganist�o, os ataques "de dentro", por parte de soldados ou policiais afeg�os, ou por insurgentes disfar�ados, causaram 52 mortes entre as for�as de ocupa��o da Otan desde o come�o de 2012. Esses ataques s�o considerados uma das amea�as mais s�rias � estrat�gia de retirada dos EUA. Essa estrat�gia tem se apoiado no treinamento de for�as afeg�s para que elas assumam o combate ao Taleban e a responsabilidade pela seguran�a do pa�s depois da sa�da das for�as de ocupa��o.
Embora Obama tenha prometido que a maioria das for�as de combate dos EUA deixar� o Afeganist�o at� o fim de 2014, as mortes de militares da Otan no pa�s continuam a acontecer ao ritmo de uma por dia. Mesmo com a retirada de 33 mil soldados norte-americanos, as for�as de ocupa��o ainda ter�o cerca de 108 mil militares no Afeganist�o ao fim deste ano, 68 mil deles dos EUA.
"Esse � um desafio para o governo: lembrar as pessoas, em face de tantas m�s not�cias do motivo pelo qual essa campanha requer mais perseveran�a", disse O'Hanlon.