Hugo Ch�vez venceu com comodidade as elei��es presidenciais de domingo e vai governar a Venezuela por mais seis anos, mas a oposi��o saiu fortalecida e com um l�der, Henrique Capriles, que, pela primeira vez, reuniu quase a metade do pa�s, que se op�e ao projeto socialista do atual presidente.
Ch�vez, desde 1999 no poder, venceu Capriles por mais de dez pontos, 55% a 44,3%, uma diferen�a de 1,5 milh�o de votos, segundo os �ltimos dados do Conselho Nacional Eleitoral, ap�s apura��o de 95,5% dos votos. O jornal opositor Tal Cual afirmou em sua edi��o desta segunda-feira que o presidente "n�o pode esquecer que tem diante de si e contra ele a metade do pa�s". "A Venezuela infelizmente est� dividida em duas metades. Um pa�s assim n�o pode prosperar". Prova desta divis�o, a Venezuela amanheceu nesta segunda com dois �nimos totalmente opostos, entre a metade que apoiou Ch�vez e a outra que, pela primeira vez, acreditou na possibilidade de derrotar o poderoso presidente, mas n�o atingiu seu objetivo. Nas primeiras horas da manh�, a televis�o oficial VTV difundia sem parar imagens da vit�ria de Ch�vez ao som de uma m�sica festiva e triunfal, enquanto que no leste de Caracas, reduto da oposi��o, as ruas estavam praticamente desertas e os poucos partid�rios de Capriles, visivelmente decepcionados. "Como pode ser? Quanta ignor�ncia. As pessoas est�o muito deprimidas", queixou-se Jes�s Fajardo, um aposentado do bairro de Chacao. "Temos que manter o �nimo", afirmou, por sua vez, uma mulher com l�grimas nos olhos. A vit�ria do presidente, cuja imagem ficou enfraquecida nos �ltimos meses por causa de um c�ncer do qual ele assegura estar curado, reafirma que Ch�vez continua contando com um grande apoio popular, especialmente entre os mais pobres. "A participa��o de 80% da popula��o foi maci�a. Votaram em massa os setores D e E, os mais pobres, que apoiam o presidente", explicou o analista pol�tico Farith Fraija. Mas a oposi��o, que nas �ltimas presidenciais, em 2006, perdeu por 25 pontos percentuais para o presidente, deu um salto inquestion�vel seis anos depois, gra�as ao jovem ex-governador Henrique Capriles, de 40 anos, 18 anos a menos que Ch�vez. Ch�vez, � frente de um pa�s com as maiores reservas de petr�leo do mundo, estendeu no domingo, depois da divulga��o do resultado, sua m�o � oposi��o e fez um apelo � unidade nacional, apesar da polariza��o que marcou seu discurso na �ltima d�cada. Capriles, eleito em prim�rias in�ditas como candidato da oposi��o, num processo que consolidou a unidade de seu campo, prometeu no domingo, ap�s a derrota, que n�o deixar� sozinhos os mais de seis milh�es de venezuelanos que votaram nele. "H� uma oposi��o mais consolidada, com uma lideran�a e com muitas op��es para o futuro", analisou o presidente da empresa Datan�lisis, Luis Vicente Le�n. "N�o estou minimizando, Ch�vez ganhou sem d�vida, � um monstro da pol�tica, mas esta n�o � a mesma elei��o de 2006. Agora h� um l�der na oposi��o que pode capitalizar a unidade de seus cr�ticos", enfatizou Le�n. No entanto, os dois campos defendem dois projetos diametralmente distintos: o presidente aposta em tornar irrevers�vel sua revolu��o socialista, frente ao programa progressista de Capriles, inspirado no da esquerda brasileira. Ch�vez, que personifica o poder e mant�m uma conex�o quase pessoal com as classes populares, pretende, al�m disso, potencializar o Estado centralizado, algo que, segundo seus cr�ticos, vai eliminar os potenciais caracter�sticos de cada regi�o. Tamb�m manter� suas pol�ticas que estagnaram o setor privado, com maci�as desapropria��es e r�gidas regula��es, especialmente um r�gido controle do c�mbio e dos pre�os. Suas "miss�es" sociais financiadas com a renda do petr�leo e que tanto o ajudaram eleitoralmente desde seu lan�amento em 2003, continuar�o sendo o eixo central de sua pol�tica. A reelei��o de Ch�vez foi acolhida com satisfa��o pelos l�deres da Am�rica Latina, mas os Estados Unidos pediram que, no futuro, sejam levados em conta os mais de seis milh�es de pessoas que votaram na oposi��o. "Acreditamos que as posi��es de mais de seis milh�es de pessoas devem ser levadas em conta no futuro", afirmou � AFP o porta-voz para a Am�rica Latina do Departamento de Estado, William Ostick.