Os escoteiros dos Estados Unidos conheciam e acobertavam milhares de casos de abuso sexual cometidos por seus guias em gera��es de pequenos exploradores, disseram advogados das v�timas nesta quinta-feira durante a divulga��o online dos "arquivos da pervers�o" da organiza��o.
Ao revelar detalhes das 14.500 p�ginas de documentos sobre mais de 1.200 ped�filos, os advogados disseram que a Boy Scouts of America (BSA) ainda n�o fizeram o suficiente para se livrar dos agressores sexuais que usam a organiza��o de jovens exploradores para abusar de crian�as.
Os arquivos haviam sido usados como evid�ncia em um caso judicial em 2010, mas a BSA haviam conseguido mant�-los fora do alcance da opini�o p�blica at� esta quinta-feira, quando os advogados os publicaram em www.kellyclarkattorney.com ap�s uma ordem da Corte Suprema do Oregon (noroeste).
Os documentos, que incluem notas manuscritas e trocas de mensagens entre executivos da BSA, apresentam supostos detalhes de abusos sexuais cometidos entre 1965 e 1985 por mais de 1.200 l�deres e por outros adultos que faziam parte dos 'Boy Scouts'.
Em resposta � divulga��o dos arquivos, o chefe da organiza��o pediu desculpas �s v�timas e admitiu que as a��es da BSA contra a pedofilia tinham sido "insuficientes, inapropriadas ou equivocadas".
"O que estes arquivos representam � (...) a dor e a ang�stia de milhares" de escoteiros, disse o advogado Paul Mones em uma entrevista coletiva � imprensa.
Em m�dia, cada ped�filo abusou de 5 a 25 escoteiros, o que faz com que o n�mero de v�timas seja muito maior do que o de agressores.
"Sabemos que s�o milhares, mas a maioria destas v�timas nunca ser� revelada", acrescentou Mones.
O l�der da Boy Scouts of America, Wayne Perry, reiterou seu apoio �s v�timas ao divulgar os arquivos.
"Em algumas ocasi�es, as pessoas abusaram de sua posi��o (...) para maltratar as crian�as e, em alguns casos, nossa resposta a esses incidentes e nossos esfor�os para proteger os jovens foram insuficientes, inapropriados ou equivocados", indicou em um comunicado.
"Estendemos as nossas mais profundas e honestas desculpas �s v�timas e suas fam�lias", acrescentou.
Mas o advogado ressaltou que a organiza��o ainda n�o fez o suficiente. "Sabemos que os Boy Scouts realizaram alguns progressos, mas ainda t�m muito o que fazer", disse Mones.
"O que queremos � que as organiza��es entendam como atuam os ped�filos (e) como conseguem se infiltrar em organiza��es de jovens", ressaltou.
Os documentos, ao qual a organiza��o se refere como "Arquivo de volunt�rios inelig�veis dos Boy Scouts", s�o classificados como "arquivos da pervers�o" pelos advogados e pela imprensa.
Embora nesta quinta-feira tenham sido publicados os documentos que registram duas d�cadas de abusos, os advogados disseram que a BSA come�ou a montar este arquivo nos anos 1920.
A se��o publicada foi usada como evid�ncia em um caso levado � corte em 2010, segundo o qual um guia escoteiro de uma tropa m�rmon abusou sexualmente do jovem Kerry Lewis na d�cada de 1980.
Como foi revelado no julgamento, o homem havia confessado anteriormente � pol�cia o abuso de outras 17 crian�as do grupo, mas n�o foram feitas acusa��es contra ele e a BSA permitiu que voltasse a atuar como guia poucos meses depois. Foi ent�o que ele abusou de Lewis.
Integrantes da organiza��o dos escoteiros disseram ao Los Angeles Times no m�s passado que, em muitos casos, a organiza��o acobertou as den�ncias para poupar as jovens v�timas do constrangimento.
Em julho, os escoteiros americanos reafirmaram a sua rejei��o em aceitar membros abertamente gays entre seus l�deres.